Agricultura

Campo limpo e consciente

Programa brasileiro de destinação de embalagens de agrotóxicos se mostra cada dia mais consolidado e serve de modelo para o resto do mundo.

Sustentabilidade. Eis um conceito bastante utilizado e abordado em todas os meios da sociedade brasileira e mundial. Sendo assim, o meio rural não fica fora dessa e cada vez mais há a luta por melhorias nas plantações, pastos, entre outros. Em cima disso, o Instituto Nacional Processamento Embalagens Vazias (Inpev), realiza desde de 2008 o Dia Nacional do Campo Limpo (DNCL), que visa celebrar os resultados da logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas no Brasil e reconhecer os elos da cadeia do Sistema Campo Limpo, ou seja, agricultores, canais de revenda e cooperativas, indústria fabricante e Governo.

João César M. Rando, diretor-presidente do Inpev, diz que já são mais de 334 mil toneladas de embalagens retiradas do campo trazendo benefícios a saúde ambiental de quem vive nele. Ou seja, o material que antes ficava provocando um problema ao meio ambiente, se transformou numa matéria prima e criou-se uma cadeia de valor. “Com isso, criam-se empregos e gera-se riqueza para a sociedade”, declara. Segundo ele, já foram investidos mais de R$ 900 milhões no sistema ao longo dos 13 anos de sua existência.

Para o secretário de agricultura e abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, o mais importante é gerar conscientização ao público sobre a reciclagem e o que ela traz de positivo para a sociedade. “Nos dá orgulho ver o setor agropecuário ter este compromisso com a sustentabilidade, que se evidencia num indicador que é um dos maiores do mundo”, diz. Atualmente 94% das embalagens de defensivos e agrotóxicos retornam reciclados. “Ou seja, um indicador que só tem um paralelo com a reciclagem de latas de alumínio, que também é forte no Brasil” – cerca de 80%. Jardim comenta que é positivo para a cadeia ver que o conceito da logística reversa está sendo praticado de forma correta, produtiva e gerando resultados.

Cabeça consciente

Não há como gerar resultados positivos se a cabeça do produtor rural não estiver consciente da importância que a reciclagem traz. No Brasil, apenas 20% da população está localizada nas áreas rurais, e as pessoas que compõem este número são responsáveis a dar o exemplo para o homem da cidade grande. “O campo dá o exemplo para cidade. O agricultor por natureza e instinto quer preservar o ambiente onde ele vive, onde a família dele vive, que é também onde ele trabalha”, declara Rando. Para ele, em cima disso, é preciso criar mecanismos e condições para que isto seja feito de maneira adequada. “Isso fará com que o meio rural passe a ser o exemplo e líder destas questões ambientais”.

O presidente comenta que a marca dos 94% das embalagens que ficam no campo e são recicladas, demonstram a força do agronegócio brasileiro. “Se analisarmos friamente, vemos na cidade as embalagens jogadas e dispostas de qualquer maneira, sujando e poluindo os rios, ruas, entre outros. Isso é triste, pois a sustentabilidade fica de lado, parecendo não ter importância em nossas vidas”, diz.

Atualmente 94% das embalagens de defensivos e agrotóxicos retornam reciclados. O que indica que só faz paralelo com a reciclagem de latas de alumínio, que também é forte no Brasil – cerca de 80%.

Jardim comenta que é perceptível a conscientização crescendo a cada ano, e reconhece que há uma demanda crescente por parte da sociedade. “Temos acompanhado discussões na mídia sobre a questão dos agrotóxicos, e temos que enfrentar esse debate. Considero que buscar maior racionalização no em seu uso é importante, tanto que há programas como o Aplique Bem, que é desenvolvido pela Secretaria e é monitorado pelo nosso Instituto Agronômico, junto de uma série de entidades”, diz.

Segundo ele, tem que se estimular o controle biológico, quer seja para controle de pragas ou produção de insumos, pois também é importante e ajuda na busca por um País mais sustentável. “Percebo que o que mais a sociedade cobra é o uso exagerado de substancias químicas na produção. Precisamos ter a consciência tranquila para demonstrar que o setor pode lidar com isso com muito equilíbrio”.

O exemplo vem dos pequenos

Para que a conscientização venha do berço, o Inpev possui o Programa de Educação Ambiental (PEA), onde são levados materiais didáticos prepara-dos com atividades lúdicas, professores orientados e caderno com roteiro para que alunos da quarta e quinta série do ensino fundamental comecem desde cedo a criar a visão de cuidar do meio ambiente, dos resíduos que são gerados e principalmente das embalagens. “As crianças são uma grande alavanca de conscientização dos pais, pois começam a cobrá-los para que se faça o correto”, declara Rando. Ele comenta que lá no passado não se tinha essa preocupação com o ambiente, até mesmo porque naquela época não havia alguns recursos naturais se apresentando escassos, como os atuais problemas de água e energia. “Com isso, acho que estre trabalho é fundamental para que no futuro haja resultado cada vez melhor, o que transformará o Brasil pouco a pouco”. Atualmente mais de 180 mil alunos participam deste projeto. “As crianças são os motores indutores para que haja uma mudança cultural na sociedade de uma forma muito significativa. É uma mudança mais profunda e que só tem a trazer benefícios para o futuro da sustentabilidade e dos campos do Brasil”, diz Jardim.

Novidades recicláveis

Para completar o ciclo de reciclagem, o Inpev abrirá uma nova recicladora de tampas plásticas, localizada na cidade de Taubaté, a aproximadamente 130 km de São Paulo. Trata-se da Campo Limpo Tampas e Resinas Plásticas Ltda. A nova recicladora parceira do Sistema produzirá sistemas de vedação de alta performance, as Ecocaps. “As chamamos assim pois cada tampa produzida traz um benefício ambiental na redução da emissão de dióxido de carbono e na redução de uso de recursos naturais”, diz o presidente. Rando comenta que lançar mais uma recicladora, justamente num mo-mento em que o País passa por uma dificuldade, é demonstrar que o Inpev acredita no Brasil. “Esse é um exemplo de que se pode fazer e temos condições, capacidade, tecnologia para produzir muitas coisas boas”. Este empreendimento é o único existente no mundo, assim como a fábrica de embalagens, também localizada em Taubaté.

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