Uma nova tecnologia de trigo voltada exclusivamente para o pastejo tem proporcionado ganhos interessantes entre produtores que utilizam o sistema de integração lavoura pecuária (ILP). Trata-se da cultivar Lenox, do portfólio da Biotrigo Genética. Segundo o zootecnista da Biotrigo Genética, Éderson Luis Henz, a alimentação dos animais representa o maior custo da produção leiteira e também a maior preocupação dos produtores. “Em torno de 70% de todo o valor gasto é destinado à alimentação. O custo é alto porque o setor da pecuária é dependente principalmente da disponibilidade de alimentos para os animais em produção e no inverno as opções reduzem prejudicando a produção e encarecendo o valor dos alimentos conservados”, explica.
No verão, a preocupação é menor porque é o período em que se produz maior volume de alimento conservado, especialmente a silagem de milho. “Por isso a pastagem de trigo é uma boa opção para o pecuarista. Proporciona maior aproveitamento na área de inverno e, por suas características nutricionais, potencializa a engorda de gado e aumenta a produção de leite”, complementa. Outras características da cultivar são a alta palatabilidade, excelente sanidade foliar, elevada produção de biomassa e a alta capacidade de rebrota.
Foi por estes motivos que o produtor de leite de Joaçaba (RS), Hamilton Abatti, resolveu inovar no inverno de 2018 e passou a complementar a alimentação das vacas com uma pastagem de trigo. Ele semeou dois hectares do trigo em julho e até dezembro chegou a 8 pastejos. “No global, o trigo satisfez tudo o que eu precisava na propriedade. Ele é rentável e as vacas comem super bem. E ainda conseguimos aumentar em mais 2 litros/dia a produção de leite. Isso é fantástico, especialmente no inverno quando normalmente a produção não é tão boa. Nesta safra vamos dobrar a área”, relatou Hamilton.
Mais leite no inverno
Cleber Slaviero, de São Miguel do Oeste (SC), aumentou mais ainda a produção de leite. Segundo ele, foram 5 litros a mais de leite no inverno. “Nos surpreendeu pela quantidade de produção e qualidade no pastejo dos animais. Notamos que as vacas comiam muito bem, era palatável e aumentou a quantidade de massa por área”, contou. A cultura foi implantada na metade de maio, o primeiro corte foi em junho e até novembro chegou a 8 cortes.
A integração lavoura pecuária, através do cultivo do trigo exclusivamente para o pastejo, também aumentou a renda do produtor Darci Munzlinger, de Palmitos (SC). “Esse trigo tem um rebrote bastante rápido, não acama, tem um perfilhamento bom e está com uma qualidade acima das outras pastagens que a gente já trabalhou. As vacas têm pastejado bem, tem dado preferência ao trigo e tem deixado a aveia para trás. O resultado no resfriador já foi de um aumento de 3,5 litros/dia,”, relata Darci. Na propriedade a semeadura foi realizada em abril totalizando 6 cortes até final de outubro.
No Rio Grande do Sul, a cultivar também foi testada e aprovada. Jonatham Clamer, de Sertão (RS), semeou 2,5 hectares no inverno passado e depois de cinco pastejos, fez as contas comparando a produção quando os animais eram soltos em outros tipos de pastagem e chegou a conclusão de que o pasto de trigo é mais rentável. “Eu observei que na tirada de outros pastos, vindo pro Lenox ele tem uma produtividade de 2 a 2,5 litros de leite a mais por dia porque o trigo produz maior quantidade de matéria seca por hectare e com um teor de proteína mais alto. Quando tiramos os animais do trigo Lenox e botamos em outro tipo de pastagem, a produção diminuiu”, comenta.
Alto teor de proteína
Também de Estação (RS), Janderson Antoniolli disse que o custo da cultivar e o manejo é semelhante a outros tipos de pastagens, porém o retorno e o custo benefício é mais interessante. “Produz muita matéria em pouco tempo com teores de proteína passando de 30%. Sem dúvida, isso torna a propriedade eficiente, produzindo o máximo possível numa área pequena e num volume muito bom. Agrega em produtividade e em vida útil porque conseguimos um maior número de cortes em relação a outros materiais”, conta. Esse e outros depoimentos dos produtores estão disponíveis no YouTube.
O engenheiro agrônomo da Biotrigo, Jorge Stachoviack, explica que a capacidade de rebrota da cultivar de trigo Lenox proporciona novos pastejos entre 20 a 25 dias. “O Lenox possui um forte perfilhamento e enraizamento muito agressivo e com bom manejo pós-pastejo é capaz de superar 6 cortes com alta carga animal em sistemas de pastejo rotacionado ou contínuo. De uma forma bem manejada, essa cultivar pode expressar um grande potencial e suprir em quantidade e qualidade a produção de pasto no inverno”. Com o seu crescimento semi prostrado, o trigo também tem potencial de chegar a uma taxa de acúmulo diário de até 100 kg de matéria seca por hectare. “É uma cultivar de ciclo super tardio e a época de semeadura indicada é a partir de março e durante todo o inverno. A recomendação é fazer uma adubação de base e sempre a cada entrada para pastejo o produtor faça uma adubação nitrogenada após a saída dos animais. “Este manejo acelera o rebrote e mantém a vida útil da pastagem”, finaliza.