Cultivar o progresso da agricultura brasileira foi o mote de congresso realizado em parceria por dois nomes importantes do nosso agro
Discutir a fundo os rumos do agronegócio brasileiro a partir deste ano que se inicia, além dos fatores políticos e econômicos que podem impactá-lo e as principais tecnologias que devem transformar a produtividade nos campos. Foi com estes objetivos que aconteceu o Agro Cenário 2019, evento realizado no fim do último mês de dezembro, em Brasília, e que se firmou como o primeiro da parceria entre a Corteva Agriscience, divisão agrícola da DowDuPont e a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), que prevê discussões frequentes no setor. Dessa maneira, ambas buscam estreitar o laço entre indústria e produtores rurais visando o desenvolvimento de soluções alinhadas com a necessidade do campo e pautando conversas importantes. Para Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Aprosoja Brasil, o evento reforçou a parceria ao debater os rumos do agronegócio para este ano, onde temos um novo governo e um congresso nacional reformulado, necessitando adotar e aprovar medidas para fortalecer o setor produtivo rural e aumentar sua competitividade. “Estamos em um momento politicamente importante e o agro deve funcionar sem desequilíbrios”, declara.
A nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina, declarou durante o congresso que está satisfeita em ver que o País entrará numa concertação entre povo e governantes. “A sociedade imbuída da vontade de mudança pode gerar resultados fantásticos”. Além disso, a política comentou que seu maior desafio será fazer com que a agricultura familiar seja parte da pujança que é o agronegócio nacional. “É preciso criar um ambiente de negócios para que as coisas de fato aconteçam”. Roberto Hun, presidente da Corteva diz que o Agro Cenário simboliza bastante o propósito da companhia, que é melhorar a vida do produtor e por consequência do consumidor, produzindo mais alimentos. “Poder juntar a indústria, o governo e os produtores falando das necessidades para melhorar o agronegócio brasileiro é uma oportunidade única, ainda mais que nós estamos nascendo como uma nova empresa, ao mesmo tempo que nasce um novo governo no País”.
Quanto às tecnologias aplicadas no campo, Bartolomeu Pereira diz que todas as novidades são essenciais para a produtividade e qualidade dos alimentos. “Cada vez mais a utilização delas tem sido importante para o aumento da produtividade na plantação e, consequentemente, para a rentabilidade dos produtores agrícolas e redução do preço dos alimentos para a população”. Krysta Harden, vice-presidente global de relações institucionais da Corteva, declara que é parte importante para a companhia está questão de ajudar a alimentar o mundo, conforme a população cresce. “Queremos estar pre-sentes na agricultura, e para isso temos parceiros fortes por todo mundo, inclusive no Brasil, onde buscamos melhorar cada vez mais nossa relação com eles”, diz. Segundo ela, esta foi uma primeira ação de muitas que a empresa deseja realizar, afim de contar a história dos produtores e o que eles têm enfrentado no dia a dia rural. “Sabemos que eles precisam de tecnologia e novos mercados. Assim, queremos ajudá-los a comunicar estas necessidades com o governo, e também com o público em geral do País, para que todos entendam o que está acontecendo na agricultura, com suas demandas e desafios”.
Quanto mais parcerias melhor
Se a busca é por melhores resultados que beneficiem toda a cadeia agro, de ponta a ponta, e a abertura à parceiros já está feita, a norte-americana declara que há grandes oportunidades do agronegócio brasileiro e o americano trabalharem juntos. “Nosso comprometimento com o Brasil é forte, e nossas companhias estão aqui a bastante tempo. Com isso, criamos este empenho de estarmos cá crescendo com nosso negócio”.
Atualmente a Corteva Agriscience tem cerca de dois mil funcionários em solo brasileiro e o objetivo é que com o tempo este número se multiplique. “Como uma nova empresa que vai nascer neste ano, definimos nossas prioridades e onde agir, e com certeza o Brasil está neste meio, com nossos parceiros e presença forte no campo”, declara Krysta. Hun diz que além da Aprosoja, uma outra junção de ideias e forças também já está valendo e trará novidades para o setor. Trata-se da parceria entre a Corteva e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa. “Ela é um parceiro-chave no Brasil, já que tem o histórico de transformação de toda agricultura”, declara o executivo.
Somado a todo o conhecimento da entidade, está a tecnologia desenvolvida pela Corteva, seja no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo. Em cima disso, foi assinada a parceria para ser ter a tecnologia de CRISPR-Cas, edição genômica para explorar oportunidades e demandas do mercado brasileiro. “Esta união vem em prol de soluções que podem vir a atender áreas como soja em ambiente com estresse hídrico, nematoide de soja, mancha no grão de feijão antes de ser comercializado, e também na parte de agricultura digital”, diz o presidente. Hun comenta que a ideia é de fato aproveitar toda sabedoria da Embrapa para junto dos algoritmos e imagens de satélite da Corteva, realizar uma melhora no rendimento do produtor. As plantas estão sob constante estresse, seja pelas mudanças climáticas, as secas ou então as doenças. Assim, isto se torna um desafio para o produtor rural, juntamente com o rápido crescimento populacional e a necessidade de alimentar saudavelmente a todos, além de não deixar faltar o alimento na mesa do consumidor final. Dentro deste universo, o CRISPR-Cas é um meio mais eficiente de desenvolver soluções sustentáveis para as condições em evolução e é uma das ferramentas que pode ajudar a acompanhar essa crescente demanda.
Sandra Milach, líder de pesquisa da Corteva Agriscience, explica que baseado em um sistema natural, a tecnologia pode ser aplicada para melhorar precisamente uma semente sem incorporar DNA de outra espécie. Trata-se de uma continuação do que as pessoas vêm fazendo desde que as plantas foram domesticadas pela primeira vez, selecionando as características desejadas, tais como maiores rendimentos, resistência a doenças e vida útil mais longa ou melhor nutrição. Para Hun, na balança o Agro Cenário já serviu como um instrumento de educação para esta nova era de tecnologias e parcerias que firmaram. “Agora temos que realizar o trabalho contínuo de estar no campo, com demonstrações. Ou seja, é uma tarefa ao longo do tempo que vai ocorrer com esta nossa realidade”, diz.
Texto e Fotos: Bruno Zanholo