Com o objetivo de aumentar a produção do fruto no Brasil, a Embrapa desenvolveu quatro novas cultivares que apresentam resistência às principais doenças da cultura, maior produtividade e rentabilidade para os produtores.
O guaraná é uma planta genuína da Amazônia e sua história está intimamente ligada à cultura indígena local. Logo após a descoberta do potencial dessa planta, o cultivo se expandiu para os estados da Bahia e Mato Grosso.
Do fruto da Paullinia cupana, nome científico do guaraná, é possível extrair a semente torrada (conhecida também como ramas). Enquanto que das sementes torradas podem ser obtido o xarope (consumido diretamente como bebida energética ou usado para a produção de refrigerantes gaseificados), o bastão (usado para ralar e obter o pó) ou o pó concentrado.
Devido ao grande potencial dessa cultura, tanto no que concerne às características medicinais como a rentabilidade, o guaraná se tornou importante matéria-prima para as indústrias químicas, de refrigerantes e de cosméticos. De acordo com o levantamento feito pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), a produção de ramas de guaraná no Brasil está estimada em 4.300 toneladas por ano, sendo que desse total 70% é absorvida pela indústria de refrigerante (sob a forma de xarope) e os 30% restantes abastecem o mercado interno e externo, na forma de pó, xarope e bastão.
Várias são as propriedades estimulantes da semente torrada do guaraná: aumenta a resistência do organismo e diminui a fadiga. De acordo com informações do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, o pó do guaraná é antitérmico, antineurálgico, antidiarréico, estimulante, analgésico e antigripal. Na semente é possível encontrar ainda teobromina, cafeína, amido, ácido tânico, cálcio, timina, vitamina A, ferro, fósforo, potássio e fibras vegetais.
Assim, pensando em aumentar a produtividade, a resistência às principais doenças da cultura e a rentabilidade dos guaranazeiros, a Embrapa está lançando e disponibilizando no mercado quatro novas cultivares de Guaraná: BRS Cereçaporanga, BRS Mundurucânia, BRS Luzeia e BRS Andirá.
O licenciamento de viveiristas para produção de mudas desses materiais está sob a coordenação do Escritório de Negócios da Embrapa Transferência de Tecnologia na Amazônia. Acesse a Página de Negócios de Cultivares para encontrar mais informações sobre as cultivares da Embrapa.
Lendas do Guaraná
Por causa da lenda de um curumim (criança indígena) especial, as tribos de Mundurucânia eram as mais prósperas dos índios. Todas as guerras eram vencidas, as pescas eram fartas e as doenças raras. Contudo, certo dia, o gênio do mal feriu o protegido garoto por meio de uma cascavel, trazendo lamentação e desespero para toda Mundurucânia.
Ao ver a lamentação da tribo, o deus Tupã determinou que os olhos do curumim fossem plantados na terra firme e regados com lágrimas durante quatro luas. Logo, os pajés não questionaram, arrancaram os olhos da criança e os plantaram conforme foi determinado pelo deus dos índios.
Foi assim que, no lugar semeado, nasceu uma planta travessa, com hastes firmes e escuras. Os frutos negros envoltos em cápsulas da cor vermelha e branca lembravam os olhos do príncipe curumim e, por dádiva de Tupã, as sagradas sementes proporcionavam disposição para os idosos e força para os jovens, trazendo progresso para a tribo.
Desde então, os guerreiros sempre andavam com porções dessas sementes, que eram mastigadas nos momentos da batalha, de necessidade de vitalidade ou de virilidade. Chamou-se então de warana, que na linguagem indígena dos Maués (sateré-mawé) significa “parecido gente”, pela lembrança dos olhos do garoto.