Sistemas de produção sustentáveis e políticas públicas sólidas e de longo prazo são indispensáveis para garantir um aumento da produtividade do leite, reduzir seu impacto ambiental e permitir aos países da América Latina e do Caribe (ALC) atender à crescente demanda global por alimentos.
A afirmação foi feita pelo Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, no IV Fórum Nacional do Leite, organizado pela Federação Mexicana do Leite (FEMELECHE, na sigla em espanhol) e inaugurado na Cidade do México com a presença do Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do país, Víctor Villalobos.
Otero participou do painel “Políticas Públicas e modelos de produção em outros países”, onde destacou o potencial do setor leiteiro na ALC, indicando que a sua realização depende de políticas públicas que fomentem a competitividade, sustentabilidade, o aproveitamento dos avanços tecnológicos e o uso eficiente dos recursos naturais.
O fórum reuniu especialistas que analisaram políticas públicas e modelos de produção implementados no continente americano e na União Europeia. Também discutiram sua situação no México, o comércio do setor e a plena integração dos pequenos produtores aos mercados.
Otero lembrou que até 2050 a demanda mundial por produtos agroalimentares aumentará significativamente devido ao crescimento populacional e à urbanização, o que exigirá um aumento na produção agrícola e pecuária, gerará maior pressão sobre os recursos naturais disponíveis e aumentará a emissão de gases de efeito estufa.
“O grande desafio para as Américas será promover a sustentabilidade dos sistemas pecuários, que têm uma grande capacidade de sequestro de carbono nas pastagens, onde alternativas como os sistemas de produção agrossilvopastoris e o manejo de sistemas de alimentação com diferentes fontes de forragem permitiriam modular as emissões”, declarou.
Nesse sentido, recomendou fortalecer as políticas públicas centradas em temas de sanidade, inocuidade e rastreabilidade. “São necessárias políticas públicas de longo prazo que impulsionem uma pecuária inteligente, mais competitiva e sustentável para o setor leiteiro, mais resiliente e com melhorias nutricionais”, afirmou.
Otero também destacou os casos da Costa Rica – que desenvolve uma estratégia de desenvolvimento da pecuária de baixo carbono (EDGBC) – e do Chile, onde se trabalha na primeira certificação de competências laborais do setor leiteiro, o que coloca grande ênfase no bem-estar animal e no aprofundamento dos padrões de segurança e inocuidade dos alimentos.
A FEMELECHE reúne mais de 40 mil membros, entre eles grandes produtores de classe mundial e pequenos produtores com uma economia familiar autônoma.
Participaram do IV Fórum Nacional de Leite mais de mil produtores de leite, representantes da indústria alimentícia mexicana, além da academia, sociedade civil e de funcionários do governo.