Não há como negar: a nova Hilux é “bruta”, no bom sentido. Atende ao trabalho pesado na fazenda com eficiência e traz tudo o que a tecnologia de ponta oferece hoje no mercado de picapes. Dentro dela, porém, luxo e conforto garantem prazer aos ocupantes.
Um velho ditado diz que “em time que está ganhando não se mexe”. Nem todo mundo, porém, acredita nesse princípio. Imagine pegar um veículo que recentemente assumiu a liderança do mercado em sua categoria e refazê-lo completamente, dos pés a cabeça. Para alguns, isso pode parecer “desperdício de tempo”. Para outros, pode ser até “um risco desnecessário”. A Toyota não pensa assim. A montadora japonesa acaba de apresentar ao mercado a nova Hilux 2016, uma picape completamente renovada. “Não há um único parafuso repetido no novo produto”, afirma Evandro Maggio, diretor comercial da Toyota do Brasil, lembrando porém que, mes-mo assim, ela está “mais Hilux do que nunca”.
O objetivo da empresa, de acordo com Maggio, era renovar o projeto num estágio onde a picape ainda gozava de bastante prestígio, tanto que o modelo ultrapassou há poucos meses a sua maior rival (Chevrolet S10) em vendas absolutas. “E isso aconteceu já no final do ciclo de vida da geração anterior, que manteve bons níveis de venda até o final”, conclui. A aposta da Toyota no sucesso do nova Hilux se baseia nos princípios que fizeram dela a picape mais deseja-da do país: conjunto eficiente e confiável para todos os tipos de uso e um nível de acabamento e conforto, somados a diversos recursos eletrônicos embarcados na nova versão. Com isso, ela “não deve mais nada a nenhuma de suas concorrentes”, garante o executivo.
Aliás, esse é a carta na manga da montadora. Ao dar um nível de acabamento superior ao modelo, ela acabou com os desagradáveis ruídos da versão anterior, transformando a Hilux praticamente num SUV de luxo, onde, mesmo em terrenos acidentados e extremamente agressivos, a sensação interna de condutor e passageiros era muito agradável. A Revista Rural pôde por à prova tudo o que a nova Hilux oferece durante o lançamento do produto, que aconteceu em Mendoza, na Argentina, no início do mês.
Realmente, ela está mais confortável e ergonômica. Mesmo num trecho mais bruto, as batidas e solavancos ficaram do lado de fora. As alterações na suspensão tiveram um papel fundamental nisso. Para conseguir este feito, elevou-se o tamanho das molas longitudinais (de 1,300 mm para 1,400 mm) e alterou-se sua posição, diminuindo as vibrações transmitidas por estradas irregulares. O diâmetro dos cilindros dos amortecedores também foi melhorado, para evitar pequenas vibrações. A espessura da barra estabilizadora foi aumentada, e as molas longitudinais da suspensão traseira foram realocadas 50 mm em direção às extremidades laterais, melhorando a estabilidade em curvas, principalmente quando a picape estiver carregada.
Isso tudo, somado aos novos brinquedinhos eletrônicos que ela tem transformaram seu uso off-road num verdadeiro “passeio no parque”. A evolução no sistema de suspensão não privilegiou somente o conforto ao dirigir e a estabilidade, mas também aprimorou a experiência off-road do veículo. Além de ter modificado as dimensões e a localização de algumas peças, como as barras longitudinais e os amortecedores, a Toyota elevou a articulação das rodas traseiras para 520 mm cada.
Nas versões SRV e SRX, a nova Hilux está equipada com o assistente de partida em rampas (HAC), dispositivo que melhora a experiência off-road e facilita as manobras em subidas, acionando os freios automaticamente em uma posição de parada. A SRV e a SRX também trazem o controle de tração ativo (A-TRC). O equipamento previne saídas laterais, aplicando pressão automática nos freios de qualquer uma das quatro rodas que podem estar perdendo aderência, transmitindo, assim, mais torque à roda oposta, o que garante a correta operação na tração do veículo. Outro dispositivo de série, presente em todas as versões, é o bloqueador do diferencial traseiro. Quando ativado, o sistema permite que as duas rodas traseiras girem na mesma velocidade, aproveitando-se de todo o torque disponível, facilitando as manobras para que a picape saia de alguma situação adversa.
E a versão SRX conta agora com o assistente de controle de descida (DAC). Em uma descida muito íngreme, quando o freio motor não é suficiente, pode-se ativar este sistema em um botão no painel. Automaticamente, a pressão do freio é enviada às quatro rodas, mantendo o carro sob controle, e fazendo com que o motorista se preocupe somente em mantê-lo alinhado. A força do conjunto se pronuncia na estrutura da nova picape. O novo chassi mostra bem isso. A engenharia da Toyota enrijeceu em 20% o chassi da nova Hilux, contribuindo para uma excelente estabilidade, segurança e também para o conforto. Ele usa materiais de alta resistência e teve, em algumas partes específicas, incremento de 3 mm em sua espessura, reforçados pela solda. Os pivôs da suspensão também foram reforçados, o que, somado às melhorias promovidas na estrutura do veículo, elevaram a rigidez da nova Hilux, bem como sua durabilidade nas condições mais extremas. Mas não é só o chassi que está mais rígido. Os pontos de solda aumentaram em 44%. Além disso, aço de alta resistência com propriedades anti-corrosão de excelente qualidade foi usado no modelo, reforçando a rigidez, durabilidade e aprimorando a precisão da direção.
Conforto à toda prova
Como pudemos comprovar na prática, a nova Hilux está bem mais “aconchegante” em seu interior. Todas as versões estão equipadas com volante com ajuste de altura e profundidade. Além disto, em relação à geração anterior, a altura entre o assento dos bancos dianteiros e o teto foi elevada, bem como o espaço lateral para os ombros em 1,9 cm (1,441 mm), nos bancos dianteiros. Na nova Hilux, as partes laterais dos bancos dianteiros são feitas de um material mais resistente. As versões SR, SRV e SRX tiveram o ajuste do banco do motorista aumentado, chegando a 6 cm. Para aprimorar o espaço e o conforto dos passageiros dos bancos traseiros, o espaço para os joelhos foi amplia-do em 3,5 cm. As versões SR, SRV e SRX possuem apoio de braço com dois suportes para copos na parte de trás e bancos traseiros bipartidos em 60/40, facilitando o transporte de itens grandes dentro da picape. Quanto ao isolamento acústico, o ruído da combustão e as vibrações do novo motor diesel foram reduzidos. Dentre outras medidas adotadas, o painel de iso-lamento do som do motor também teve seu tamanho ampliado em 50%. Além disso, foram desenhadas novas mantas isolantes para as portas, diminuindo os sons que vêm do ambiente exter-
no.
Na estrada, então, o conforto só perde o destaque para a performance dos novos motores. ”Esse é um compromisso nosso. Sabemos que é a estrada que reconhece um projeto de sucesso”, afirma Evandro Maggio. A equipe de engenharia desenvolveu um novo motor turbo diesel com intercooler, pertencente à recém-lançada série Global Diesel (GD). Juntamente com a melhora no consumo de combustível, o aumento do torque é a característica mais marcante do propulsor, o que se reflete na melhoria excepcional de aceleração, em baixa e média velocidades. O desempenho foi aperfeiçoado com a melhoria da eficiência dos sistemas de injeção e de admissão. Por sua vez, o peso do motor foi reduzido, incrementando o consumo de combustível e diminuindo a fricção das partes mecânicas. Como já é tradição nos motores da Toyota, este utiliza corrente, em vez de correia dentada, o que reduz os custos de manutenção.
O Toyota 1GD 2.8L possui quatro cilindros em linha, com turbo compressor de geometria variável (TGV) e intercooler. Mesmo com 200 cilindradas a menos do que o Toyota 1KD da geração anterior, esta evolução melhora o nível de consumo e desempenho, já que tem 6cv a mais (177 cv a 3.400 rpm) de potência. Com relação ao torque, houve aumento de 22% na picape com transmissão manual (42.8 kgfm entre 1.400 e 2.600 rpm) e um aumento de 31% na versão com transmissão automática (45.9 kgfm entre 1.600 e 2.400 rpm). Os dados de consumo que serão informados pelo INMETRO são: 9,03 km/l em trecho urbano e excelentes 10,52 km/l em uso rodoviário, para a picape automática. Para a nova Hilux com transmissão manual, os resultados são ainda melhores: 9,3 km/l e 11,5 km/l, respectivamente. “Isso faz parte do DNA da Toyota. Fizemos um produto que consome pouco para uma picape deste porte, mesmo em sua versão automática”, comemora Maggio, anunciando que em breve deve chegar também uma versão flex do modelo.
A nova transmissão automática de seis velocidades, que equipa as versões SR, SRV e SRX, foi desenvolvida para potencializar o desempenho do motor. A nova relação de marchas está ajustada para privilegiar arrancada mais vigorosa em primeira marcha, e elevar a economia de combustível em sexta. Esta nova transmissão de seis velocidades traz a tecnologia Super ECT, que adequa o desempenho do veículo ao estilo de condução do motorista, quantidade de carga à inclinação do terreno.
As versões Standard, nas configurações com cabines simples e dupla, e chassi-cabine trazem uma nova transmissão manual de seis velocidades, apropriada ao propósito de uso, que é, prioritariamente, o trabalho. A capacidade de reboque da Hilux foi melhorada e pode suportar até 3,5 toneladas, com trailer, dependendo da versão.
O motorista pode ainda adaptar seu estilo de condução à nova Hilux, selecionando os modos ECO ou Power. O ECO suaviza a aceleração, adequando o curso do pedal do acelerador a uma condução mais econômica e, ao mesmo tempo, dosa o funcionamento do sistema do ar-condicionado. No modo Power, o motorista pode aproveitar uma direção mais vigorosa, pois o mecanismo realiza um ajuste fino da ECU do motor, de acordo com o ângulo do pedal do acelerador, proporcionando respostas mais rápidas. Este modo de condução é ideal quando o condutor enfrenta situações de ultrapassagem ou ainda quando o veículo transporta cargas pesadas por longos percursos ou aclives acentuados.
Ela está “linda”
Com um design forte e emocional, a nova Hilux combina a força e a funcionalidade necessárias para o trabalho com a beleza e a elegância desejadas para o uso recreativo. Comparada à geração anterior, a nova Hilux é 7 cm maior (5,330 mm), 2 cm mais larga (1,855 mm) e 4,5 cm mais baixa (1,815 mm). O entre-eixos permanece com excelentes 3,085 mm. A dianteira mostra contraste entre o grande para-choque e a grade frontal estreita, que parece se fundir aos faróis, formando uma só peça.
Seu aspecto forte é transmitido pe-los para-lamas largos, que agora fazem parte do corpo da carroceria, e no movimento expresso pelas laterais da grade superior, que descem pela entrada de ar inferior, criando um desenho trapezoidal.
Para garantir uma aparência mais limpa, a localização dos limpadores e do lavador do para-brisa foi aprimora-da, enquanto o intercooler foi deslocado para a frente do motor. Na prática, a entrada de ar do intercooler, antes localizada em cima do capô, foi eliminada. Por falar em capô, a peça recebeu vincos bem marcados e está mais afilada, formando uma junção perfeita com a grade frontal e com o conjunto ótico dianteiro. Realçando ainda mais o design inovador, a versão SRX é equipada com faróis de LED, com projetor e ajuste automático de altura, além de luzes diurnas de LED. As demais versões estão equipadas com faróis de halogêneo.
O design lateral destaca a força e a elegância pela extensão dos para-lamas, que se mesclam perfeitamente com o restante do carro, por meio de um corte transversal, realçado na parte superior das portas. O resultado é o desencadeamento de uma linha dinâmica que vai da parte frontal para a traseira, integrando a caçamba ao restante do veículo.
A versão SRX é equipada com no-vas rodas de liga leve de 18 polegadas e com pneus 265/60R18, enquanto as versões SRV e SR trazem rodas de liga leve de 17 polegadas e pneus 265/65R17. As outras possuem rodas de ferro de 17 polegadas, com pneus 225/70R17.
O design traseiro completa o conjunto elegante e forte da dianteira e lateral. Destaque para o novo grafismo das lanternas verticais. As versões SR, SRV e SRX contam com a maçaneta de abertura da tampa cromada, onde também está localizada a câmera de ré, proporcionando à nova Hilux uma aparência mais fluida. O para-choque foi projetado para melhorar a acessibilidade à caçamba, e é cromado nas versões SR, SRV e SRX. O formato do teto da nova Hilux possui dois vincos que ajudam a direcionar a passagem de ar para fora da área da caçamba, tornando o veículo mais estável. Com-parado à geração anterior, o compartimento de carga nas versões cabine dupla está 0,5 cm maior (1,525 mm), 2,5 cm mais largo (1,540 mm) e 3 cm mais alto (480 mm). Da mesma forma, a fim de fornecer aos clientes maior durabilidade e resistência, o apoio da tampa da caçamba está equipado com placas de aço, em vez de fios.