Negócios

Mercado: o agronegócio novembro 2009

Soja

Os negócios para a próxima safra sofrem uma queda em função dos cenários que o grão vem apresentando nos meses de setembro e a novembro, em anos anteriores.

A timidez do mercado registrada no ano de 2009 está relacionada às incertezas acerca da oferta do grão brasileiro, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Cepea/Esalq), da Universidade de São Paulo. De acordo com as observações de colaboradores do instituto de pesquisa, a comercialização deve ser intensificada nos próximos meses – o pico é esperado para os meses de janeiro e fevereiro.

Em novembro, os preços da soja brasileira caíram no mercado. O Índice Cepea/Esalq para o produto entregue no porto de Paranaguá (PR) registrou uma queda de 4,84% fechando a R$ 40,92 a saca de 60 quilos (kg), em 30 de novembro. No mesmo período, o Índice Cepea/Esalq (no Estado do Paraná) de soja caiu 3,64% e fechou em R$ 42,90 a saca. Sobre as exportações, os números oficiais confirmam o fraco desempenho do grão em novembro. Durante o mês, foram exportadas 185,8 mil toneladas (t) – um volume 74,3% inferior ao de outubro. No acumulado do ano, até novembro, foram 28,4 milhões de t, um volume 19,4% mais baixo se comparado ao mesmo período no ano passado.

Boi

O período de outubro a novembro é geralmente marcado pela baixa oferta de gado, no entanto, este ano, o Índice Esalq/BM&FBovespa do boi gordo (Estado de São Paulo) registrou uma queda de 4,15% em novembro. Os preços da arroba, segundo o Cepea fechou em R$ 72,04 – o resultado mais baixo desde o final de dezembro de 2007. Quanto à carne, o nível no final de novembro foi a menor desde maio de 2008, em termos nominais. Estes níveis de preços no mercado interno são o resultado de menores exportações no ano. Como consequência, a oferta no Brasil aumentou. O volume disponível no mercado brasileiro aumentou, apesar da redução do número de abates realizados durante este ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de animais abatidos no primeiro semestre foi de 10,3% menor do que no mesmo período de 2008. No mercado atacadista de carne (São Paulo, capital), os preços pela carcaça caíram 1,47% durante o mês, fechando em R$ 4,70 reais o quilo (30/11). Os preços do quarto traseiro mantiveram-se estáveis, em R$ 6,20 o quilo. Quanto ao dianteiro, os preços caíram 3,2%, fechando em R$ 3,35 o quilo.

Milho

A liquidez no mercado de milho do País desacelerou em novembro, de acordo com as análises do Cepea. Tanto compradores e vendedores não estavam estimulados a negociações com o produto. Apesar dos atuais níveis de preços, os produtores de milho só precisavam de dinheiro para custear as despesas de fim de ano. Além disso, a colheita da safra de verão é esperada para esse início de 2010. Em novembro, o Índice Esalq/BM&FBovespa de milho (Campinas/SP) sofreu uma queda de 5,85%, fechando a saca no final do mês em R$ 19,79 a saca de 60 kg. Quanto às exportações, em novembro, os embarques aumentaram pelo quarto mês consecutivo, atingindo o maior volume mensal (cerca de 1,09 milhões de t) desde janeiro deste ano, mas não o suficiente para reduzir a oferta interna.

Cana

Sobre o açúcar, as usinas no Estado de São Paulo continuaram com a comercialização firme em novembro, o que mantiveram as médias de preço estáveis no mês, segundo o Cepea. Esse cenário foi observado depois que as cotações do açúcar cristal apresentaram queda na segunda quinzena do mês. A maioria das usinas tem decidido primeiramente pelo cumprimento dos contratos anteriores a ter de gerar novos acordos diante desse período de entressafra, fato que reduziu a oferta do produto no mercado spot. As exportações também limitaram a oferta brasileira, o que se manteve em alta de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Durante as três primeiras semanas de novembro, a média diária de preço em dólar ultrapassou 19,2% em comparação com outubro. Em novembro, o Índice Cepea/Esalq (Estado de São Paulo) do açúcar cristal caiu 3,43%, fechando em R$ 55,47 a saca de 50 kg. No que diz respeito à paridade de preços calculado pelo Cepea, no mês passado, o açúcar remunerou 58% a mais do que o etanol anidro no Estado de São Paulo. Quanto ao etanol hidratado, a vantagem do açúcar foi de 71%. Quanto à cotação dos preços de etanol no Brasil, foi registrado uma queda durante a segunda quinzena de novembro. Nesse período o Índice Cepea/Esalq (SP) do álcool hidratado foi de R$ 0,9338 o litro (sem impostos), o que significou uma diminuição de 1,95% em relação ao índice anterior. Já para o álcool anidro, o índice foi R$ 1,0819 o litro (sem impostos), fechando com uma queda de 2,61%.

Algodão

Os preços do algodão brasileiro saltaram em novembro devido a aumentos no mercado internacional e porque os vendedores se abstiveram das negociações do produto, segundo a análise do Cepea. Este cenário ocorreu apesar da resistência de compra da indústria. Em novembro, o Índice Cepea/Esalq de algodão tipo 41-4 (entregue na cidade de São Paulo, com pagamento em oito dias) subiu 5,65%, fechando a R$ 1,2744 a libra-peso. No mercado internacional, os preços negociados na bolsa de Nova York atingiram o valor mais alto em 14 meses. A desvalorização do dólar e a forte cotação de preços na China impulsionaram os preços do produto. Entre os dias 23 e 30 de novembro, os contratos de dezembro 2009 aumentaram 0,53%, encerrando a R$ 0,7075 a libra-peso. Já no último dia de novembro (30), os contratos de março de 2010 aumentaram 0,27%; os de maio de 2010 subiram 0,65%; e os de julho de 2010 ficaram 0,74% superiores. Quanto à atual safra (2009/2010), 34% da produção já foi comercializada até o dia 23 de novembro. Cerca de 397 mil toneladas foram negociadas da safra 2009/2010, na qual 79% foram atribuídos às exportações e 21% para o mercado interno.

Leite

Os valores pagos aos produtores de leite em novembro tiveram forte redução, segundo as análises do Cepea. O principal motivo foi o aumento expressivo do volume captado em outubro por laticínios/cooperativas. O crescimento foi de 7,6% em outubro frente ao mês anterior. O ICAP-Leite/Cepea atingiu o maior nível do mês de outubro desde o início da pesquisa, em 2004. O volume captado ficou próximo também dos picos históricos registrados em dezembro de 2007 e janeiro de 2008. O aumento da captação deve-se, sobretudo, ao período chuvoso e às temperaturas mais elevadas nas principais bacias leiteiras, que favorecem a produção de pastagens. Os preços brutos praticados em novembro (referentes à produção de outubro) recuaram 8,8%, ou 6,13 centavos por litro, em relação ao mês anterior, com a média ponderada indo para R$ 0,6371/litro – consideram-se os estados do RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA. Neste ano, além do aumento da oferta, que pressiona as cotações dos derivados, também a elevada importação de lácteos a preços relativamente baixos desfavoreceram os preços de toda a cadeia doméstica. No mercado internacional, no entanto, as cotações estão se recuperando, o que pode limitar as compras externas e mesmo incentivar as vendas nacionais. Em outubro, o leite UHT teve média de R$ 1,31/litro no atacado estado de São Paulo, valor 7,25% inferior ao de setembro. Desde janeiro deste ano, o produto acumula queda de 12 centavos por litro. O leite em pó foi cotado em outubro à média de R$ 8,48/kg no atacado paulista, queda de 6,2% frente a setembro. O queijo mussarela registrou queda de 6,3% no mesmo período, sendo cotado a R$ 8,73/kg, em média.

Frango

Os preços do frango abatido continuaram sendo influenciados por características regionais de oferta e de demanda, sem apresentar uma tendência definida para todas as praças nos últimos dias. Segundo pesquisas do Cepea, no atacado da Grande São Paulo, tanto o frango congelado quanto o resfriado apresentaram ligeiras desvalorizações de 0,3% e de 0,5%, respectivamente, entre 26 de novembro e 3 de dezembro. Na quinta-feira, 3 dezembro, o congelado foi negociado a R$ 2,82 o quilo e o resfriado, a R$ 2,56 o quilo na praça paulista. De modo geral, agentes paulistas comentam que a oferta ainda é maior que a demanda no Estado.

Café

Os preços do café arábica seguiram firmes na quinta-feira, 3 de dezembro, apesar dos poucos negócios realizados. Segundo pesquisas do Cepea, as comercializações têm envolvido principalmente grãos mais finos, destinados para exportações. A menor qualidade do café, no entanto, tem dificultado o avanço desses negócios, já que compradores não estão dispostos a pagar preços mais elevados por produtos que poderão não ser aceitos no mercado internacional. Para o arábica, principal variedade exportada, o Indicador Cepea/Esalq do tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, foi de R$ 279,29 a saca de 60 kg, ligeira queda de 0,2% em relação ao dia anterior.

Suíno

A redução da exportação de carne suína de 19% de outubro para novembro diminuiu os preços do produto no mercado interno. Segundo análises do Cepea, este cenário frustrou as expectativas de valores maiores no final do ano. De acordo com a Secex, o volume de carne suína embarcado no mês foi de 45 mil toneladas, sendo que o preço em dólar aumentou 6,3%. No entanto, com o dólar cotado a R$ 1,73 no mês passado, o preço recebido pelos exportadores em moeda nacional foi 5,7% superior ao de outubro, com a tonelada da carne in natura na média de R$ 3.951,07. No balanço, a receita de US$ 103,7 milhões foi 14% menor que a do mês anterior. Em novembro, a carcaça comum desvalorizou 2,3% e a especial 4,3% no atacado da capital paulista, conforme pesquisas do Cepea. O preço do suíno vivo também recuou no mês, caindo 2,1% na região de SP e 6,9% em Erechim (RS).

Arroz

As fortes chuvas que caíram no Rio Grande do Sul nos últimos dias deixaram produtores bastante preocupados. De acordo com análises do Cepea, aqueles que já realizaram o plantio da safra 2009/2010 tiveram o grão comprometido pelas precipitações. Já produtores que ainda não cultivaram o arroz, devem registrar atraso nas atividades de campo em relação aos anos anteriores. Agentes comentam que, em algumas regiões, orizicultores podem até mesmo ser impossibilitados do plantio por conta das chuvas. Quanto aos preços, depois de cair por sete semanas consecutivas, o Indicador do Arroz Cepea-Bolsa Brasileira de Mercadorias/BM&F (Rio Grande do Sul, 58 grãos inteiros) teve pequena alta de 0,83% entre 23 e 30 de novembro, fechando a R$ 26,50 a saca de 50 kg na segunda-feira, 30. A comercialização, de modo geral, manteve-se em ritmo bastante lento, com pequeno interesse de compra da indústria e praticamente sem oferta por parte do orizicultor.

Feijão

Pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de novembro, desenvolvido pelo IBGE, a produção nacional de feijão, considerando as três safras do produto, está avaliada em 3.512.904 toneladas sendo, a participação, assim distribuída: 1.650.818 toneladas da 1ª safra (47,0 %), 1.455.066 toneladas da 2ª safra (41,4%) e 407.020 toneladas da 3ª safra (11,6%). Comparativamente ao levantamento de outubro, a 1ª e 2ª safras do produto ficaram praticamente inalteradas registrando, respectivamente, variações negativas de 0,1% e 0,2% enquanto a terceira safra registrou um incremento de 0,9%. A exemplo do que se verificou no mês anterior, as inexpressivas modificações nas estimativas de produção da 1ª e 2ª safras do produto foram decorrentes, de uma maneira geral, de ajustes nos dados finais dessas safras. Quanto ao feijão terceira safra a variação positiva é resultado do incremento de 3,3%, em comparação ao levantamento anterior, na produção de Goiás que, com a informação dos números finais de colheita, ampliou a área colhida em 0,7% assim como o rendimento médio obtido, que cresceu 2,5%.

Trigo

Apesar da baixa qualidade do produto, a comercialização de trigo no Brasil seguiu lenta nos últimos dias. Segundo pesquisas do Cepea, este cenário deve se intensificar nas próximas semanas com a proximidade das férias coletivas em moinhos e demais empresas consumidoras de trigo. Alguns moinhos até estão tentando intensificar o processamento para fazer estoques, no intuito de atender contratos no início de 2010. Algumas empresas seguem operando apenas em função dos leilões governamentais. Em relação aos preços, entre 1º e 7 de dezembro, a média recebida pelos produtores do Paraná foi 0,54% menor que a média de 24 e 30 de novembro; já no mercado de lotes, houve pequena alta de 0,33%.

Citros

O mercado brasileiro de citros continuou fraco em novembro. A indústria estava interessada em alguns comércios e os produtores não estavam satisfeitos com os preços oferecidos durante o mês. Na segunda quinzena de novembro, alguns contratos foram negociados para entregar frutos no futuro próximo, estes negócios foram fechados em R$ 7,50 por caixa de 40,8 quilos. No início de novembro, os preços eram R$ 8 por caixa. No mercado local, uma caixa de 40,8 quilos de laranjas (Pêra, Natal e Valência), em média, R$ 6,41 em novembro. Quanto limão tahiti, os produtores estão acelerando a colheita de gerar maior renda. Os preços de lima ácida Tahiti devem ser menor no próximo mês devido à maior oferta, como observado nos anos anteriores. No final de novembro, as vendas movidas em um ritmo melhor e todo o volume de lima ácida Tahiti disponíveis foram vendidos. Em novembro, uma caixa de 27 quilos de limão Taiti em média 21,53 reais ou 12,45 dólares.

Máquinas

No mês de novembro o comportamento de vendas internas de máquinas agrícolas no País revelou o melhor resultado com as colheitadeiras, com um aumento de 39,6% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo os dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Apesar da crise, a situação também se mostrou positiva em novembro à categoria de tratores de rodas, que superou 22,7% o volume de vendas de 2008. Esse resultado se deveu principalmente aos programas de financiamento de tratores de até 75 cavalos desenvolvidos pelo governo federal e também pelos Estados de São Paulo e Paraná. Quanto às exportações, houve uma queda de 28,1% do total de máquinas vendidas na comparação de novembro 2009-2008. Já no acumulado de janeiro a novembro, a queda se mostrou mais acentuada, em 52,2%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em termos de produção de máquinas, novembro ficou 3,6% superior a outubro e 2,4% inferior a novembro de 2008. No acumulado de janeiro a novembro deste ano, foram 60.055 máquinas produzidas, resultado 24,6% inferior em relação ao mesmo período em 2008.

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