Agricultura

Qualidade, e sem “mosca”

Ministério da Agricultura pretende investir R$ 128 milhões para aumentar a qualidade, a segurança fitossanitária e o consumo de frutas pelos mercados interno e externo do país. Mosca-das-frutas é o alvo principal.

O investimento direto do Mapa será de R$ 10 milhões ao ano para implementação de sistemas de mitigação de risco, certificação e programas de erradicação, além de R$ 6 milhões anuais para o sub-programa de erradicação da mosca-da-carambola. O ministério ainda repassará por meio de convênio com estados mais de R$ 20 milhões entre 2015 e 2016. Já a iniciativa privada vai cooperar com R$6 milhões por ano, por meio da Abrafrutas.

Para a ministra da agricultura Kátia Abreu, o controle das moscas-das-frutas – pragas que causam prejuízo da ordem de US$ 120 milhões todos os anos – estimulará o consumo de frutas no país, uma vez que o preço poderá ser reduzido. “Essa mosca não adoece pessoas, apenas o bolso do produtor, que acaba repassando para o consumidor os prejuízos causados pela praga”, explicou a ministra. “O controle sanitário ajuda na competitividade e baixa custos”, completou.

Kátia Abreu afirmou que o Mapa trabalhará para aumentar o consumo per capita de frutas entre os brasileiros, que atualmente comem menos do que o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMC). A entidade recomenda 140 quilos ao ano, mas, no Brasil, come-se apenas 57 quilos em média.

“Queremos pelo menos dobrar esse consumo, ou seja, popularizar as frutas através do preço. Sabemos que as frutas ainda não chegaram à população de baixa renda e temos que trabalhar para que isso aconteça. A fruta deve ser democratizada na geladeira do brasileiro, nosso maior consumidor”, afirmou durante coletiva de lançamento do programa.

Exportações

Além de estimular o consumo interno, o programa também visa a alavancar as exportações de frutas brasileiras, visadas por diversos países. A ministra explicou que os produtos exportados têm a mesma qualidade dos que são destinados ao mercado interno e que todas as práticas de controle sanitário adotadas país atendem às recomendações internacionais. “Algumas pesquisas dizem que os brasileiros acham que a gente exporta o que é bom e mantém aqui apenas o que é ruim. Não há menor possibilidade de os produtores darem conta disso. As exigências para o mercado externo são as mesmas para o interno. Agora, existem regras exorbitantes lá fora, que são disfarçadas de barreira comercial”, disse a ministra.

O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, afirmou que o programa das moscas-das-frutas abrange medidas inovadoras de combate a pragas, como manejo integrado e planejado e controles químico e biológico. “Um exemplo disso é a produção de insetos estéreis. É necessário trabalhar com esse conjunto amplo de soluções, uma solução só não é possível para tratar o problema de forma permanente”, observou Lopes.

A mosca-das-frutas não causa nenhum problema a saúde das pessoas, ataca apenas o bolso do produtor.Com isso, ele acaba repassando para o consumidor todos os prejuízos causados pela praga.

O presidente da Abrafrutas, entidade parceira do programa, afirmou que a cadeia prioriza abertura de novos mercados, acordos de livre comércio e remoção de barreiras não-sanitárias. “Com o programa do Mapa, estamos dando os passos em direção a colocar o Brasil no mercado internacional de frutas e, para isso, a defesa vegetal é imprescindível”, declarou Luiz Roberto Barcelos.

Praga se espalha pela região

As principais espécies da mosca-das-frutas no Brasil estão nos estados de Roraima, Pará e Amapá, no Vale do São Francisco e na região sul, com prevalência da mosca-do-mediterrâneo (Ceratitis capitata, que ataca principalmente acerola, manga, goiaba, uva e citros), Anastrepha obliqua (manga, cajá-manga e mamão), Anastrepha fraterculus (maçã, pêssego, mamão, citros, pera, goiaba) e Anastrepha grandis (melão, melancia, abóbora). Além dessas, uma quinta espécie ocorre em algumas regiões do Brasil e está em processo de erradicação, a mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae), que, além da carambola, ataca mais de 50 plantas.

Kátia Abreu destacou que as moscas-das-frutas não trazem prejuízos à saúde humana, mas sim ao preço do produto. “Se um produtor produz 100 quilos e perde 30 com essa praga, ele vai ter que vender mais caro para pagar seus custos”, explicou. “Já para exportação, os produtos não são aceitos por receio de as moscas invadirem os pomares de outros países. Temos que combater a praga para elevarmos o consumo interno e exportamos esses produtos mundo afora”, completou.

Metas ambiciosas

A erradicação da mosca-da-carambola se dará por meio de parceria entre o Mapa, as agências de defesa agropecuária estaduais e o setor privado. O programa visa a estabelecer uma política internacional de monitoramento e controle da praga na Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela e Trinidad e Tobago e incluir vigilância permanente nos portos e aeroportos das regiões indenes a fim de gerenciar o risco de dispersão.

O ministério ainda pretende suprimir a população da mosca-do-mediterrâneo, viabilizando o controle biológico da praga em área ampla. Entre as metas do programa, também está reconhecer a região acima do paralelo 13º como livre do gênero Anastrepha grandis – ampliando áreas com sistemas de mitigação de risco – e controlar a mosca-das-frutas no Vale do São Francisco.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *