Agricultura

Alerta vermelho

Infecções da Podridão Amarga e Sarna da Macieira aparecem nesta época do ano para tirar o sono dos produtores de maçã do Brasil.

Causada pelo fungo colletotrichum gloesporiodes (Penz.) Penz. & Sacc. (telemorfo Glomerella cingulata (Stonem.) Spauld. & Scherenk), a Podridão Amarga em macieira se encontra amplamente disseminada nas regiões produtoras de maçã do Brasil. O desenvolvimento da doença está associado a períodos de elevada precipitação e calor, nos quais a temperatura de 26ºC promove as maiores taxas de infecção nos frutos, podendo o patógeno ainda, em casos mais graves, manifestar-se na forma de manchas foliares.

Segundo a coordenadora de fitopatologia do Instituto Phytus, localizado em Santa Maria, RS, Monica Paula Debortoli, os sintomas são lesões marrom-claras superficiais, circulares, com aspecto mole e aquoso que aparecem nos frutos da maçã. “As lesões medem de um a dois centímetros de diâmetro e apresentam formações circulares de acérvulos ao redor do ponto de infecção”, diz. Estes sintomas podem se manifestar na lavoura tanto na pré-colheita, como durante o período de armazenamento das frutas, ocasionando o seu apodrecimento.

Manejo e controle da doença

A Podridão é uma das principais doenças que atacam a cultura no Sul do Brasil, afetando principalmente as cultivares do grupo da Gala e da Golden Delicious, com isso, realizar o manejo adequado torna-se fundamental para controlar a doença, e não ter a produção afetada. “O que sempre falamos aos produtores, é que eles utilizem ferramentas de manejo integrado, associando controle cultural, químico e biológico”, diz Monica.

Para ela, estratégias de controle cultural através da remoção de frutos mumificados e poda de ramos com cancros da lavoura em pós-colheita, são as melhores maneiras de manejar a cultura. “Também há o controle químico através da aplicação de fungicidas dos grupos químicos das estrobilurinas, benzimidazóis e ditiocarbamatos, sendo importante a alternância de grupos químicos para minimizar o risco de resistência do fungo”. Já o controle biológico deve ser realizado através da aplicação de produtos à base de bacillus subtilis, até o período da pré-colheita.

Mais dor de cabeça

Como se não fosse suficiente a preocupação do produtor em relação à Podridão, outra doença também aparece na estação para atrapalhar a produtividade das macieiras brasileiras. Trata-se da Sarna da Macieira, que é causada pelo fungo venturia inaequalis (Cke.) Wint., cuja fase anamorfa corresponde à spilocaea pomi Fr. “Nas regiões onde a primavera e o verão apresentam alta umidade e temperatura amena, como no Sul do país, a doença pode causar perdas de até 100% na produção”, diz.

Os sintomas da Podridão Amarga são lesões marrom-claras superficiais, circulares, com aspecto mole e aquoso que aparecem nos frutos da maçã.

A coordenadora explica que nos frutos pequenos, a Sarna provoca rachaduras, deformação, além da queda prematura. “A infecção pode atingir também os frutos em fase de maturação e, neste caso, as lesões são circulares com, no máximo de dois a três milímetros de diâmetro, e coloração escura”. Além disso, seus sintomas se manifestam nas folhas, ramos novos, flores, pedúnculos e frutos. “Nas folhas novas aparecem, inicialmente, pequenas manchas de cor verde-oliva que se tornam acinzentadas com o passar do tempo”. Segundo Monica, as lesões possuem forma circular e isoladas ou podem se somar, espalhando-se por toda a superfície foliar e frutos.

A severidade da epidemia varia de ano para ano e o seu controle ainda é baseado na entressafra pela remoção de restos culturais do pomar e na safra pelo uso de fungicidas baseado em sistemas de alerta para ocorrência do fungo. “O período crítico para a ocorrência da sarna se inicia com a brotação da macieira, no mês de setembro, e prolonga-se até o final do mês de novembro”.

Tecnologia a favor

O avanço da tecnologia está ajudando e pode ajudar mais na batalha do produtor contra a Podridão Amarga e a Sarna. Monica comenta que sistemas de alerta auxiliam o produtor para iniciar os programas de controle da sarna da macieira. “Já no caso de podridão amarga o manejo preventivo deve ser utilizado especialmente nas cultivares mais sensíveis”, diz. Segundo ela, no que se refere as expectativas para o futuro destes problemas, em relação ao controle e incidência das doenças, busca-se a otimização do uso de tecnologias para que o sistema de produção seja sustentável e que o produto final tenha cada vez mais qualidade.

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