Negócios

Mercado: 2010 o ano da solidificação do setor

O Brasil fechou o ano de 2009 com uma exportação de açúcar de pouco mais de 24 milhões de toneladas, arrecadando um total de oito bilhões de dólares, com preço médio de 15 centavos de dólar por libra-peso. Esse volume representa um acréscimo de 24,75% em relação à exportação de 2008.

Já a exportação de álcool, no mesmo período, foi de 3,296 bilhões de litros, arrecadando cerca de 1,33 bilhões de dólares, com preço médio de 405,90 dólares por m3. No entanto, esse volume representa uma queda de 35% em relação a 2008.

Esse aumento tem nome, o crescente espaço que o açúcar conquistou, sobretudo no mercado indiano. Em 2009, o Brasil exportou 4,8 milhões de toneladas de açúcar a mais do que o ano anterior. E as exportações para a Índia alcançaram 4,3 milhões de toneladas, ou seja, as importações indianas foram responsáveis por 87% do volume exportado a mais pelo Brasil no ano passado. Nossa estimativa, agora, é que o volume fixado de açúcar pelo Brasil para a safra 2010/2011, incluindo o que foi rolado da safra 2009/2010 é de pouco mais de 7 milhões de toneladas.

Os números podem parecer modestos, mas a falta de crédito e a restrição das tradings de permitir a fixação das usinas para períodos de embarque mais longos são as razões para esse volume menor – menos de 30%.

Apesar das questões restritivas de crédito, as usinas deverão ter um retorno bastante satisfatório tanto para o açúcar quanto para o etanol nesta safra. Estimamos que o resultado operacional das usinas (antes das despesas financeiras e custos fixos) seja de 25,90 dólares por tonelada de cana moída.

Apesar do volume modesto de fixação acima mencionado, o mercado de açúcar continua espetacular. Os níveis dos preços ultrapassam os mais otimistas apostadores, quando muitos acharam que o topo do mercado era entre 26-28 centavos de dólares por libra-peso, inclusive este analista, ainda chegamos a alcançar o patamar de 30,40, o maior preço em quase 30 anos. Com esses preços todos vão querer produzir mais açúcar, que vive um período de bonança em termos de preços no mercado internacional.

Desde outubro, temos alertado que os preços do açúcar no mercado interno provocariam a elevação da curva de preços do etanol, que estava abaixo do ponto de equilíbrio (no início de 2009, muitas usinas, pressionadas pela crise de crédito, chegaram a vender o álcool hidratado – usado no carro flex – 31% abaixo do custo). Por isso, o que era apenas uma perspectiva das usinas em alterar o mix de produção, dando preferência ao açúcar, se concretizou.

Além disso, o mercado de etanol ainda tem outra vertente que pesa sobre os produtores. A cana-de-açúcar é matéria-prima de dois produtos que competem entre si: o açúcar, uma commodity, com preço livre, negociado em bolsa, excelente liquidez; e o etanol, que embora conte com um mercado interno promissor, tem o preço limitado ao da gasolina, que por sua vez é controlado pelo governo.

O presidente Lula vem vociferando que os recentes aumentos do preço do etanol ocorreram porque “não houve seriedade na conduta entre empresários, governo e indústria automobilística”. Nada a ver com a lei da oferta e demanda. Esquece que o etanol não é encontrado perfurando o solo, que está sujeito às condições climáticas e que tem que concorrer com a gasolina, cujo preço é controlado. Se o petróleo dá prejuízo é o contribuinte que paga. Se o etanol é vendido abaixo do custo, quebra o setor.

No entanto, a expansão dos carros flex continua dando enorme sustentação. Se os números de crescimento da indústria forem 3% para os próximos três anos, teremos em 2013/2014, 56% da frota brasileira de veículos leves com motores flex. Isso vai elevar o nosso consumo para 34 bilhões de litros em 2013/2014.

Para acompanhar essa demanda interna, somada as exportações de etanol, mais o açúcar para os mercados interno e externo, o Brasil vai precisar moer em 2013/2014 912 milhões de toneladas de cana. Isso implica necessariamente numa expansão canavieira da ordem de mais de 10 % ao ano. O que significa uma necessidade de investimento em espantosos US$ 31,46 bilhões.

Uma coisa é certa, sabemos que o mercado de açúcar não vai ficar nos preços atuais ad eternum. E mesmo que aplicássemos uma queda de 30% nos preços do açúcar em NY e no mercado interno, assim como no etanol, as usinas teriam em 2010/2011 um resultado operacional estimado de US$ 18/tonelada de cana moída. Se essa estimativa se confirmar, porque estamos tratando de um mercado que sofre grandes oscilações, 2010 será um ano não apenas para arrumar a casa, mas quem sabe “comprar móveis novos”.

Arnaldo Luiz Corrêa é gestor de riscos, especialista em commodities agrícolas, e co-autor do livro Derivativos Agrícolas, pela Editora Globo. e-mail: contato@archerconsulting.com.br

Soja

Em janeiro, os produtores de soja andavam preocupados com relação à nova safra, uma vez que a produtividade apontava ser superior à média dos últimos anos em praticamente todas as regiões brasileiras. Somente no Estado de Mato Grosso estima-se que a produtividade gire em torno de 50 sacas por hectare, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Ao mesmo tempo, os vendedores estavam preocupados com as fortes quedas dos preços ao longo do mês. Além disso, as chuvas que estão em um bom nível em todas as regiões do Brasil têm prejudicado o avanço da colheita no Centro-Oeste. Devido à forte diminuição dos preços, os vendedores brasileiros se abstiveram do comércio neste início de colheita. A pressão vem de condições climáticas favoráveis para os campos de soja na América do Sul, o início da colheita no Brasil e as vendas no mercado futuro. Até mesmo, a desvalorização do real não foi suficiente para evitar quedas no mercado brasileiro.

Em janeiro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Cepea/Esalq), da Universidade de São Paulo, no Estado do Paraná (referência para o comércio brasileiro) a saca da soja retraiu 13,2% e fechou no dia 29 de janeiro, a R$ 36,90 a saca de 60 quilos (kg). No mesmo período, o Índice Esalq/BM&FBovespa para o produto entregue no porto de Paranaguá (PR) caiu 7,62% e fechou em R$ 38,80 a saca. O levantamento do Cepea sobre as vendas antecipadas da safra 2009/2010 aponta que, no Estado de Goiás, 35% da produção esperada já foi negociada. Em Minas Gerais, as vendas são estimadas entre 30 a 40%, no Oeste do Estado da Bahia (no município de Barreiras) serão 35 %, e no Sul do país (nos Estados do Rio Grande do Sul e Paraná) serão 10%, no máximo. No Mato Grosso, o maior produtor, metade da safra 2009/2010 deve ser comercializado já a outra parte foi trocada por insumos.

Boi

O mês de janeiro registrou lentidão intensa para o mercado do boi gordo. Chegando ao fim do mês, as vendas nos mercados, internacional e doméstico, foram lentas. Os abatedouros abstiveram-se de negociação e não ofereceram preços elevados pela arroba (15 quilos). A oferta também foi limitada, uma vez que houve pouco interesse dos criadores na negociação devido aos preços atuais.

Os pastos estão em boas condições na maior parte do Brasil devido às chuvas nos últimos meses. Por outro lado, os preços oferecidos no mercado para os criadores levaram estrategicamente a parar comércios e manter os animais nas pastagens à espera de bons preços. Quanto às exportações, existe uma demanda para o boi gordo de contratos específicos, o que não significa um aumento de vendas neste setor. Durante o mês, o Índice da Esalq/BM& FBovespa fechou a R$ 76,37 a arroba, uma retração de R$ 0,86. No mercado atacadista de carne (São Paulo, capital), os preços pela carcaça caíram 4%, entre o período do dia 29 dezembro a 29 de janeiro, encerrando a R$ 4,82 o quilo. No mesmo período, os preços do quarto traseiro caíram 5,8%, fechando em R$ 6,33. Quanto ao dianteiro, os preços caíram 0,85%, encerrando a R$ 3,47 o quilo.

Milho

Em janeiro de 2010, em média os preços do milho no mercado brasileiro registraram uma queda de 20% em comparação à média de janeiro de 2009 e 40% em janeiro de 2008 – em termos nominais, considerando-se todas as regiões pesquisadas pelo Cepea. O resultado diminui a forte alta das exportações em 2007, que estimulou os produtores nos anos subsequentes. No entanto, as vendas não atingiram o volume de quase 12 milhões de toneladas registrado em 2007. Os preços atuais e a escolha da cultura a ser plantada na safra de inverno, que começa a ser cultivada neste mês, influenciaram o produtor. Até o momento, não há estimativa oficial para a área de milho a ser plantada na safra de inverno. No entanto, os agentes do mercado esperam redução. A cultura de inverno conta por cerca de 30% da oferta total no Brasil. Quanto à colheita da safra de verão, as chuvas comprometem às atividades de campo. O levantamento do Cepea aponta que 5% da cultura no Estado do Paraná (maior produtor de milho no Brasil) já foi colhido. No Rio Grande do Sul, entre 15 a 20% da área. No Estado de São Paulo, a colheita está apenas começando. Em janeiro, o Índice da Esalq/BM & FBovespa de milho (região de Campinas, em São Paulo) reduziu 5,15% e fechou em R$ 19,10 a saca de 60 kg, no dia 29 de janeiro.

Cana

Os preços do açúcar registraram novos recordes nos mercados internacionais e no mercado brasileiro, no mês de janeiro. A principal causa veio da baixa oferta, especialmente na região do Centro-Sul do País, onde ocorreram problemas com relação ao esmagamento. Além disso, a Índia registra o segundo ano consecutivo de quebra de safra. Neste cenário, o Cepea/Esalq (Estado de São Paulo) para o açúcar cristal fechou em R$ 72,28 a saca de 50 kg, um aumento de 12,04 %, em janeiro. O contrato do açúcar para ser entregue em março 2010 alcançou um aumento de 7,34%, até o dia 21 de janeiro. No entanto, em sete dias (de 15 a 22 de janeiro), houve um aumento de 5,58%, devido a outras matérias-primas e a valorização do dólar. O açúcar refinado para ser entregue março 2010, aumentou 3,23% no mesmo período. Durante dias consecutivos, o volume alocado para a produção de cana-de-açúcar foi reduzido na região Centro-Sul, até o final de dezembro de 2009, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Na segunda quinzena de dezembro, 71,09 % da cana processada foi alocada para a produção de etanol e apenas 28,91 % para o açúcar. Entretanto, os relatórios sobre as culturas da Unica mostram um aumento do processamento de açúcar em usinas na região Centro-Sul e outras plantas de processamento de produção no Estado de São Paulo. Segundo a Unica, entre abril a dezembro de 2009, 43,31% da cana processada na região Centro-Sul foi alocado para o açúcar, contra 39,75% durante a temporada 2008/2009. Neste cenário, 28,303 milhões de toneladas foram produzidas até o final de dezembro, o volume de 6,53% superior em comparação a temporada anterior.

Algodão

Em janeiro, o Índice Cepea/Esalq de algodão tipo 41-4 (entregue na cidade de São Paulo, com pagamento em oito dias) subiu 6%o, fechando a R$ 1,4424 a libra-peso – o maior valor desde fevereiro de 2007 (quando foi registrado R$ 1,4431 por libra). O aumento da procura nos mercados brasileiro e internacional, bem como a desvalorização do real em relação ao dólar na segunda quinzena de janeiro, sustenta os preços do algodão. A menor oferta global do produto, também sustenta os preços do algodão. Quanto ao plantio da safra 2009/2010, os agentes informaram que as atividades já começaram em todos os Estados produtores. Com relação à segunda safra de algodão, os agentes anunciaram que cerca de 20% da área já tinha sido plantada, até o dia 22 de janeiro, no Estado de Mato Grosso (o maior produtor brasileiro). Quanto à renda das exportações brasileiras (todos os setores do algodão), US$ 1,9 bilhões de dólares foram negociados em 2009, volume 21,8% menor que o observado no mesmo período de 2008. No entanto, a receita de importações diminuiu apenas 8,9% e alcançou US$ 3,5 bilhões no mesmo período. Apesar dos números negativos, o déficit da balança de pagamentos alcançou um recorde de US$ 1,6 bilhões.

Leite

Os preços pagos pelo leite ao produtor em janeiro – referentes à produção entregue em dezembro – permaneceram nos mesmos patamares do mês anterior. O preço médio bruto foi de R$ 0,5969/litro, leve redução de 0,5 centavo por litro, equivalente a 0,92%, frente ao mês anterior – o valor foi o mesmo registrado em janeiro de 2009, em termos nominais. A estabilidade, já esperada pela maior parte dos agentes do setor consultados pelo Cepea em dezembro, ocorreu principalmente devido à desaceleração da produção. O preço do leite no mercado spot (comercialização entre as empresas) já teve significativo aumento na primeira quinzena de janeiro, em torno de R$ 0,08 por litro. Essa valorização serve como parâmetro para o mercado ao produtor. Normalmente, o mercado spot reage ou cai antecipadamente em relação ao preço ao produtor, e em maior magnitude. No segmento de derivados lácteos, ainda houve queda de preços em dezembro. O preço médio do leite UHT no atacado do Estado de São Paulo foi de R$ 1,21/litro, recuo de 5,1% frente a novembro. Na mesma comparação, o preço médio do leite em pó (embalagem de 400g) registrou queda de 1,8%, a R$ 8,88/kg.

O preço do queijo mussarela foi de R$ 7,67/kg, redução de 6,4% frente ao mês anterior. O leite pasteurizado teve leve recuo de 0,8%, ficando a R$ 1,15/litro. Para os próximos meses, entretanto, a redução na oferta de leite pode favorecer aumento dos preços dos derivados no atacado. Além disso, há expectativa de aumento de vendas com a volta às aulas. A maior parte dos estados pesquisados pelo Cepea apresentou estabilidade de preços em janeiro. No Rio Grande do Sul, o preço médio foi de R$ 0,5615/litro, frente a R$ 0,5647 no mês anterior; em Goiás, a média de R$ 0,5795/litro também ficou muito próxima do R$ 0,5774 de dezembro. Em outros estados, como Minas Gerais e São Paulo, a redução também foi inferior a 1 centavo por litro em relação a dezembro, fechando a R$ 0,6099/litro (recuo de 0,7 centavo por litro) e a R$ 0,6177/litro (redução de 0,8 centavo por litro), respectivamente. No Paraná e em Santa Catarina, as reduções foram de 1,3 e 1,7 centavo por litro, respectivamente. O preço médio bruto em janeiro foi de R$ 0,5907/litro no estado paranaense e de R$ 0,5996/litro no estado catarinense. Já na Bahia, houve recuo de 4,1 centavos por litro frente a dezembro, com a média indo para R$ 0,5691/litro. Vale ressaltar que o estado nordestino apresentou menores reduções de preços nos últimos meses em relação a outras praças.

Café

As precipitações registradas durante as últimas semanas de janeiro, nas principais regiões produtoras de café arábica, foram positivas para as plantações. Colaboradores do Cepea informou que a maioria dos campos tem grãos em desenvolvimento – nesse período, apenas chuvas fortes com ventos é que afetam as culturas. As chuvas atuais comprometeriam a produção se os campos estivessem florescendo ou em colheita, que deve começar em meados de julho. Apesar da queda no preço internacional, o preço do arábica aumentou no mercado brasileiro devido à maior demanda por grãos de boa qualidade e devido à valorização do dólar. Neste cenário, o Índice Cepea/Esalq aponta que o valor do arábica, tipo 6, entregue em São Paulo (capital), no dia 29 de janeiro, fechou a R$ 280,67 a saca de 60 kg, um aumento de 3% em relação ao dia 30 de dezembro. Quanto ao café robusta, o Índice Cepea/Esalq mostrou que o tipo 6 fechou em R$ 170,61 a saca, uma retração de 0,4% em relação a dezembro. Quanto ao tipo 7 / 8 de café, o índice fechou em R$ 164,95 a saca, durante o mês.

Suínos

Em relação ao mercado de suínos na capital paulista, a carcaça caiu 6,7% entre os meses de dezembro a janeiro, fechando em R$ 3,69 reais, o quilo. O preço da carcaça especial caiu 9,6%, fechando a R$ 3,85 no mesmo período. O aumento do volume de carne exportada em janeiro diminuiu a oferta no Rio Grande do Sul, elevando os preços do suíno vivo em todo Estado. No mês passado, o animal valorizou 3,7% e 8,7% nas regiões gaúchas de Erechim e Santa Rosa, respectivamente.

Também foram observadas altas nas praças paranaenses de Cascavel (2,8%) e Pato Branco (2,9%). Já em áreas mais dependentes do mercado interno, como São Paulo e Minas Gerais, os preços ao produtor recuaram no primeiro mês do ano. Na região de Avaré/Fartura (SP), o animal desvalorizou 7,6% em janeiro e, em Belo Horizonte, a queda foi de 12,3%.

Frango

Os preços do frango vivo recuaram no mercado paulista nos últimos dias de janeiro, segundo pesquisas do Cepea. Apesar disso, o poder de compra do produtor do Estado de São Paulo aumentou no acumulado deste mês devido à queda nos preços dos principais insumos da ração (milho e farelo de soja). Na região da Grande São Paulo, o frango vivo desvalorizou 1,6% (entre os dias 14 e 21 de janeiro), passando para R$ 1,55 o quilo, no dia 21. No mesmo período, o milho negociado na região de Campinas (SP) recuou 1,7%, cotado a R$ 18,97 a saca de 60 kg. Para o farelo de soja, a queda foi de 0,8%, comercializado a R$ 723,10 a tonelada. A carne de frango congelada caiu 0,8% (entre os dias 29 de dezembro a 29 de janeiro), fechando a R$ 2,76 reais. No caso do frango refrigerado, a queda foi de 4,3% e encerrando a R$ 2,48 reais o quilo, no mesmo período (no mercado atacadista da capital paulista – a referência mais importante do consumidor brasileiro).

Quanto ao mercado externo, dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex) mostraram que, em janeiro, foram exportadas 208 mil toneladas de carne de frango, volume 28% inferior ao de dezembro e a menor quantidade embarcada desde novembro de 2008.

Citros

Os preços recebidos pelos citricultores paulistas nos últimos dias de janeiro tiveram expressiva alta, segundo pesquisadores do Cepea. A diminuição na oferta de laranja aliada à perspectiva de crescimento nos embarques do suco brasileiro por conta das geadas na Flórida fizeram com que a demanda das indústrias brasileiras aumentasse. No mercado doméstico, a procura de atacadistas também esteve aquecida, com esses compradores reajustando os preços para atrair o produtor. Os preços pagos pela indústria nas últimas semanas de janeiro pela fruta posta (mercado spot e contrato de curto prazo) foi 12,1% superior em relação aos da anterior. Apesar da falta de qualidade da laranja de algumas regiões (pêra, natal e valência), a menor oferta neste final de safra associada à maior demanda proporcionou aumento dos preços da fruta no mercado in natura. Segundo pesquisas do Cepea, a média parcial da semana (entre os dias 18 a 22 de janeiro) é de R$ 10,98 a caixa, na árvore, avanço de 10,3% em relação à semana anterior. No mercado de lima ácida tahiti também houve redução de oferta de fruta in natura devido à alta absorção da indústria. Apesar disso, a fruta de mesa desvalorizou 1%, com a média parcial (entre os dias 18 a 22 de janeiro) a R$ 6,89 por caixa de 27 o quilo, colhida. Para a indústria, a cotação se manteve a R$ 8,50 por caixa de 40,8 quilo, posta.

Arroz

Depois de nove semanas registrando consecutivas altas, o Indicador do Arroz Cepea-Bolsa Brasileira de Mercadorias/BVM&F (Rio Grande do Sul, 58 grãos inteiros) caiu 1,27% entre 25 de janeiro e 1º de fevereiro. Segundo pesquisas do Cepea, grande parte das beneficiadoras gaúchas esteve retraída, com pouco interesse de compra. Algumas empresas reduziram o valor de aquisição enquanto outras nem chegaram a ofertar preço. Nas demais praças pesquisadas pelo Cepea, a maioria das indústrias manteve o preço de compra e outras diminuíram, mas com poucas negociações. De modo geral, indústrias se queixaram do desaquecimento das vendas no setor atacadista e varejista que, nas duas semanas anteriores, se abasteceu comprando arroz beneficiado. Quanto aos preços, na parcial de janeiro, o Indicador Arroz Cepea-Bolsa Brasileira de Mercadorias/BVM&F (Rio Grande do Sul, 58 grãos inteiros) subiu 10,17%, fechando a R$ 32,82 a saca de 50 kg, no dia 18 de janeiro.

Trigo

A quebra de safra da Argentina pelo segundo ano consecutivo deve limitar severamente as exportações deste que costuma ser o principal fornecedor do Brasil, segundo pesquisas do Cepea. Por outro lado, grandes produtores do Hemisfério Norte tiveram boas produções. Os Estados Unidos, por exemplo, estão com os maiores estoques de passagem dos últimos 22 anos, o que levou as cotações do trigo na bolsa de Chicago das últimas semanas para os menores níveis desde outubro do ano passado. A situação da Argentina até poderia estimular a triticultura brasileira, mas ainda faltam incentivos e tecnologia para que brasileiros produzam trigo de melhor qualidade. Os principais fundamentos do mercado de trigo, nacional e internacional, seguem baixistas. Segundo pesquisas do Cepea, os negócios continuam limitados basicamente aos leilões oficiais, havendo, no físico brasileiro, apenas indicações nominais de preços. As baixas externas e a taxa vigente de câmbio também exercem pressão baixista por reduzirem a paridade de importação, limitando possíveis valorizações no mercado interno. Colaboradores do Cepea acreditam que os negócios fora dos leilões governamentais ganhem fôlego apenas a partir da segunda quinzena de fevereiro – dados de produção apontam que o setor costuma intensificar as atividades a partir deste período.

Feijão

Em todas as regiões de produção de feijão voltou a chover, fazendo com que cenário desse mercado se aproxime muito da realidade da primeira quinzena de janeiro. O feijão está sendo colhido, os produtores fazem tudo certo, porém, raramente conseguem obter um produto de melhor qualidade (acima da nota 8), não importando a variedade. Houve variação negativa nas cotações médias em bolsa, sendo o feijão carioca comercial o que mais sofreu variação (-14,84%), com valores entre R$ 53,00 e R$ 56,00 (mínimo e máximo) para a saca de 60 quilos (kg) no primeiro dia de fevereiro. Continua sendo o Estado de São Paulo o que mais contribui para o volume de entrada de feijão (cerca de 80% do feijão colhido), sendo esse o maior regulado de mercado atualmente. No mercado do feijão preto extra houve um recuo de 7,87% no preço da saca, por causa da entrada de feijão novo do Sul do país.

Máquinas

No segmento de máquinas agrícolas se já estava fraco nos meses de novembro e dezembro, em janeiro não foi diferente. Segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no mês de janeiro foram vendidas no mercado interno 4,6 mil unidades, contra 5,5 mil unidades de dezembro. Na média dos últimos 12 meses (fevereiro a janeiro de 2010) foram 56,8 mil unidades vendidas. No mês também foram registrados uma retração na exportação encerrando o mês com uma queda de 17,7%. Em valores foram US$ 725,0 milhões contra US$ 881,3 milhões de dezembro de 2009. Em termos de exportações em valores nos últimos 12 meses foram US$ 8,55 bilhões comercializados. No acúmulo se sobressaiu a comercialização de tratores de rodas, com 733 unidades exportadas. Já no mesmo período houve uma retração de 21,2% de tratores leves, em comparação a janeiro e dezembro.

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