Negócios

Máquinas – Com o freio de mão puxado

Mostrando força e maturidade, setor sobreviveu ao ano de 2014. Passar bem por 2015, porém, vai exigir ainda mais do agro.

Em termos de números, ano passado ficou abaixo do esperado, mas considerando que ano retrasado foi um ponto fora da curva, setor terminou no mesmo patamar de 2012.

Após um ano de recordes, se-tor de máquinas agrícolas sofre brusca queda no mercado interno e externo. Em 2014 foram comercializadas 82,4 mil máquinas, queda de 17,9% em relação as 100,4 mil de 2013. Fatores como o baixo preço de commodities, fez com que o agricultor ficasse mais seletivo.

“Como 2013 foi um ano excepcional de vendas, em que muitos produtores adquiriram produtos e modernizaram suas máquinas, 2014 trouxe para o setor grandes desafios”, declara Ana Helena de Andrade, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

As exportações para países da África e o anúncio do Plano Safra, que permitirá aos agricultores continuar adquirindo máquinas com baixas taxas de juros, foram pontos positivos em 2014.

Ela diz que foi um ano difícil por uma conjunção de fatores. Dentre eles, está o menor número de dias úteis, a operação do PSI no começo do ano, o nível de confiança do mercado, o cenário complexo na Argentina e um ano de 2013 onde os produtores modernizaram suas frotas. Apesar do desempenho não ter sido o mesmo, ela comenta alguns fatos positivos que devem ser destacados, como por exemplo, as exportações para países da África e o anúncio do Plano Safra, que permitirá aos agricultores continuar adquirindo máquinas com baixas taxas de juros.

O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA), parte da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão concorda com Ana e comenta que a base de mercado de 2013 é desproporcional. “Como viemos de grandes vendas nos últimos anos, o agricultor além de estar com máquinas novas, também tem dívidas
a pagar. Com isso, o investimento se tornou menor”.

Para Ana, em termos de números, ano passado ficou abaixo do esperado, mas considerando que ano retrasado foi um ponto fora da curva, o setor terminou no mesmo patamar de 2012. “Isso é um resultado interessante para toda cadeia”, diz.

Exportação e projeções

No mercado externo, os brasileiros também não têm muito o que comemorar. Segundo Ana, as exportações caíram 15,5% com relação a 2013. “Isto representa cerca de 2 mil máquinas a menos”. Para ela, a principal razão deste resultado foi o desempenho adverso da Argentina, um dos principais clientes do Brasil.

Estevão declara que mesmo com estes números, a valorização do dólar durante o último ano foi um ponto de alívio para o mercado de maquinários. “Teríamos tido resultados ainda mais inferiores caso isto não tivesse acontecido”.

Para o ano que acaba de começar, a vice-presidente prevê que será um ano complexo. “As previsões da Anfavea para 2015 são de estabilidade em produção e vendas internas e crescimento de 1% nas exportações”. Já Estevão, diz que estima-se uma leve queda ou manutenção do mercado. “As commodities devem seguir na mesma base de preço. Muito disso se deve a supersafra americana. Com isso, esta chance de queda deve perdurar ainda até 2016”, finaliza.

Caminhões também sofreram

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores divulgou dia 8 de janeiro os números consolidados do setor automotivo em 2014, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas autopropulsadas. Segundo o balanço, o licenciamento de autoveículos apresentou retração de 7,1% com 3,50 milhões de unidades comercializadas no ano contra 3,77 milhões em 2013.

O segmento de caminhões encerrou 2014 com 13,7 mil unidades licenciadas no último mês do ano, superior em 12,6% sobre novembro, com 12,2 mil, e abaixo em 5% com relação as 14,4 mil de dezembro de 2013. O desempenho contribuiu para que 2014 terminasse com 137,1 mil caminhões licenciados, retração de 11,3% sobre as 154,6 mil do ano anterior.

O recuo foi um pouco mais intenso na produção: em 2014 saíram das linhas de montagem 139,9 mil caminhões, 25,2% a menos do que as 187,1 mil de 2013. No comparativo mensal as 3,7 mil unidades do último dezembro significam queda de 68,6% sobre as 11,8 mil de novembro e de 49,6% frente as 7,3 mil do último mês de 2013.

Por: Bruno Zanholo e Flávio Albim

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