A Associação Brasileira das Indústrias do Trigo (Abitrigo) recebeu nessa semana a visita de representantes de produtores norte-americanos, para troca de informações sobre as perspectivas comerciais no mercado brasileiro de trigo. Esta é a primeira reunião da entidade com membros do setor dos EUA desde que o presidente Jair Bolsonaro anunciou uma quota de importação de 750 mil toneladas de trigo sem a aplicação da TEC.
Estiveram presentes, o presidente da associação norte-americana de produtores de trigo, a US Wheat (USW), Vincent Peterson, o diretor-executivo da Kansas Wheat Comission, Justin Gilpin, o representante da USW na América Latina, Osvaldo Secco, e o trader Matt Murphy, gerente sênior da The Andersons.
O grupo demonstrou interesse em entender como funcionará a nova quota de importação. “Gostaríamos de voltar para casa com um senso de onde estarão as oportunidades no curto prazo”, disse Peterson.
O presidente executivo da Abitrigo, embaixador Rubens Barbosa, explicou que, embora o governo esteja focado no avanço da Reforma da Previdência, a expectativa é que o assunto, que se encontra o Ministério da Economia, seja regulamentado ainda este ano.
“As importações dependerão do preço e da qualidade do trigo ofertado. Para o setor moageiro, a isenção possibilita maior competição entre os produtores, favorecendo a tomada de decisão pela indústria nacional”, explicou Barbosa, reforçando que a nova quota estará aberta a todos os países, não apenas aos EUA.
O presidente da Abitrigo destacou os esforços da entidade em favor de uma Política Nacional do Trigo (PNT) que modernize a cadeia do grão no Brasil, o que deve contribuir para o crescimento da produção brasileira e com o intercâmbio tecnológico e comercial entre os países.
Segundo o diretor-executivo da Kansas Wheat Commission, já há colaboração entre Brasil e EUA no desenvolvimento genético de sementes. “Há muito trabalho sendo desenvolvido entre os dois países, como variedades em que os ambos podem beneficiar-se conjuntamente”, ressaltou Gilpin.
Ainda assim, o Brasil continuará a comprar trigo do exterior. “Acredito que nos próximos anos teremos oportunidades tanto para investimento no Brasil quanto em cooperação técnica”, disse Barbosa. Para Murphy, da The Andersons, haverá espaço para todos os competidores, à medida que “o mercado tende a crescer com o aumento das populações”.
Barbosa avaliou ainda que a possibilidade de o Brasil avançar com a reforma tributária, prevista para ser encampada após a aprovação da previdenciária, favorecerá ainda mais as relações comerciais com grandes produtores do grão, uma vez que a tônica da proposta defendida pelo governo é de redução de entraves burocráticos.
Intercâmbio
No segundo semestre, a relação entre Brasil e Estados Unidos na área moageira será intensificada em, pelo menos, duas oportunidades. Agendado entre os dias 22 e 24 de setembro, o 26º Congresso Internacional da Indústria do Trigo deverá contar com a presença dos representantes de produtores norte-americanos.
Ainda sem data confirmada, haverá o programa COCHRAN FELLOWSHIP PROGRAM 2019, com previsão para setembro, levará seis executivos de moinhos brasileiros aos campos de trigo. Esta iniciativa conta com a parceria da Secretaria de Agricultura dos EUA, e Embaixada do EUA.