Pecuária

Ecto parasitas: incomoda o animal e o bolso!

Se os animais adultos forem machos para o abate, a vermifugação deve ser feita em setembro ou outubro, e se forem fêmeas, julho ou agosto, antes dos meses de pico de parição.

Parasitismo pode ser definido como uma associação ecológica onde há uma relação íntima e duradoura entre dois organismos de espécies diferentes e na qual o parasita depende exclusivamente do hospedeiro para a perpetuação da sua espécie. A intensificação dos sistemas de produção de gado de corte e de leite e, principalmente, a melhoria genética do rebanho, fez com que as parasitoses se agravassem cada dia mais, trazendo prejuízos cada vez maiores aos pecuaristas.

Somente os principais ectoparasitas dos bovinos, causam perdas estimadas de mais de 2,5 bilhões de dólares aos pecuaristas, principalmente devido ao carrapato, mas também ao berne, bicheiras, moscas dos chifres e moscas dos estábulos. O gasto para se combater e controlar os parasitas está cada ano maior e hoje a venda de produtos veterinários para combate e controle de endo e ectoparasitas, representa 34% dos medicamentos vendidos, ou seja, mais de novecentos e sessenta milhões de reais. (SINDAN,2009).

Para se ter um melhor resultado no combate e controle dos parasitas é preciso que o pecuarista saiba que não pode depender tão somente do uso de medicamentos, mas que hoje informações como quais as melhores épocas do ano para aplicação dos produtos, quais os produtos e os princípios ativos são os mais indicados, quais animais devem ser tratados, manejo dos animais e pastagens…, são muito importantes e só unindo todas as informações vai fazer com que tenha maior êxito contra os parasitas.

Verminose

Todos os animais, independentes da espécie, são acometidos pelo problema verminose e os prejuízos decorrentes são fatores limitantes ao potencial de produção em todo o mundo. A verminose traz grandes prejuízos, como: baixos índices de crescimento dos animais, perda de peso e retardo nas idades reprodutiva e de abate, diminuição na conversão alimentar e, consequentemente, diminuição nas produções de carne e leite, predisposição a outras doenças e até baixa performance reprodutiva.

O local onde os parasitas se instalam, a espécie desses parasitas, suas rotas de migração pelo organismo, seus hábitos alimentares e a quantidade de formas infectantes adquiridas, interferem nos danos causados aos bovinos. Fatores como: idade, raça, estado nutricional e estado imunológico determinam a extensão destes danos.

De modo geral, animais mais jovens são mais susceptíveis a verminose do que animais adultos. O sistema imunológico desenvolve-se lentamente, podendo ser mais eficiente, dependendo do parasita, apenas a partir da puberdade. Os animais adultos podem apresentar infecções subclínicas, o que assegura a contaminação das pastagens, prejudicando os animais mais jovens.

Existem raças que são mais ou menos susceptíveis e, dentro destas raças, existem animais mais ou menos susceptíveis. Como estas características são herdáveis, recomenda-se identificar estes animais, para que sejam descartados. Além de apresentarem menor produtividade, são contaminadores da pastagem, pois eliminam grande quantidade de ovos nas fezes.

Animais com dietas com baixos teores protéicos apresentam sinais clínicos mais severos. Animais em bom estado de saúde, com sistema imunológico, tendem a ter menor infestação parasitária.

Ciclo da verminose

A respeito do ciclo biológico da verminose, deve-se saber que parte do ciclo, os parasitas passam no animal (ciclo endógeno) e parte na pastagem (ciclo exógeno). Temperatura e umidade são fatores importantes para sobrevivência e desenvolvimento das fases parasitárias encontradas nas pastagens. Temperaturas entre 18 e 26 graus Celsius e umidade elevada são ideais para o desenvolvimento rápido, que pode ser de 7 dias, dependendo do parasita.

Os sintomas não são específicos, mas uma vez visto, não devemos descartá-la, são eles: diarréia, anemia, edema submandibular ou de ganacha ou papada, tosse seca e curta, emagrecimento, apatia, desidratação e pêlos opacos, sem brilho. Como falado, estes sintomas ou sinais não são característicos, assim, é importante uma avaliação do médico veterinário, para um exame físico, anamnese e exames laboratoriais, como o.p.g. e coprocultura, para determinar a necessidade da vermifugação, qual produto deve ser usado, quais animais vermifugar e dicas de manejo.

O tratamento da verminose mais recomendado é o estratégico, que no Brasil Central, compreende a entrada, meio e saída da seca, ou os meses de Maio, Julho e Setembro. Este tratamento estratégico com 3 aplicações ao ano, deve ser feito nos animais da desmama ao 30 meses de idade, e a partir desta idade uma vez ao ano. Se os animais adultos forem machos para o abate, a vermifugação deve ser feita em setembro ou outubro, e se forem fêmeas, julho ou agosto, antes dos meses de pico de parição.

Poucos pecuaristas conhecem o tratamento estratégico e uma parcela menor ainda o fazem em suas propriedades, porém os ganhos são grandes, principalmente, tendo diminuição na taxa de mortalidade dos bezerros e aumento no ganho de peso dos animais.

A mosca berneira coloca seus ovos sobre outras moscas que os levam aos animais.

Parasitas externos

Dermatobia Hominis – Berne

Popularmente chamada de “mosca berneira”, sua larva é chamada de berne e desenvolve-se no tecido subcutâneo dos mamíferos domésticos, silvestres e até no homem. A mosca não se aproxima dos animais, costuma colocar seus ovos sobre outras moscas como mutucas, moscas domésticas e dos estábulos. Estas moscas colocam os ovos sobre a pele dos animais, e quando larvas, penetram ativamente na pele. As lesões do couro são definitivas e são uma das causas mais importantes de desvalorização.

Cochliomyia Hominivorax (bicheira, mosca varejeira)

O inseto adulto é conhecido popularmente como “mosca varejeira” e as larvas por “bicheira”. Seus ovos são colocados onde há uma porta de entrada nos animais, como por exemplo, feridas de arame farpado, castrações, bernes …., as larvas para poder crescer se alimentam do tecido em volta.

Haematobia irritans (mosca dos chifres)

Foi introduzida no Brasil na década de 80 e rapidamente se alastrou por todo o território. Alimentam-se de sangue e vivem permanentemente sobre os animais, abandonando-os para realizarem postura nas fezes frescas dos bovinos ou para trocarem de hospedeiro. Produzem várias picadas doloridas, o que devido ao incômodo, faz com que os animais deixem de se alimentar direito, diminuindo as produções de carne e leite. Devido as feridas no couro, podem ocorrer miíases, complicando ainda mais o problema.

O carrapato é o maior causador de prejuízos da pecuária.

Riphicefalus microplus (carrapato)

Hoje, o maior causador de prejuízos a pecuária nacional. Suas fases adultas de machos e fêmeas ficam sobre os animais se alimentando e copulando. As teleóginas, também chamadas popularmente de jabuticabas ou mamonas, descem dos animais e vão colocar seus ovos na pastagem, em torno de 3.000 a 4.000 ovos. Estes ovos se transformam em larvas e sobem nos animais. O próximo estágio é a forma de ninfas, para daí virarem adultos.

Os principais danos provocados pelos carrapatos aos bovinos são irritação, reações alérgicas, inflamação, danos irreparáveis ao couro, queda no ganho de peso e produção de leite, além de transmitirem doenças.

A forma de aplicação mais indicada contra os carrapatos é a pulverização. Importante salientar que é muito importante fazer uma aplicação correta, pulverizando o produto por todo o corpo do animal e usar de 4 a 5 litros de calda por animal.

Para se ter um melhor resultado no controle de carrapatos, hoje, o mais indicado é realizar um teste de sensibilidade do parasita a bases químicas disponíveis no mercado, só assim o produtor saberá qual o produto mais indicado para sua propriedade.

Gustavo Máximo Martins é Médico Veterinário
Técnico Responsável pelo Laboratório Vet&Cia Matsuda.

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