Pecuária

Búfalos: vendendo búfalo como búfalo

Frigorífico faz terminação e vende carne de búfalo com o intuito de mostrar ao público consumidor as qualidades e o sabor diferenciado do produto.

Vender a carne de búfalo e elevá-la no cenário nacional como uma carne de qualidade para o consumo é uma das missões da família Sebastiani, proprietária do Frigorífico Cowpig. A empresa está localizada dentro da Fazenda das Palmeiras, na região de Boituva, que fica a aproximadamente a 100 quilômetros (km) da cidade de São Paulo.

É lá que a Cowpig trabalha em suas diferentes linhas de atuação, entre elas a parte de ovinos, com capacidade para 1.000 animais; suínos, com capacidade para 2.500 matrizes; produção de feno numa área de 200 hectares; pensão de cavalo; além dos bovinos e bubalinos, que juntos atingem o número de 5.000 animais, divididos numa área entre pastagem e confinamento de 350 hectares, sendo destes, aproximadamente 30% destinado aos bubalinos e 70% destinado aos bovinos.

Os búfalos têm ganhado atenção especial da empresa desde o final de 2010, pois, a marca, além de querer se fixar como uma das grandes terminadoras desta carne no mercado, adota o lema de vender búfalo como búfalo. A companhia vende para todo território nacional, através de alguns mercados e açougues parceiros, além de sua loja própria. Anualmente, o abate gira em torno de 3.000 animais dessa espécie.

Um dos diretores e sócios do frigorífico, Renato Sebastiani explica que o lema foi adotado devido ao engano que boa parte da população sofre ao comprar carne nos açougues brasileiros. Segundo ele, muitas pessoas já comeram carne de búfalo pensando estar comendo carne de boi. “São inúmeros os casos de lugares que vendem búfalo como boi. Com isso, os consumidores não sabem o que estão comendo, gostam da carne e quem fica com a fama são os bovinos”, declara Sebastiani. Ele conta que na fazenda, os búfalos são animais jovens, de no máximo 24 meses, com um bom acabamento devido à alimentação adequada e balanceada e ao controle de manejo e estresse pré-abate. Além disso, os cortes são diferenciados, nobres e em porções, pois há maior interesse na carne que já vem fracionada em tamanhos menores.

Jonas Assumpção, representante da Associação Brasileira de Criadores de Búfalo e também produtor de búfalos, diz que peso vivo do animal de 24 meses dependerá da raça. “Os Búfalos Mediterrâneos ou Murrahs, bem alimentados podem atingir até 18 arrobas, enquanto que os Jafarabadi, nas mesmas condições, podem atingir 18 ou 23 arrobas, com apenas 18 meses”. Segundo ele, atualmente, os bubalinocultores estão acordando para as grandes vantagens dos cruzamentos entre raças, para produção dos chamados cruzamentos industriais, capazes de elevar a produção de leite e carne dos animais através do choque de sangue de raças distintas.

Assumpção declara que, em termos de manejo, o que diferencia os tratos alimentares e sanitários da entre a produção bovina e a bubalina, é que normalmente os bovinos, são mais exigentes que os bubalinos. “Para exagerar, podemos imaginar que em situação de extrema escassez alimentar, os búfalos começariam a morrer somente após as mortes de todos bovinos. No entanto, para que os búfalos consigam expressar todo seu potencial produtivo, tem de ser muito bem alimentados, seja em quantidade como em qualidade dos alimentos”. Ele conta que a maioria dos fracassos observados na criação de búfalos deve-se ao fato de os criadores não se darem conta dessa verdade, achando que estes animais não precisam de muito.

Alinhando gosto, saúde e tecnologia

Um ponto que é bastante abordado pelo frigorífico fica por conta dos benefícios trazidos por quem consome o produto deste animal. “A carne de búfalo tem alto teor de proteína e minerais. Além disso, tem baixo teor de colesterol e gordura. Ou seja, é saudável e de um gosto diferenciado das outras”, diz José Ovídio Sebastiani, um dos fundadores e também sócio da empresa.

Segundo Renato, qualidade e satisfação do cliente andam juntas à higiene, e o frigorífico segue as rígidas normas estabelecidas pelos órgãos responsáveis, para que assim haja maior contentamento dos clientes com a marca. “É importante que o nosso cliente sinta que está consumindo um produto de qualidade e que teve todo o seu processo de higiene realizado da maneira mais correta possível, pois assim ele vai ter uma carne de sabor diferenciado em sua mesa”, declara. Sebastiani revela que pelo fato de ser uma empresa familiar e de pequeno porte, é mais fácil selecionar um gado melhor, que será trabalhado pela marca e vendido ao consumidor final. “Como não somos um frigorífico de grande porte, temos um diferencial que consiste em podermos trabalhar em cima da demanda que recebemos com maior atenção. Com isso, nosso produto adquire um sabor que satisfaz aqueles que o comem”.

Ele diz que o Brasil está hoje em dia equiparado aos melhores países que contém altas tecnologias em seus sistemas de produção de carne. “Nós utilizamos numa embalagem atualmente, por exemplo, a mesma tecnologia que foi desenvolvida e é utilizada nos Estados Unidos e nos principais países da Europa. Isso é importante, pois com isso, a carne ganha um maior prazo de vida. Uma carne de bovino resfriada que é embalada a vácuo, dura cerca de 90 dias sem se deteriorar”.

Para o futuro, o diretor declara que a empresa está confiante, pois a carne de búfalo é uma carne que sem dúvida vem aumentando as vendas e ganhando maior visibilidade das pessoas. “Este aumento está acontecendo sem que haja um grande processo de divulgação. Isso mostra que a o búfalo realmente produz um produto bom. Agora estamos estudando maneiras de divulgar melhor esta carne e fazer com que ela esteja de vez nas mesas dos cidadãos brasileiros”, finaliza.

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