Um manejo integrado pode potencializar o sucesso na manutenção do campo sadio. Para melhor controle das doenças e pragas da batata, o sistema mais adequado, tanto do ponto de vista econômico como ecológico, é o controle integrado, que procura preservar o meio ambiente, reduzindo ao mínimo o uso de defensivos, sem negligenciar, entretanto, o seu
valor. A enfase é no controle cultural. Em áreas onde existe um grande número de produtores, entretanto, de nada adianta adotar todas as medidas se o vizinho não fizer o mesmo.
O passo inicial é utilizar batata-semente certificada. Essa medida se mostra importante porque trata-se de uma meneira de assegurar a implantação da lavoura com produto menos contaminado com patógenos. A reutilização de batata-semente proveniente de campo de consumo pode ser feita, porém, essa pratica só se justifica se ocorreu baixa incidência de viroses no ciclo anterior da cultura. Vale lembrar que algumas cultivares degeneram rapidamente devido ao acúmulo de vírus. Assim, é aconselhável não plantar a batata mais do que duas safras seguidas na mesma área. Dessa forma, pode-se fazer rotação com cereais (arroz, milho, sorgo), cana-de-açúcar ou até mesmo com pastagens.
Mas deve-se tomar cuidado na hora de escolher as parceiras para esta rotação de cultura. Deve-se, por exemplo, evitar plantar batata em área onde foram cultivadas outras plantas da mesma família, como pimentão, berinjela, tomate ou jiló.
Descarte sem dó
Sempre que surgirem as primeiras plantas com viroses ou com doenças de solo, deve-se arrancá-las junto com as plantas próximas de todos os lados, e enterrá-las profundamente. Outra alternativa mais eficiente é queimar estas plantas contaminadas.
O próximo passo é eliminar sistematicamente a soqueira e as plantas daninhas no campo e em torno dele. Arar o solo com três meses de antecedência é uma prática recomendável, de modo a expor os patógenos ao dessecamento.
Plantar em solos bem drenados, que não acumulam água em excesso, pois solos encharcados no final do ciclo favorecem muitas doenças, como a sarnapulverulenta e as podridões de tubérculos. Em razão disso, o produtor deve ter o cuidado de não irrigar em excesso. A escolha da fonte de água para a irrigação também é de suma importância, evitando-se água com possível contaminação. Ainda na fase de plantio, é importante utilizar espaçamento correto para cada cultivar. Plantios pouco arejados também favorecem doenças.
A batata é bem sensível a erros na dosagem dos produtos aplicados na lavoura e responde de forma desfavorável muito facilmente. Assim, deve-se ter cuidado para não aplicar excesso de calcário, por exemplo. Um pH acima de 6,0 favorece a ocorrência da sarna, causando perdas significativas ao produtor. Do mesmo modo, adubar corretamente também tem que ser palavra de ordem: falta ou excesso de nutrientes favorece o desenvolvimento de uma série doenças e pragas.
Escolha a cultivar com cuidado
Quando disponível, o produtor deve plantar sempre cultivares resistentes às doenças e insetos mais prevalecentes na região. Quando isso não for possível, deve-se então pulverizar preventivamente com fungicidas recomendados para a cultura, quando as condições climáticas forem favoráveis a uma determinada doença.
O cuidado e a vigilância deve ser constante para identificar rapidamenter o surgimento de qualquer enfermidade na lavoura. Monitorar a população de insetos também é importante, mas não se faz necessário o uso de inseticidas de forma preventiva, ou seja, deve-se pulverizar somente quando necessário.
Visitar frequentemente o campo e observar qualquer irregularidade que favoreça doenças, como vazamentos de canos de irrigação, ocorrência de plantas daninhas, presença de insetos, etc ajuda na manutenção da lavoura sadia e permite medidas rápidas no caso de alguma incidência.
O rigor nessa vigilânia varia em função do destino da produção de cada área, ou seja, em campo de batata-consumo, por exemplo, pode-se tolerar até 30 pulgões sem asas por 100 folhas baixeiras da planta da batata. O mesmo não se aplica a campos de produção de batata semente. Da mesma forma, a erradicação de plantas com sintomas de virose só se justifica em campos de produção de batata-semente. A aplicação de inseticidas para o controle de viroses não se justifica no caso do FVY (transmissão não circulativa). Com o vírus do enrolamento (PLRV) (transmissão circulativa) a medida se justifica desde que haja baixa incidência de vírus no campo. Deve-se utilizar inseticidas específicos para pulgões.
É recomendável também fazer eficiente controle de plantas daninhas, principalmente as solanáceas que abrigam insetos que transmitem viroses ou causam danos às folhas e tubérculos. Realizar a colheita com cuidado, de modo a não ferir os tubérculos.
Não se deve lavar a batata. Tubérculos que se ferem e recebem umidade no processo de lavação apodrecem rapidamente. Por outro lado, quando houver necessidade de lavagem, se faz necessário deixar que os tubérculos sequem bem antes de embalar ou transportar.