Negócios

Pneus: calibrando o mercado

De olho no agronegócio brasileiro, fabricantes de pneus agrícolas apostam em tecnologias para elevar as vendas em um mercado bastante acirrado.

O crescimento da atividade econômica espelhou o incremento da demanda interna, beneficiada pelo aumento do consumo das famílias, do emprego e da renda. Se a cidade foi beneficiada, quem dirá o campo. Por sua vez, vários setores levaram vantagens. A cadeia automotiva – autopeças, tratores, máquinas agrícolas e pneus – foi uma das favorecidas pelo crescimento da renda da população e pela redução das taxas de juros, que facilitaram os financiamentos e impulsionaram as vendas internas.

Dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) revelam que em 2011 foram comercializados 981 mil pneus agrícolas. Vale ressaltar que, no ano passado, a entidade totalizou um recuou de 6,4% em relação a 2011, na produção da indústria brasileira de pneus. Entretanto, o mesmo não ocorreu nos pneus destinados aos tratores agrícolas. “A produção dessa categoria registrou crescimento, de 1,6%, acompanhando o bom desempenho do setor agronegócio”, diz Alberto Mayer, presidente da Anip.

Não é à toa, que as grandes companhias contam com os planos secundários de investimentos em outros países, sendo que o Brasil ganha no favoristimo. Nos últimos cinco anos, de olho na tentativa de abocanhar uma fatia do mercado bastante acirrado, as fabricantes de pneus agrícolas investiram pesado na renovação da linha e aumentou consideravelmente a gama de produtos disponíveis por aqui.

A Pirelli, uma das mais tradicionais fabricantes de pneus do mundo, tem se pautado em oferecer equipamentos e soluções cada vez mais eficientes tanto como equipamento original como equipamento de reposição. A empresa fincou raízes no Brasil e por aqui produz toda a sua linha de pneus para o agronegócio. E com os bons resultados gerados nos campos agrícolas brasileiros, a companhia espera por tempos ainda melhores. Quem faz a aposta é o Flávio Bettiol Junior, diretor de marketing Caminhão e Agro da Pirelli na América Latina. “Essa é a tendência pelos principais indicadores econômicos, como o do IBGE, que prevê crescimento de 10% da safra em 2013, será um novo recorde”, diz.

De olho no aquecimento do mercado, o executivo explica que a companhia aposta no aumento de potência dos tratores nos campos brasileiros e na expansão de culturas. Por isso, a empresa trouxe, no ano passado, a linha PHP, a sua segunda geração de pneus radiais agrícolas, destinada à agroindústria. Os produtos são destinados para tratores de alta potência, colheitadeiras e pulverizadores, que são utilizados em atividades como cultivo de grãos e usinas de cana-de-açúcar. “A gama pioneira foi a Earth Agro PHT, que pode ser considerada como o primeiro pneu agrícola radial produzido no Brasil”, afirma. De acordo com ele, no caso de pneus agrícolas, foi necessário desenvolver os pneus radiais, que transmitisse melhor toda a potência do trator ao solo. “Isso aconteceu porque na busca por eficiência cada vez maior, a agroindústria exige veículos mais potentes e com maior capacidade de carga”.

O atual mercado de pneus agrícolas se mostra muito competitivo, na opinião do executivo, e com a necessidade de aumentar a produtividade no campo, os equipamentos, dentre eles, os tratores, colheitadeiras, entre outros, estão se tornando mais potentes e produtivos e os pneus têm que acompanhar esta evolução tecnológica. “Portanto, todos os fabricantes de pneus têm investido em tecnologia de produto e também em serviços, dando o suporte ao cliente final para diferenciar-se no mercado”, diz.

Além das Américas

No segmento de pneus agrícolas desde 1993, Titan se mantém firme no mercado da América do Norte. Na América Latina, no final de 2010, a empresa adquiriu a marca e a fábrica Goodyear Farm Tires e passou a ser responsável pela produção e comercialização de pneus agrícolas e pneus convencionais de caminhões e caminhonetas com a marca Goodyear América Latina. “De lá pra cá, a Titan observou neste mercado um crescimento”, conta Luiz Antônio Marthe, diretor de marketing e vendas da Titan Pneus.

Recentemente, a empresa que participou, pela segunda vez do Show Rural – Coopavel depois que adquiriu uma planta da Goodyear, em 2010, trouxe a nova linha de produtos, principalmente, de pneus agrícolas, destinada para pulverizadores, colhedoras e tratores de grande potência. Dentre as novidades: a família DT824, que foi ampliada com a medida 600/65R28, e a nova linha DT924 que chega com duas medidas, a 710/70R42 e a 480/70R34. “A linha APR, que terá, inicialmente, a medida 520/85R42, completa a lista de produtos, cujas características principais são maior durabilidade, economia de combustível e tração extra”, explica o engenheiro Leandro Pavarin, gerente de vendas Brasil da Titan Pneus. “Apostar e investir no Brasil e na América Latina, esse é o objetivo. Por isso, até o final do ano a ideia é incrementar ainda mais a linha agrícola e também a fora de estrada, trazendo até medidas de pneus que não são fabricadas ainda hoje no País”, diz Pavarin.

Assim como as demais companhias, a aposta é nos pneus radiais. “Hoje, ao testar um pneu radial e um diagonal, no mesmo implemento e na mesma área, o consumo de combustível e o tempo são perceptíveis. Há uma economia de combustível em torno de 7% utilizando pneus radiais e o ganho de velocidade em torno de uns 12%. Benefícios palpáveis”, afirma. Ofertando uma linha completa de pneus agrícolas da marca Goodyear, a expectativa é elevar as vendas. “Aguardamos com isso um crescimento em vendas entre 10 a 15%, no segmento agrícola”.

Só em 2012, segundo Marthe, houve um crescimento de 40% em comparação ao ano anterior. Os mercados brasileiro, paraguaio, uruguaio, boliviano e mexicano representou um faturamento na ordem de US$ 400 milhões por ano, sendo que o Brasil foi o grande responsável por esse total. “O que torna claro o nosso foco”, diz Marthe.

Reconhecimento

Neste novo leque de produtos, a fabricante vai prezar principalmente a gama de medidas e desenhos, adequando às necessidades dos produtores rurais e das montadoras, além de fornecer sempre uma qualidade elevada que é “Top of Mind” no setor agrícola. E o caso da Bridgestone. Com sede em Tóquio (Japão), a companhia é uma das maiores fabricante mundial de pneus e detentora das marcas Bridgestone, Bandag, BTS e Firestone. No Brasil, produz pneus para todos os segmentos em suas fábricas de Santo André (SP) e de Camaçari (BA), que juntas atingem capacidade de produção de 42 mil pneus/dia.

Recentemente, a Bridgestone apresentou o seu radial All Traction DT, um pneu agrícola com construção radial, forte tendência do mercado, antes importado dos Estados Unidos e agora produzido no Brasil. “No caso da Bridgestone, que oferta uma linha completa de pneus agrícolas da marca Firestone, a expectativa é elevar em 4% as vendas neste ano e manter o posicionamento da marca. Entre os Estados promissores São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, se destacam”, diz Marcos Aoki, gerente geral de Vendas Comercial da Bridgestone do Brasil.

De acordo com Aoki, para atrair cada vez mais o mercado, a companhia oferece oito anos de garantia em seus pneus, além de possuir um campo de provas exclusivo para testes. Além disso, possui aproximadamente 130 revendedores oficiais. Estes diferenciais permitiram que na categoria Pneus Agrícolas, a marca Firestone da Bridgestone do Brasil ganhar por dez vezes consecutivas o prêmio “Top of Mind” da Revista Rural (2003 a 2012) e por oito vezes o prêmio “Top of List” da mesma revista, como reconhecimento por sua tradição, qualidade, performance superior, confiança e força no agronegócio brasileiro.

Outra estrada

Após se especializar no mercado brasileiro de produtos para reparo e reforma de pneus e câmaras de ar, a Fate Pneus do Brasil, empresa associada a Borrachas Vipal, lança novos produtos. No ano de 2010, a Vipal e a argentina Fate assinaram protocolo de intenções com o governo do Estado do Rio Grande do Sul, para a instalação de uma fábrica no distrito industrial no município de Guaíba, e após isso deram o pontapé para o mercado de pneus novos. Neste ano, por exemplo, a companhia trouxe o Pneu GD-800, de tração “R1” para máquinas agrícolas, com alto desempenho e produtividade nos mais diversos tipos de solos. “Ainda este ano serão lançados o GD-900, para o segmento R4, que apesar de ser utilizada em grande parte na construção civil, atenderá uma parte das colheitadeiras em uso no Brasil, e o GD-700, para o segmento R2, um pneu diagonal com sulcos extraprofundos e grande poder tração em solos alagados, especialmente desenvolvido para a cultura de arroz”, diz Ricardo Drygalla, gerente de Vendas EO/Grandes Contas da Fate.

De acordo com ele, apesar de ter significativa participação no mercado argentino, em todos os segmentos de transporte de que participa, no Brasil a companhia ainda é pouco conhecida devido ao pouco tempo de atuação por aqui. “Temos, portanto, um grande desafio pela frente, mas também uma excelente oportunidade de negócio, especialmente nos mercados agrícola e de carga rodoviária com o apoio da Rede Vipal, que traz em seu DNA grande vocação à prestação de serviços e soluções em reparação e reforma de pneus, assegurando, assim, o melhor aproveitamento da vida útil dos mesmos”, afirma.

Na opinião de Drygalla, os volumes de pneus agrícolas comercializados nos últimos quatros anos é cerca de 10% menor que o volume vendido em 2008. Segundo ele, isso ocorre porque observa-se uma oscilação muito grande na venda de pneus agrícolas de um ano para o outro e também porque o ciclo de troca deste tipo de pneu costuma ser muito longo, de cinco a sete anos. “Sendo assim, o aquecimento das vendas de máquinas deverá impactar positivamente o mercado de pneus nestes próximos anos”, diz. “Todos os prognósticos atuais indicam que 2013 será um ano de grande demanda por pneus, especialmente no segmento de pesados, fazendo com que a oferta seja muito próxima da demanda, e os níveis de estoque reduzidos, situação esta que exigirá melhor planejamento de todos os agentes deste mercado, seja o fabricante, seja o consumidor”, afirma.

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