Mercado de pequenas máquinas agrícolas passa por um bom momento e produtores buscam cada vez mais a compra destes maquinários.
Ao longo dos últimos anos, vimos um novo tipo de mercado surgindo com uma força bastante considerável e se instalando com propriedade no mercado nacional. É o mercado das pequenas máquinas agrícolas. Com diferentes tipos de máquinas entre tratores e colheitadeiras, por exemplo, encontram-se as grandes empresas do setor investindo neste novo tipo de segmento, que tem a maioria de seus produtos com potência abaixo dos 100cv, para atender de maneira completa seus clientes.
Os tratores ou como podemos apropriar para este novo mercado, mini tratores, têm diferenciados tipos, como por exemplo: os de arado, carretel ou molinete. Estas novas máquinas são mais indicadas para as plantações pequenas. O trabalho no campo fica muito mais fácil com os tratores pequenos, pois não estragam o solo e entram facilmente pela lavoura, atingindo os lugares mais íngremes e difíceis de chegar com uma máquina em tamanho maior.
Para alguns especialistas do assunto, como o gerente de vendas da Agritech, Nelson Watanabe, o ano de 2012 está sendo um ano de tranquilidade para o setor, que passou um período estável no ano passado. As vendas aos pequenos produtores e aos clientes das diversas marcas deste segmento em 2011 foram um pouco abaixo das expectativas, já que em 2010 o mercado das pequenas máquinas teve índices bastante satisfatórios – 56 mil tratores foram comercializados no Brasil – atingindo seu melhor ano desde quando foi instalado pelo Governo o juros fixo, na temporada 2005/2006. Foi a partir desta ação governamental que ficou possível financiar as pequenas máquinas aos pequenos produtores, aqueles produtores familiares. Ele diz que o que se percebe é que falta hoje crédito aos pequenos produtores para comprar essas máquinas. Para o gerente de vendas, nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espirito Santos não se tem tanto esse problema devido ao grande “boom” que houve em 2010, na compra de maquinários e que nestas regiões há uma melhor rotação no mercado. Mas nos outros Estados existe esta restrição ao crédito. “O governo está muito interessado pra que este tipo de maquinário chegue ao produtor familiar, mas sem dar uma garantia ao agente financeiro fica mais difícil de conseguir isto”, declara.
Watanabe conta que o programa Mais Alimentos, linha de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) que financia investimentos em infraestrutura produtiva da propriedade familiar, financia até R$130mil reais individuais. Com isso o topo da pirâmide dos produtores já foi financiado, mas aqueles que são bem pequenos ainda não por completo. “Talvez com a criação de um fundo de aval, possa ser que aconteça de esse crédito chegar de maneira total na mão do pequeno produtor, pois o que falta é ele mostrar ao agente financeiro que o investimento vale a pena e que será recompensado”, completa.
A opinião de Carlos Magno, diretor comercial da Montana diverge um pouco de Watanabe. Para Magno, hoje temos recursos suficientes, que atinge á todos. O pequeno produtor tem linhas de créditos com subsídios maiores, com taxas de juro de até 2% ao ano, no próprio programa Mais Alimentos. Já a taxa de juros do médio e do grande produtor é de 5%. “O mercado hoje não vive seu melhor momento, mas, está num bom ano. Costumo dizer que se os preços das commodities estão bem, vende-se tudo. Quando os preços desses produtos estão ruins, não se vende nada!”, exclama Magno, que diz que a empresa se foca muito nos pequenos produtores hortigranjeiros e naquele agricultor que planta menos. “Hoje a Montana tem 230 pontos de venda no Brasil, e em cada unidade o trabalho é feito em cima das necessidades de cada região que nos cerca”, declara.
Magno completa dizendo que desde que as linhas de créditos foram instaladas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e mantidas pelo Lula, o setor sempre teve demandas. “Acontece que há dez anos não tinha linha de crédito. Desde o governo FHC nunca faltaram linhas de créditos. O que nós que produzimos estas máquinas sabemos, é que o segmento tem as demandas num ciclo mais curto, pois o pequeno produtor compra uma máquina que vai durar de 15 a 20 anos. Já o grande produtor tem que renovar seu maquinário em aproximadamente quatro anos.”
Especialista em marketing de produto da Case IH, Tomas Lorenzzon fecha esta questão dizendo que se levarmos em consideração os últimos cinco anos, o mercado de máquinas de pequeno porte teve um recuo pouco considerável devido á migração para máquinas maiores ou então a troca do sistema convencional para o axial, que permite reduzir o parque de máquinas e ainda aumenta a performance e qualidade do grão. Ainda assim a classe das pequenas ficou com 41% do mercado total brasileiro no ano de 2011, correspondendo a 2.288 mil unidades vendidas no último ano. “Para o agricultor isso é muito positivo, pois reflete a evolução tecnológica das colheitadeiras e máquinas pequenas em uma década, mostrando que todas as marcas estão migrando para o sistema axial de colheita, que é reconhecido como o melhor método de debulha do mercado na atualidade”, explana Lorenzzon.
O que se tem por certo entre as concorrentes do mercado é de que o cenário das pequenas máquinas não deve mudar muito ao longo dos próximos anos e que os produtores de todos os tamanhos podem ficar tranquilos em relação á isso. “Este é um mercado que vende para todo Brasil. Normalmente 60% do volume de venda das indústrias se deve ao mercado das pequenas máquinas. No ano de 2009, chegou a atingir os 75%. Então, no futuro não se vê uma grande mudança ou uma mudança drástica no setor”, comenta Luiz Cambuhy, gerente de vendas da Valtra. Ele trabalha em cima da ideia de que mesmo com as regiões Sul e Sudeste seguindo como principais consumidores não só das pequenas máquinas, mas sim do mercado de modo geral, as outras localidades do Brasil também estão adquirindo mais máquinas, o que faz e fará com que o mercado se mantenha numa linha tênue num médio espaço de tempo. “A região Sul movimenta o mercado geral de máquinas num índice de 32%, e em um número incrível, São Paulo sozinho atinge 24% de movimentação do mercado. Devido á todas as linhas de créditos e tudo mais que há hoje, os outros Estados também têm comprado suas máquinas e aumentando suas respectivas produções”.
Rubens Moura, gerente de vendas da Massey Ferguson completa a ideia de Cambuhy dizendo que está havendo crescimento em todo Brasil, mas que ainda regiões como Norte e Nordeste não conseguem crescer na mesma proporção de Sul e Sudeste. “O mercado de tratores é uma ferramenta que se adequa a tudo. O segmento está sempre em crescimento, as demandas cresceram e isso estabiliza o mercado. Nas perspectivas de futuro, precisaremos de mais maquinas daqui a algum tempo para suprir estas demandas.”
Tecnologia para todos!
Um ponto que se percebe a preocupação das empresas na hora de fabricar uma máquina de pequeno porte, é em manter ou pelo menos oferecer tecnologia semelhante as das grandes máquinas. Cada dia mais os clientes estão exigentes, e num mercado com uma grande competição entre as empresas, a tecnologia vira uma arma poderosa na hora de fisgar uma nova clientela. Outro ponto bastante interessante abordado pelos diretores e gerentes das marcas que fabricam as máquinas, é de que a tecnologia mais do que nunca tem que chegar á todos os pontos de suas demandas, para assim, não favorecer mais um produtor de uma determinada região em relação á outra, independente de sua condição financeira.
Além disso, a evolução na tecnologia disponível para os tratores de pequena, média e grande potência está sempre alinhada às necessidades do agricultor que o utiliza. Há algum tempo, por exemplo, a agricultura de precisão era uma tecnologia que parecia estar acessível apenas para propriedades gigantes, com grande parque de maquinários. Isso não é verdade. Hoje vemos as pequenas propriedades utilizando de tecnologia de agricultura de precisão para melhorarem sua produtividade, aproveitando melhor sua extensão de terra e economizando com insumos e espaço.
“Quando analisamos o conforto das máquinas, também vemos que a tendência é para todos os equipamentos, e não apenas para os equipamentos de grande porte. Hoje, os tratores pequenos também possuem cabine, assento e comandos ergonomicamente projetados. A aplicação das máquinas em suas diferentes potências varia de acordo com a necessidade de cada propriedade, mas hoje todos os equipamentos são projetados para oferecerem o melhor custo benefício e conforto em suas operações”, diz a especialista de tratores da New Holland, Patrícia Pedroso.
Estas tecnologias se diferenciam na hora da compra da máquina. Cada produto difere no seu ponto forte quando se varia de marca ou modelo. E também há aqueles produtores que têm melhores condições financeiras que vão conseguir um produto com mais equipamentos e de melhor qualidade, porém, aqueles que não têm esta condição de adquirir não ficam desamparados, até porque as empresas prezam pela tecnologia ao alcance de todos. “A tecnologia é uma coisa que é fornecida pela indústria e empurrada pelo mercado, o que a torna fundamental na hora de fabricar um produto. O mundo ficou pequeno por causa da internet, e cada vez mais buscamos tecnologias. Para isso procuramos trazer tecnologia de fora para dar aos clientes a melhor opção de mercado”, declara Moura.
Nelson Watanabe revela que o principal negócio é utilizar a tecnologia para criar uma máquina robusta e forte e que tenha longevidade grande, pois é isso o que o pequeno produtor necessita no momento. “Eles precisam de máquinas confiáveis, e por isso a Agritech trabalha com motores de grande qualidade. Fazemos este trabalho sem esquecer-se do médio e grande produtor também, que consegue uma tecnologia maior, mais elevada, pois ele tem uma melhor condição para adquiri-la.”
As empresas além de utilizar toda a tecnologia disponível no Brasil e no mundo cobram-se por revoluções internas para se destacar nesse mercado muito concorrido, e onde além dos produtos, as propagandas também são a alma do negócio. Cambuhy revelou que a Valtra passou por uma destas revoluções no ano de 2009, na linha de tratores abaixo de 90cv. “Com esta revolução levamos aos clientes economia de combustível, conforto, baixo custo de manutenção, melhorias internas, fatores de segurança e baixa emissão de ruídos”. Para chamar a atenção do público para sua marca, seus produtos e projetos, a empresa recentemente em uma feira que participou testou um protótipo de trator do futuro, para mostrar ao público o que a tecnologia ainda poderá fazer por este tipo de setor.
Para lançamentos de novidades a Case IH, por exemplo, está com seu último lançamento no segmento de tratores de pequeno porte que aconteceu no inicio de 2012, é o modelo de 60cv da linha Farmall. Além deste, a família também conta com outras duas máquinas de menor potencia: Farmall 80, produto incluso no programa Mais Alimentos e o Farmall 95.
“Os tratores Farmall são destinados ao agricultor familiar que tem na máquina seu primeiro trator multitarefa. Os médios e grandes produtores também entendem que a versatilidade do equipamento, sua facilidade de operação e manutenção são diferenciais importantes e podem ser usados em tarefas cotidianas e que não exigem alta potência”, conta Lorenzzon, que conclui dizendo que em 2011 a marca colocou no mercado uma colheitadeira de grãos de pequeno porte, a Axial-Flow2566, considerada a porta de entrada do sistema axial de colheita para produtores orientados à tecnologia, mas que não tem uma produção de volume que compense a aquisição de uma colheitadeira axial de grande porte ou então as condições do terreno obrigam o produtor a possuir uma máquina com plataformas estreitas.
Patrícia Pedroso revela que buscando atender este mercado tão competitivo, recentemente a New Holland lançou suas novas linhas de tratores: TK4000 e TDF. As máquinas chegam ao Brasil com objetivo de suprir a necessidade de culturas específicas no país. “A série TDF chega com três modelos, de diferentes potências: o TDF65, de 66cv, o TDF75, de 73cv e o TDF85, de 81cv, para atender a demanda de produtores que precisam de tratores mais estreitos que os convencionais. O menor trator da linha TDF tem 1,51 metro (m) de largura. Esse é um equipamento realmente acima da média, muito bem certificado internacionalmente, um destaque na categoria. Trazê-lo para o Brasil é uma decisão de ter o melhor em mais um segmento do mercado”, completou.