Pecuária

Fechado na lucratividade

DSM divulga os resultados de mais um Tour de Confinamento mostrando quer, com contas bem controladas e boa genética a prática segue rentável, mesmo em anos desafiadores como foi 2018.

Em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade São Paulo (Cepea/Esalq-USP), a DSM Tortuga realizou no ano de 2018 a quarta edição do Tour Confinamento DSM, onde os técnicos da companhia avaliaram o desempenho zootécnico de bovinos que consumiram os suplementos nutricionais com as tecnologias Crina e RumiStar, presentes na linha Fosbovi Confinamento. Além disso, especialistas do Cepea avaliaram os resultados destas inovações a partir da melhora da rentabilidade, considerando todas as variáveis, desde o custo da terra, do boi magro e da nutrição até a alta da receita pela produção de bovinos mais pesados e com melhor acabamento.

Em 2018 foram 11 encontros técnicos com produtores de oito Estados do País – São Paulo, Pará, Goiás, Tocantins, Rondônia, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul -, sendo nove para falar sobre confinamento e dois sobre semiconfinamento, com fornecimento de ração na dose de 2% do peso vivo do animal. Segundo o gerente de categoria confinamento da DSM, Marcos Baruselli, em ambos os casos foram fornecidas dietas ricas em milho, com alto teor de concentrado e baixo volumoso. Dessa forma, juntamente a inclusão das tecnologias à dieta, os especialistas do Cepea registraram uma média positiva de retorno financeiro para os produtores, de 2,5% ao mês. “Em média, o Tour produziu sete arrobas em 90 dias, com ganho de peso de 1,7 quilos por animal/dia. E tivemos algumas fazendas com média de 2 kg por animal/dia, quando se trabalhou com animais mais pesados e de raças de cruzamento industrial com aptidão para corte”, declara. O técnico comenta que estes mais robustos tiveram produtividade de até nove arrobas durantes os três meses de confinamento.

Isso tudo acaba sendo resultado positivo para toda a cadeia, e Baruselli diz que outros benefícios que se estendem vão desde a saúde dos animais até a melhora da qualidade da carne que chega às mesas dos consumidores. “É um alimento que possui maior concentração de minerais e vitaminas, como a vitamina E, por exemplo, que preserva a carne e aumenta o seu tempo de prateleira no varejo”.

Nascido em 2015, o Tour veio da junção de ideias e parceria entre a Tortuga e o Cepea, que sempre discutiam o que poderiam fazer em relação a dados econômicos financeiros, para ajudar os produtores a terem melhores rendas. O programa começou com apenas quatro propriedades e vem evoluindo desde então. Segundo Juliano Sabella, gerente de marketing ruminantes Brasil da DSM, algumas propriedades estão participando desde aquela época, e outras participam eu um ano e no outro não. “Ao longo deste período já avaliamos 35 fazendas, apresentando dados consistentes, alertando que o pecuarista tem que tomar cuidado em anos mais desafiadores e assim comprar bem insumos e animais, e principalmente não descuidar da produtividade, porque aí sim ele terá um bom retorno da atividade”. Para ele, os últimos quatro anos mostraram rendimento bem acima de qualquer outro tipo de aplicação financeira, o que dá maior importância aos dados gerados e comprova que o con-finamento é uma atividade rentável dentro da pecuária.

Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador da área de corte do Cepea, diz que o sucesso do projeto passa pela procura em ser o mais transparente possível com o homem do campo, mostrando que o mercado é volátil, seja em insumo, boi gordo, entre outros. “Queremos mostrar para o confinador a necessidade de efetivamente conhecer os dados para se ter um cálculo justo da propriedade. Trata-se então de uma conversa olho no olho e nú-meros na mesa”, declara.

Uma vez que a confiança e a transparência estão estabelecidas, os resultados começam a aparecer e fluir de maneira natural. “Nesta edição, por exemplo, notamos que o custo de alimentação subiu em relação a 2017. Já o custo do animal de reposição oscilou, mas foi um pouco abaixo do que foi registrado anteriormente”, comenta.

Segundo o pesquisador, registrou-se propriedades com os custos um pouco acima, em torno de R$ 128 a arroba até fazendas com R$ 150, e isso fez com que algumas trabalhassem margem menor que outros. “Em somente um caso, uma trabalhou com margem negativa, por ter comprado mal o gado de reposição”. É por isso que a parceria orienta sobre a necessidade de calcular o custo e ter planejamento, com tudo anotado. “Em linhas gerais foi um ano de maior custo de alimentação e um ano estável no preço da reposição. Em termos de rentabilidade, notamos preço maior, principalmente para quem vendeu seus animais entre agosto e setembro, e quem travou o preço no início do confinamento para venda em novembro ou outubro”, diz Carvalho. Numa média geral, a rentabilidade ficou 2% abaixo da de 2017, porém 2% superior em relação a 2016. “Foi um ano interessante para o pecuarista em termos financeiros”.

Para Baruselli, isso tudo os leva a outro patamar no trabalho desenvolvido, buscando criar mais etapas e cada vez mais produtores se interessam pela tecnologia. “E também pelo sistema de produção confinado, pois a pecuária está passando por um momento de transformação forte, se intensificando cada vez mais”. Nesse sentido, Sabella comenta que a empresa está de portas abertas para novas fazendas que queiram participar do Tour. “Basta que o produtor faça um gerenciamento da propriedade que permita que nós tenhamos acesso aos dados zootécnicos e financeiros, principalmente custos de compra de animais e insumos”. Além disso, o fazendeiro também deve estar disposto a abrir a propriedade ao evento, uma vez que os dados zootécnicos são apresenta-dos dentro da fazenda, para que os outros pecuaristas da região tenham acesso e consigam ver o que está acontecendo.

Para que o Tour aconteça, é necessário um bom investimento por parte da companhia, e Sabella diz que os custos são aplicados em cada etapa, que tem seu dia de campo. “A isso soma-se montar uma estrutura nas fazendas para ter as apresentações, as logísticas dentro do confinamento e todo investimento em palestrantes”, comenta. Nas apresentações sempre alguém do Cepea faz uma análise não somente de um determinado confinamento, mas uma visão macro sobre o Brasil e onde está inserido o confinamento produtivo. “Este investimento é importante para nós, porque está em nosso DNA fazer extensão rural e estar ao lado do produtor. Neste ano fizemos mais de 1.100 eventos a campo, na busca de um maior e melhor rendimento na vida do pecuarista”, diz o gerente. Para Carvalho, o investimento realizado se paga cada vez que voltam de uma região com a certeza de que o produtor ficou mais preocupado em administrar as informações da propriedade, buscando saber onde pode chegar dentro da atividade. “Por ser uma atividade de alto risco, me alegra e recompensa ver esta preocupação por parte do pecuarista”. Para ter números mais exatos sobre o confinamento brasileiro, a DSM mais uma vez realizou o levantamento do Serviço de Informação de Mercado (SIM), em con-junto com mais de três mil pecuaristas, que comprovaram o real crescimento da intensificação da pecuária brasileira. Nesta edição da pesquisa, registrou-se a quan-tidade de 4,98 milhões de bovinos confinados, um número 3% superior aos 4,85 milhões registrados em 2017 e 33% maior que os 3,75 milhões de 2016. Segundo Sabella, o crescimento apontado é motivo de satisfação, uma vez que 2018 foi um ano desafiador. “O mercado começou otimista, só que as previsões não foram se concretizando, e mesmo assim atingimos os quase cinco milhões de animais confinados”, declara. O gerente de marketing conta que a estimativa é que em 2025 o número dobre e atinja os de dez milhões. “O pecuarista enxergou o confinamento como ferramenta para aumentar a produtividade e para ganhar dinheiro”.

O executivo diz que este trabalho realizado a mais de cinco anos pela companhia se dá graças a estrutura técnica e comercial a campo que a empresa tem, com 800 pessoas a campo. Ele comenta que a equipe está lado a lado com o produtor e consegue enxergar não só os grandes confinamentos, mas também os confinamentos estratégicos, onde o pecuarista irá tomar a decisão de confinar ou não, baseando-se no preço futuro da arroba, além do regime de chuvas e o preço do milho. “Conseguimos promover isso através de números robustos e seguros, que vem através do tamanho da estrutura que temos aqui na DSM Tortuga”. Os números de 2018 mostram que se chegou mais cedo a marca dos cinco milhões de bovinos confinados, que era projetada pela companhia apenas para 2020. “O censo comprova que o produtor brasileiro está cada vez mais atento para a produtividade do rebanho e, assim, torna-se mais comum a opção pelo confinamento para terminar os bovinos em função de uma série de ganhos que este sistema traz para a atividade”, declara Marcos Baruselli. Além disso, somado aos produtores que optam pelo semiconfinamento, que é caracterizado pelo fornecimento de ração no pasto, estima-se que o rebanho brasileiro tenha dez milhões de bovinos tratados com uma dieta mais eficiente, o que ajuda a tornar a pecuária cada vez mais produtiva, competitiva e, consequentemente, mais rentável.

Já projetando a atual temporada, Thiago Carvalho, do Cepea, diz que há alguns cenários importantes, como por exemplo, o mercado doméstico se recuperando, e mercado externo ficando mais firme, que ajudam na valorização da carne e consequentemente do boi. “Também tem o cenário de grãos, que sinaliza uma boa safra, o que gera pressão menor sobre os custos, somados a um custo menor de alimentação, a custos bons do animal na venda, nos ajuda a traçar um cenário melhor neste ano para o confinamento”, diz. Porém, o pesquisador comenta que o produtor deve ficar de olho na reposição do gado, para ver como estarão os custos do bezerro e do boi magro. “Para tudo isso o primeiro semestre geralmente serve como fator de decisão. Aí lá por março, abril e maio, é que teremos uma perspectiva de quanto será confinado e também uma real possibilidade de rentabilidade positiva ou não”, comenta.

Baruselli diz que o que mais o surpreendeu no ano passado foi a vontade do produtor em produzir mais com menos, com desejo de aumentar a produtividade, a produção de arroba, produzir mais por área e animal. “É isso que espero para 2019, com o produtor buscando cada vez mais as tecnologias, que farão com que ele dissemine o seu trabalho pelas fazendas brasileiras”.

Texto: Bruno Zanholo
Fotos: Leandro Maciel e Divulgação

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