Fazenda em Minas Gerais utiliza biodigestores para gerar energia, prática que polui menos o meio ambiente, e ajuda a reciclar resíduos sólidos.
É praticamente uma cidade. Assim podemos definir a Fazenda São Paulo, unidade de Oliveira, a cerca de 160 quilômetros da capital mineira Belo Horizonte. Lá, além das áreas de atuação – hoje são três granjas de suínos, chamadas de sítios um, dois e três – a propriedade do empresário José Carlos Cepera, dono da Pluri, da área de serviços de segurança, conta ainda com escola, residências, ambulatório, vendinha e capelinha. Tudo isso em prol dos funcionários que fazem com que todos os dias a produção avance um pouco mais. A Fazenda, que possui outras duas unidades, de Bonfinópolis de Minas e de Rianchinho, ambas em Minas Gerais, concentra atividades como produção de café, suinocultura, produção de grãos e a integração lavoura pecuária. “A integração é um casamento que deu certo, dificilmente separa. O produtor de grãos para entrar na pecuária é mais fácil. É mais difícil para o produtor de pecuária. Estamos há mais de quinze anos nesse processo”, explica o gerente de negócios da Fazenda São Paulo, Gilmar da Silva Rodrigues.
A fazenda é uma das primeiras empresas a utilizar biodigestores para reciclagem de dejetos de suínos, o que a torna ambientalmente sustentável. Essa prática evita diversos tipos de problemas, como emissão de metano para a atmosfera, além da produção de fertilizante para a agricultura. “Antes eu poluía, agora eu produzo o metano e uso tanto para secagem de café, como também água quente para granja, nas caldeiras dos leitões, e gero minha própria energia”, explica o executivo, que informa também que a propriedade rural possui um projeto com valor de investimento de cerca de R$ 2 milhões, que permitirá a produção de energia para toda a fazenda. “Hoje aproveitamos cerca de 60% dessa produção, nossa meta com esse investimento é começar a usufruir 100% desse tipo de energia”, explica o gerente. Com os biodigestores, Rodrigues diz que há uma quantidade alta de adubo para o cultivo de café, e que também sobra para utilização nas pastagens, onde são recriados e engordados cerca de 1,3 mil bovinos por ano.
A criação de dez mil suínos por mês produz um volume líquido anual de cerca de 106 mil metros cúbicos de dejetos, de acordo com o gerente. A instalação dos biodigestores faz com que esses resíduos se transformem em gás metano, biofertilizante e fertilizante orgânico. A onda da bioenergia pegou sucesso a partir do ano 2.000, com a criação do crédito de carbono. De acordo com Rodrigues, a empresa possuía parceria com a AgCert International Limited, que depois foi desfeita, e agora a fazenda anda com suas próprias pernas nesse setor.
Responsabilidade Social
Além do sistema de biodigestores, que cooperam gradativamente com o meio ambiente, a Fazenda São Paulo colabora com a comunidade que está ao seu redor. Ariane Mística, técnica ambiental, montou um projeto educacional com os alunos da escola que fica alocada dentro da propriedade, que leva às crianças a vivenciarem, na prática, todas as soluções que a empresa proporciona ao meio ambiente. Por toda a fazenda tem espalhados pontos de coleta de reciclagem. “Todo dinheiro ganho co a venda dos recicláveis são revertidos em ações para a creche da empresa, voltadas para o meio ambiente, na chamada ‘Semana Ambiental’, que acontece em junho”, explica a técnica. A equipe, que hoje tem dezoito pessoas interagindo e empenhadas para conscientizar sobre a importância da preservação do meio ambiente. “A ideia é fazer a interação entre produção e meio ambiente”, diz Ariane.
A técnica resume em uma frase o que a propriedade rural é capaz de fazer tanto para a natureza quanto à comunidade que vivem: “É o lixo que faz luxo”. Literalmente.
Por: Nara Malacrida l