Ausência do herbicida 2,4-D traria um aumento de custos de mais de 400% para a agricultura brasileira.
O herbicida 2,4-D apresenta uma relação de custo benefício que se destaca dentre os demais herbicidas. Uma projeção de aumento de custo em caso de ausência desta ferramenta nas principais culturas em que o herbicida é registrado e utilizado no Brasil – soja, cana-de-açúcar, milho, trigo, arroz e café – traria um aumento médio no custo de mais de 400% para a agricultura do país, quando se diz respeito a utilização do herbicida 2,4-D no manejo de plantas daninhas.
Segundo estudo realizado pelo professor doutor da Universidade Estadual do Norte do Paraná, Robinson Osipe, na operação de manejo das plantas daninhas da cultura da soja no Brasil, um dos principais itens da produção agrícola do país, o aumento médio no custo seria de 418%, considerando as diferentes opções que poderiam ser utilizadas como substitutos. “Na cultura do milho este aumento seria de 496%, enquanto que na cultura da cana-de-açúcar a projeção seria de 623% superior. A operação de manejo das plantas daninhas visando o plantio direto da cultura de trigo e o controle em pós-emergência na cultura do arroz, teriam um acréscimo de custo da ordem de 550% e 557%, respectivamente”, reforça Osipe.
Para o controle de diversas espécies de plantas daninhas, o 2,4-D tem sido um dos principais herbicidas alternativos, sendo, portanto, de grande importância para o manejo de resistência nas culturas brasileiras. Além da eficiência de controle, a utilização do 2,4-D tem demostrado bom resultado econômico. Por isso, uma das preocupações dos produtores brasileiros seria a retirada do produto do mercado, o que provocaria um aumento significativo do custo para a produção. A engenheira agrônoma e agricultora Claudia Andrea Aquino Silveira, da Fazenda Urutau, localizada em Antônio João (MS), utiliza o produto há 20 anos nas culturas de soja, arroz e milho. “O uso do 2,4-D no controle da buva, por exemplo, é 50% mais barato quando comparado com outros herbicidas existentes no mercado. Além disso, é eficiente no controle de quase todas as plantas daninhas de folha larga, com um baixo custo por hectare. Para nós, isso representa muito em termos de produtividade e sustentabilidade do negócio. Trata-se de um herbicida seguro, tanto para o aplicador quanto para a cultura, desde que se faça o uso correto dos EPIs e tecnologia de aplicação adequada para evitar a deriva para as culturas vizinhas”, comenta a agrônoma.
Atualmente, o principal problema do manejo de plantas da-ninhas nos sistemas de produção de grãos é sua resistência a herbicidas. Na prática, o surgimento da resistência é um processo de seleção de biótipos resistentes, presentes nas áreas de produção, ocasionado pelas aplicações continuadas aplicações de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação.
“Na cultura de soja, por exemplo, a opção econômica mais próxima seria o chlorimuron, mas com algumas restrições sobre instantes costumeiramente presentes no mercado. Mesmo as-sim, esse herbicida aumentaria 58,51% o custo do controle em relação ao 2,4-D.”, comenta Osipe. ‘Se a substituição fosse com aplicação sequencial dos herbicidas glifosato e paraquat, o gasto seria o maior de todos, com R$ 72,75/ha, aumentando o custo em média de 800%. Já na cultura do milho, o preço médio da aplicação do 2,4-D no manejo em plantio direto é de R$ 8,19/ha. A média dos herbicidas alternativos está muito acima disso, em R$ 48,86/ha, o que representa um adicional de quase 500%”, reforça.
Histórico e Educação no Campo
As primeiras pesquisas sobre compostos do 2,4-D começaram a ser realizadas entre os anos de 1914 e 1918 e posteriormente, de 1939 a 1945, vários outros estudos relativos ao produto foram documentados. Em 1941, a síntese do 2,4-D foi descrita e logo após, em 1945, o herbicida foi lançado nos Estados Unidos. O produto era apresentado como o primeiro composto que, em doses baixas, poderia controlar as plantas de folhas largas em culturas de folhas estreitas.
“Há um grande esforço de iniciativas privadas, em parceria com o meio acadêmico para educar o produtor sobre a importância da utilização correta dos herbicidas”, comenta Jair Maggioni, coordenador da Inciativa 2,4-D. “Ações como esta têm produzido resultados positivos, reforçando a mensagem da importância dos cuidados na realização de um manejo sustentável que contribua para o aumento na produtividade e rentabilidade da lavoura, além de preservar a saúde e o meio ambiente”, complementa. Por quase 80 anos, o 2,4-D tem sido um dos herbicidas mais utilizados do mundo e hoje é registrado em quase 100 países, com mais de 40 mil estudos desenvolvidos, passando por diversas revisões em relevantes entidades, como a Agência Regulamentadora do Cana-dá (PMRA), Agência Americana de Proteção Ambiental (EPA), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre outras. Nesses estudos, governos do mundo inteiro julgaram que o 2,4-D é seguro para a saúde humana quando utilizado adequadamente, de acordo com rótulo e bula. No Brasil, os primeiros estudos com o 2,4-D datam de 1946 e o herbicida possui registro desde a década de 1970. Atualmente, pode ser utilizado para culturas de trigo, milho, soja, arroz, arroz irrigado, cana-de-açúcar e pastagens e é uma importante ferramenta para aumentar a produtividade das lavouras e reduzir custos para o consumidor, sendo um dos herbicidas com maior custo-benefício do mercado.