Pesquisa brasileira precisa estar na vanguarda para enfrentar as mudanças climáticas
Para enfrentar os desafios das mudanças do clima e as exigências do mercado internacional, a pesquisa brasileira tem de estar na vanguarda do conhecimento. É o que afirma o professor e pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP), Carlos Cerri. De acordo com Cerri, cientistas brasileiros precisam conhecer os sistemas produtivos e quantificar a pegada de carbono de cada cadeia.
“O Brasil precisa gerar dados, precisa estar na vanguarda. Temos de fazer pesquisa de ponta e publicarmos para termos os dados e proteger a nossa agropecuária”, afirma. Como exemplo ele apresenta a situação do biodiesel de soja brasileiro utilizado na Europa. Para ser viável, ele deve apresentar uma redução de 35% na emissão de carbono equivalente em relação ao combustível fóssil. Números gerados fora do país indicaram que esse índice era de apenas 31%, o que inviabilizava seu uso. Entretanto, ao pesquisar a campo, encontrou uma redução de 65 a 68%.
“Avaliamos toda a cadeia produtiva, com dados obtidos desde as fazendas até a chegada do biodiesel ao consumidor europeu, e encontramos uma redução de 65 a 68% das emissões. Vimos que o biocombustível brasileiro é competitivo”, disse o pesquisador. O maior uso de biocombustíveis é uma das ações apontadas por Cerri para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e consequentemente o aquecimento global. Como uma das principais atividades emissoras de gases, a agropecuária também pode contribuir nesse processo. Para isso, estratégias como a recuperação de pastagens de-gradadas, a fixação biológica de nitro-gênio, o plantio direto na palha, a integração lavoura-pecuária-floresta, o reflorestamento e o tratamento de resíduos animais são ações que contribuem para menor emissão e fixação de carbono
no solo.
Em menor ou maior escala, as estratégias conhecidas já estão sendo adotadas no Brasil. Elas têm contribuído para que as emissões de gases de efeito estufa não sejam maiores.
“As alternativas já existem e outras estamos produzindo. Na medida em que conhecemos as fontes de emissão, vamos encontrar novas alternativas”, disse o pesquisador da Cena-USP. De acordo com ele, em menor ou maior escala, as estratégias conhecidas já estão sendo adotadas no Brasil. Aliadas à redução do desmatamento, elas têm contribuído para que as emissões de gases de efeito estufa não sejam maiores no país. Porém, ainda é preciso maior adoção dessas tecnologias.
“As soluções para a redução das emissões já estão ocorrendo. Mas é preciso fazer uma agricultura com mais inovação, mudando as práticas. Para isso, precisamos de novos profissionais em áreas como modelagem, informática, agricultura de precisão, entre outras”, ressaltou.