Uma recente pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), aponta que o número de mulheres no agronegócio aumentou 8,3% de 2004 a 2015. Hoje, elas são melhor preparadas e já ocupam os principais cargos de gestão. Antenada a esta realidade, a Massey Ferguson promoveu na quarta-feira, 13 de março, às 11h, o 2º Encontro Mulheres no Agronegócio na Expodireto Cotrijal 2019, feira de agronegócios em Não-Me-Toque (RS). Mediado por Kellen Severo, âncora e editora-chefe do telejornal Mercado & Cia., do Canal Rural, o evento possibilitou a troca de experiências sobre o importante papel das mulheres no mundo rural.
Um exemplo é a agrônoma Eloise Roos, que assumiu a propriedade da família, a Agrícola Três Fronteiras, logo que saiu da faculdade, sendo responsável pela modernização dos equipamentos e da infraestrutura da fazenda. Atualmente com 22 anos de idade, uma de suas primeiras medidas foi investir em maquinários agrícolas e na gestão de pessoal, valorizando os funcionários. “É fundamental ter os funcionários lado a lado, pois são meus parceiros na lida diária da lavoura. A parte técnica não é a única mais importante. Com isso, fui crescendo como profissional e pessoa humana”, salientou. Sempre digo para meu marido, que cuida da parte técnica do negócio, enquanto eu me encargo da administrativa: “Aqui não estamos medindo forças, estamos trabalhando em conjunto”.
Para Silvana Olga Binsfeld, filha de pequenos produtores e que, atualmente, auxilia o marido a administrar o Sítio do Pica-Pau Amarelo, uma propriedade centenária no interior do Rio Grande do Sul, a sucessão no comando de uma propriedade rural é ainda complexa, por isso a divisão de tarefas é uma medida necessária na gestão cotidiana. “Não é porque uma propriedade rural é pequena, que ela não tem de se modernizar. Nossa propriedade é pequena, mas está atualizada em inovações tecnológicas”, pontuou. Segundo ela, nas pequenas propriedades, ainda é uma triste realidade os pais, já velhos, tocarem os negócios, diante do êxodo de jovens para áreas urbanas. “Precisamos ensinar o amor pela terra aos nossos filhos. E o uso de tecnologia é, hoje, um modo de eles se fixarem e trabalharem no campo”, salientou.
Outra participante do debate foi a assistente técnica regional na área social da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar), Dulcinéia Haas Wommer, que atua no estímulo ao desenvolvimento socioeconômico em cerca de 24 mil famílias rurais da região de Frederico Westphalen (RS), em questões como mulher e juventude rural, promoção da cidadania e segurança. “Fomentamos a igualdade de gêneros, a partir da soma de atributos e diferenças entre mulheres e homens”, ressaltou. “Minha experiência serve também para dar voz às mulheres no campo, ocupar seus espaços, pois é na experiência positiva alheia que nós assumimos posições de liderança e nos aprimoramos na gestão do agronegócio”, completou.
Com formação em pedagogia e ex-professora de escola pública, Ana Luísa Bertagnolli enfrentou desafios quando resolveu ingressar no negócio da família – atualmente, ela é responsável pela área administrativo-financeiro do Grupo SA, que trabalha com agricultura, criação de gado e assistência técnica em 12 mil hectares em Alegrete e Santiago, ambos municípios gaúchos. “Me especializei não somente para administrar a folha de pagamento de 70 funcionários, mas também para especializá-los. Esse é meu desafio e também minha conquista na gestão que faço”, afirmou. “Sou muito realizada profissionalmente e ainda posso influenciar minhas duas filhas a se capacitarem para assumir, no futuro, os negócios. Com esforço e determinação, podemos ir muito longe”, finaliza.