Negócios

Balanço máquinas: a arrancada da mecanização

Incentivos do governo federal impulsionaram o mercado doméstico de máquinas agrícolas em 2012. As altas devem continuar em 2013.

O mercado interno nacional em 2012 foi, ao mesmo tempo, a mãe e o pai para o setor de máquinas agrícolas do País. As vendas em tratores de rodas foram de janeiro a outubro numa escala de crescimento progressivo. No acumulado do ano, 55.799 tratores comercializados – alta de 6,7% frente ao resultado de 2011. Já no segmento de colheitadeiras, a surpreendente arrancada aconteceu a partir de junho, seguindo até dezembro. Para se ter uma ideia, em maio foram comercializadas 148 unidades, ao passo que em dezembro a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sinalizava um total de 1.063 máquinas – uma alta de 618,24%. No acumulado de 2012, as vendas internas foram de 6.300 colheitadeiras, o que representou alta de 17,91% sobre o resultado de 2011. “Dois aspectos foram relevantes para esse crescimento no setor”, explica Milton Rego, vice-presidente da Anfavea e especialista no setor de máquinas agrícolas.

“Primeiramente, a forte seca que ocorreu nos Estados Unidos aqueceu os preços das commodities aqui no País. Em seguida, tivemos cortes das taxas do Finame de 5,5% para 2,5%. Isso serviu de estímulo a muitos produtores renovarem a frota”.

Mesmo sem dados do faturamento das empresas, Rego estima que o crescimento também foi maior nesse quesito em relação a 2011, em função do maior número de vendas de maquinários de maior potência. Na página pessoal dele na Internet (http://www.blogdomiltonrego.com.br/conteudo/de-cada-qual-segundo-sua-capacidade-a-cada-qual-segundo-suas-necessidades/), o representante da Anfavea fez um ranque dos Estados que mais investiram em máquinas agrícolas em termos de volume e nível de potência. Mato Grosso foi o destaque com um crescimento de 35%, com unidades que variam de 150 cavalo-vapor (cv) a 170 cv. “Esse crescimento em MT está relacionado a uma retomada de investimentos. Depois de uma quebra de safra lá por meados de 2005, os produtores mato-grossenses se viram numa situação de renegociação de dívidas e, por isso, ficaram um bom tempo sem poder investir em máquinas novas. De 2011 pra cá que essa situação foi normalizada e, agora, os produtores correm atrás para renovar a frota do Estado”.

Perspectivas continuam

Ao todo, no ano passado, as vendas de máquinas agrícolas foram de 69.374, o que representou alta de 6,2% frente o resultado de 65.323 unidades comercializadas em 2011. A boa notícia é que o mercado interno cresça também em 2013. São estimadas vendas de 72,2 mil a 72,9 mil máquinas, o que possam significar um crescimento de 4% a 5%. De acordo com Rego, o ânimo do setor também seria impulsionado pelas tensões dos números das safras de grãos mundiais e pela continuidade de taxas menores praticadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “A taxa não seria mais de 2,5%, mas sim de 3% no primeiro semestre de 2013, e de 3,5%, no segundo. Esse anúncio realmente foi importante para o setor, pois é possível planejar melhor”.

Exportações

Se a notícia é boa para o mercado interno, para o externo, só restam lamentações. Ainda pairam a falta de competitividade do produto nacional e as altas taxações no sistema de produção das máquinas como empecilhos para, ao menos, resultados medianos. “O alto custo das matérias-primas tiram grande parte de nossa competitividade. Se por um lado, celebramos recordes de produção de grãos e vendas no mercado interno, o mesmo não podemos fazer para as exportações do setor”, diz Rego.

No acumulado de 2012, foram comercializadas 16.721 unidades contra 18.368, em 2011. A queda foi de 8,97%. Quem puxou ainda mais pra baixo foi o segmento de colheitadeiras, o qual registrou uma queda de 48,24%.

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