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Dedo de prosa: alta potência no setor de máquinas

DEDO DE PROSA: ALTA POTÊNCIA NO SETOR DE MÁQUINAS

Num bate-papo sobre o atual cenário do setor de maquinários, Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH para a América Latina, diz que o segmento continua em alta, que a expectativa para 2.015 é que o ano seja, no mínimo, igual a este, e que a escassez de mão-de-obra qualificada para operacionalizar as máquinas que surgem no mercado ainda é um empaco na vida do agroempresário.

Revista Rural: Como foi o ano para o setor de maquinário?

Mirco Romagnoli – Podemos dizer que este ano foi bem diferente de 2013. Na realidade, 2013 foi um ano atípico no agronegócio brasileiro, com recorde histórico de vendas de máquinas agrícolas. Vários fatores levaram a esse cenário, como sucessivos recordes de produtividade, preços de commodities chegando a patamares nunca antes vistos e também as reduções das taxas de juros do PSI. Essa conjuntura de boas notícias incentivou os empresários do ramo a antecipar os investimentos na aquisição de equipamentos e novas tecnologias.

Já em 2014, o balanço final que estamos fazendo é que voltamos à normalidade do mercado. Se tirarmos o ano de 2013 da medição, o mercado de máquinas registrou crescimento perante a média histórica. Com taxa de juros ainda atraentes e com os produtores buscando tecnologias eficientes e lucrativas para suas lavouras, a tendência do mercado é de continuar crescendo. Eu tenho uma visão otimista da agricultura do Brasil e de toda a América Latina.

Revista Rural: Quais os desafios enfrentados pela área no ano 2014?

Romagnoli – O principal desafio que estamos enfrentando neste ano está relacionado às mudanças climáticas, com a seca nas regiões Centro-Oeste e Sudeste castigando bastante as culturas, principalmente do setor sucroenergético. Nas regiões Sul e Norte, o problema foi o oposto: excesso de chuvas.

Revista Rural: E os investimentos?

Romagnoli – Podemos citar várias iniciativas da marca, mas as principais são: parceria do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), a primeira Escola Móvel com curso profissionalizante de operadores de colhedoras de cana do Brasil; lançamento do simulador de colheita de cana, atualmente existem 23 unidades em operação entre os nossos clientes e centros de treinamento Case IH; Evolução em Campo, outro caminhão itinerante, este para o setor de grãos; projeto Setas, com o governo de Mato Grosso; e centros de treinamentos. Muito mais do que um bom operador ou mecânico, nós visamos também o crescimento pessoal e profissional de cada um desses colaboradores.

Revista Rural: O que é preciso para que haja o desenvolvimento do setor?

Romagnoli – A falta de capacitação de mão de obra para operar as novas tecnologias é um entrave que o setor enfrenta. Temos que ter mais profissionais especializados para acompanhar as inovações das máquinas e aproveitar as possibilidades de redução de custos proporcionadas pelos equipamentos da Case IH. As marcas individualmente promovem e apoiam treinamentos de técnicos, mas, ainda assim, precisamos de apoio dos governos federal e estadual. Todos da Case IH levam esse assunto muito a sério, somente nos últimos quatro anos treinamos mais de 30 mil pessoas em todo o Brasil.

Revista Rural: O Brasil cada vez menos importa maquinário do exterior e cada vez mais implanta concorrência, seja de produção, seja de manutenção. Como a Case IH lida com a concorrência?

Romagnoli – Nós temos como missão fornecer o sistema completo com os melhores produtos do mercado e um pós-vendas de alto padrão.

Uma vez assumindo a responsabilidade de ser uma marca premium, os nossos clientes sempre esperarão algo a mais. Esse é o nosso grande desafio: estar cada vez mais perto dos produtores rurais, oferecendo todas as vantagens de ser cliente Case IH. O desenvolvimento de tecnologias nacionais é essencial para conquistar a confiança de um mercado que está cada vez mais exigente.

Recentemente, por exemplo, lançamos um novo conceito de excelência que se chama Efficient Power, ou Potência Eficiente. O conceito é uma metodologia de desenvolvimento de produto no qual todos os equipamentos da marca são projetados para serem eficientes, seja no consumo de combustível, diferenciais de produtividade ou longevidade dos sistemas e manutenção.

Revista Rural: Em que regiões do Brasil há maior procura pelos maquinários de maior potência produtiva?

Romagnoli – Eficiência, produtividade, economia e rentabilidade. Essas são palavras que tenho escutado no campo com muita frequência de produtores que visitei durante este ano por todo o Brasil. Em todas as regiões do Brasil, o produtor busca por uma tecnologia maior e ainda mais eficiente. Não importa sua localização, cultura ou tamanho, todos estão à procura de tecnologias para fazer mais com menos. Podemos citar desde o agricultor familiar que tem um trator de 60 cv e quer um de 110 cv com uma plantadeira de maior número de linhas até os de nível mais avançado, que estão trocando duas ou três colheitadeiras de classe 5 ou 6 por uma de classe 8 ou 9, aumentando a qualidade do grão colhido e consequentemente diminuindo os custos com manutenção e consumo de combustível.

Revista Rural: Como estão as pesquisas e desenvolvimento tecnológico para a área?

Romagnoli – Nós, como fornecedores de soluções e tecnologia em máquinas agrícolas, estamos investindo fortemente em pesquisa e desenvolvimento de equipamentos que ajudem o produtor a obter melhores resultados e o máximo da eficiência energética de nossos equipamentos. Faz parte da história da Case IH, fomos os primeiros a investir em tratores de alta potência e o mesmo aconteceu com sistema axiais. Também fomos protagonistas no desenvolvimento das colheitadeiras de grande porte, nas classes 8 e 9, por exemplo. Somos ainda o único dos grandes fabricantes a atuar nas áreas de cana e café, além de estarmos na vanguarda da distribuição das tecnologias de agricultura de precisão.

Revista Rural: Os pequenos produtores têm resistência à aquisição e benefícios das máquinas? Eles preferem plantio e colheita manual? Como o concessionário aborda esse cliente, para que o mesmo usufrua das benfeitorias das máquinas em campo?

Romagnoli – Hoje, podemos dizer que todos os agricultores estão em busca de maior profissionalização. Não existe mais essa resistência, todos eles enxergam a importância do investimento em tecnologia em busca de maior rentabilidade.

Revista Rural: Na sua opinião, o que falta para o país aumentar o PIB da indústria agropecuária?

Romagnoli – O grande desafio está em como melhorar a competitividade, reduzir os custos de produção e aumentar os ganhos de eficiência. Quem vive do campo sabe das inúmeras variáveis como clima, preços, estoques, pragas que podem afetar o negócio. E se os outros fatores “controláveis” estivessem equacionados? Falo de rodovias, ferrovias, portos, armazenagem, carga tributária e burocracia, fatores que atrapalham o desempenho do setor tanto quanto uma chuva fora de hora ou a seca na época do plantio. E se em três ou quatro anos conseguíssemos resolver todas essas questões, como estaria o agronegócio brasileiro? Arrisco um palpite: os resultados conquistados nessa década seriam discretos, perante o potencial produtivo deste país.

Revista Rural: Quais as expectativas da Case IH para o próximo ano?

Romagnoli – Esperamos um ano igual a 2014. Abaixo de 2013, mas em linha com os últimos anos, registrando um leve crescimento em comparação com o mercado atual.

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