A Embrapa atuará na gestão de dados de um programa pioneiro no município de Louveira, SP, que remunera os agricultores para manterem a produção de frutas em suas terras, adotando boas práticas de sustentabilidade. Um convênio foi firmado entre a Embrapa Territorial, Campinas, SP, e a prefeitura para um trabalho de três anos, no âmbito do Programa Municipal de Incentivo ao Fruticultor (Promif).
Integrante do Circuito das Frutas paulista, Louveira nasceu a partir da formação de vinhedos por seus fundadores e tem a uva estampada em seu brasão e na logomarca da prefeitura. Apesar disso, viu a área de frutas, em especial a de uva, cair quase pela metade entre 2002 e 2013. Com a criação do Promif, em 2014, “houve uma mudança na curva, que passou a ser ascendente”, conta o secretário municipal de desenvolvimento econômico, Jailson Marinho. A área ocupada por pomares cresceu de 370 para 420 hectares, segundo o gestor.
Atualmente, participam do programa 162 propriedades rurais. Cada uma delas recebe R$ 5 mil por hectare cultivado com fruteiras, anualmente. Para tanto, o agricultor precisa aderir ao programa e cumprir as boas práticas de produção sustentável. Entre elas, o secretário cita a proteção de nascentes, a adequação do saneamento básico, o uso de cobertura vegetal e sistemas de drenagem, a participação em cursos e palestras. “O produtor ingressa no programa com metas iniciais simples e, a cada ano, as metas vão sendo mais exigentes”, resume.
O benefício chega a cobrir 400 hectares de cultivo. “A fruticultura estava desaparecendo em Louveira e o programa reverteu o quadro, a atividade voltou a ser atrativa para os produtores”, diz o analista Bruno Scarazatti, que está à frente das ações da Embrapa Territorial no projeto.
Na primeira fase do trabalho, que já começou, os questionários hoje aplicados aos fruticultores quando ingressam no programa estão sendo revistos e adequados ao formato eletrônico. A ideia é que as informações sejam automaticamente carregadas para um sistema online e agilizem a formatação dos planos de metas dos agricultores. Os dados ficarão hospedados em um site, com parte das informações restrita aos gestores do Promif e outras, de caráter mais geral, disponíveis para a sociedade.
A Unidade também empregará geotecnologias no projeto. A utilização de imagens de drones e satélites está prevista para a elaboração de mapas de uso e ocupação do solo de Louveira. Esforços serão direcionados para o mapeamento das áreas verdes do município, com ênfase no papel dos produtores participantes do Promif na manutenção delas. A expectativa é também contribuir para a elaboração de programas locais de recuperação ambiental. “Acreditamos muito na expertise dos profissionais da Embrapa para nos ajudar”, afirmou o secretário Marinho.
Dar visibilidade ao Promif é outro objetivo da parceria. O pesquisador Ivan Alvarez (GMTE) explica que a iniciativa de incentivo à sustentabilidade no campo de Louveira é ímpar no País porque o foco está na produção. “É algo inédito e pode ser aproveitado para a agricultura periurbana no Brasil todo, como forma de minimizar esse problema da pressão urbana sobre as áreas agrícolas”, opina.
“Com o apoio para esse programa melhorar o sistema de coleta de dados, avaliar o que está dando certo, podemos abrir uma discussão sobre o apoio à atividade agrícola na região”, espera Bruno. No Circuito das Frutas, a Embrapa Territorial concluiu, no ano passado, o projeto de geotecnologias para incremento da competitividade e sustentabilidade da agricultura (GPAF). O projeto estudou alternativas para reduzir custos e valorizar a produção de frutas e identificou obstáculos para adesão dos agricultores para adesão a políticas públicas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).