Mato Grosso prepara-se para um salto que pode dinamizar o escoamento da safra no Estado, isso porque está a todo vapor uma série de obras de infraestrutura que abrirão caminho para a carga de grãos para os portos no Pará e Maranhão.
A ferrovia que liga o Alto do Taquari ao Alto do Araguaia, lá na ponta sudoeste de Mato Grosso que ligam os portos do Sul e Sudeste será ampliada, chegando a Rondonópolis e Cuiabá. Outro entroncamento férreo cortará o Estado e conectará o município de Vilhena (RO) e as cidades mato-grossenses Sapezal, Lucas do Rio Verde e Cocalinho, já na divisa de Goiás. Uma série de rodovias também está sendo planejadas para cruzar de leste a oeste e de norte a sul, abrindo passagem as Regiões Norte e Nordeste. Também está em fase de liberação o transporte pluvial pelas hidrovias Tapajós-Teles Pires e Tocantins-Araguaia.
Todas essas rotas poderão transformar daqui a cinco ou seis anos a realidade de Mato Grosso. O impacto mais esperado é justamente no queda do famigerado Custo-Brasil, que emperra maiores investimentos na agropecuária em função do encarecimento de transporte de safra e insumos.
Parte desse trabalho pode-se dever ao trabalho em conjunto de diversas entidades que se uniram para mobilizar a implantação das obras pelo governo federal. É o Movimento Pró-Logística, no qual participam a Associações dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja/MT), a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), a Associação do Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Estado (Crea-MT), entre outras entidades e grupos.
“Trata-se de um amplo programa de mobilização para poder tornar Mato Grosso, o Centro-Oeste e o Brasil mais competitivo”, avalia Carlos Henrique Fávaro, presidente da Aprosoja/MT e presidente do Movimento Pró-Logística. “Essa iniciativa já tem três anos e nós a fortalecemos com orçamento mesmo, não para se fazer obras, mas para ter poder de mobilização, de contratar projetos, contratar estudos, mostrar a viabilidade, mostrar onde tem os recursos, e mobilizar o que é mais importante, ou seja a população”.
Todas as obras são contempladas pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), algumas já estão ocorrendo total ou parcialmente, de acordo com Fávaro. Com abertura de novas rotas preços de frete e o própria abarrotamento de carretas nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) deverão cair. O grupo estima que seriam reduzidos cerca de US$ 20 por tonelada transportada até o porto. Além de obras federais, há investimentos estaduais e também municipais, com serviços de pavimentação e vias de acesso às rodovias. “Além disso, estamos desenvolvendo um projeto dos Corredores Estaduais do Agronegócio, que nos permitirá identificar as rodovias estaduais de maior fluxo em que será necessário maior cuidado”, acrescenta Edeon Vaz Ferreira, coordenador do movimento. Esse projeto visa estabelecer as rodovias estaduais mais importantes por cada região e que deverão ter sua manutenção ou pavimentação colocadas em prioridades pelo governo do Estado. Isso deve ser lançado no início de julho.
Quadro geral
Responsável especificamente por essas obras que estão sendo feitas em Mato Grosso, o Ministério dos Transportes traçou um panorama geral sobre como estão efetivamente os trabalhos. No caso das rodovias, a conclusão e pavimentação da BR 163 até Santarém (PA) contempla contempla o segmento compreendido entre Guarantã do Norte (MT) a Santarém (PA), incluindo acesso a Miritituba (PA) pela BR 230. A meta é executar mil quilômetros (km). Este segmento se divide em três trechos que se iniciaram todos em janeiro de 2007, Rurópolis-Santarém, Divisa MT/PA-Rurópolis (incluindo o acesso a Miritituba) e Guarantã do Norte-Divisa MT/PA.
O primeiro trecho já possui a conclusão de cinco pontes sobre os rios Mojú, Onça, Enxurrada, Lux e Tinga e alguns quilômetros pavimentados. O total do investimento previsto é de R$ 80 milhões e está sob a execução do Exército (8.º BEC). O segundo trecho também teve início em janeiro de 2007 o total do investimento é de R$ 2.051,0 milhões. O terceiro trecho já está concluído e absorveu R$ 123,16 milhões.
A obra de duplicação dos trecho Posto Gil-Cuiabá (BR-163) foi iniciada no início de 2007. De acordo com o ministério, o trecho Cuiabá-Trevo do Lagarto, foi concluído antes do PAC. O trecho de Rosário Oeste-Posto Gil está em obra. E o restante, Trevo do Lagarto-Rosário Oeste está com o PE em fase de finalização. O prazo de conclusão é em 30/12/2015. O investimento está em R$ 1.647,00, para todo o trecho da obra que é de Rondonópolis-Cuiabá-Posto Gil.
A pavimentação do trecho restante da Rodovia BR 158 ainda está em obras, também iniciadas em 2007. O prazo de conclusão é em dezembro de 2015. O total do investimento, previsto no projeto da obra está em R$ 365,80 milhões, incluído aí a estimativa de contorno em terra indígena que ainda está em fase de projeto.
Quanto às ferrovias, a construção da FICO está orçada em R$ 4 bilhões em investimentos, para o trecho de Uruaçu (Campinorte)/GO a Lucas do Rio Verde/MT, de 910 km. O trecho de Lucas do Rio Verde a Vilhena, ainda não tem previsão de execução nem custo. O trecho de Uruaçu (Campinorte) a Lucas do Rio Verde/MT, está previsto para se iniciar em novembro de 2013. A obra está em fase de contratação da elaboração do projeto executivo, a conclusão oficial está para novembro de 2017. Já foram investidos até agora R$ 13,0 milhões em estudos e projetos básicos. O total do investimento, previsto no projeto da obra é de R$ 80 milhões para os projetos e R$ 4 bilhões na execução da obra.
A extensão da Ferronorte até Cuiabá passando por Rondonópolis (previsto no PAC o trecho até Rondonópolis) está sem da data de início da obra. O Estágio que ela se encontra é de elaboração de convênio para o Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE), que deve ser finalizado até dezembro de 2013 ao custo de R$ 15,5 milhões (nesse caso, só para a conclusão do estudo, que deve ser elaborado pela Universidade Federal de Santa Catarina).
Finalmente nas hidrovias, para a viabilização de navegação pela Tapajós-Teles Pires é necessária sinalização no rio Tapajós ao longo de 290 km, que deve ser concluída em 2013. O investimento previsto é de R$ 2,56 milhões. Também é previsto um estudo no rio para projeto de manutenção e realização de serviços de dragagem, derrocamento, sinalização e balizamento em todo o corredor. A meta de dragagem de 769,0 mil m³ e a sinalização em 290 km tem data de conclusão em 10/05/2015, com investimentos previstos de 2011 a 2014 em R$ 20,44 milhões.
Quanto à viabilização de navegação pela hidrovia Tocantins-Araguaia foram previstas obras para o rio Tocantins, derrocamento do Pedral do Lourenço, dragagem no trecho entre Marabá e Pedral do Lourenço e sinalização da hidrovia. A obra ainda não data para se iniciar e está em fase de planejamento.