As condições que cercaram a realização da oitava edição do Top List não encontram similaridade em nenhum outro período, desde que ela foi criada, em 2001.
Após um ano de muita euforia e de crescimento na economia mundial, seguindo a tendência dos anos anteriores, o mundo se viu diante de uma crise sem precedentes, com a quebradeira de tradicionais instituições financeiras nos Estados Unidos e na Europa, queda no consumo e na atividade econômica, fechamento de fábricas, demissões e a entrada de algumas fortes potências econômicas na recessão. Neste cenário, foi realizada a pesquisa deste ano. “Mesmo num momento de apreensão e incertezas, os resultados animaram as empresas, que vêm se mostrando dispostas a não ceder e não perder tudo que conquistaram nos últimos dois anos”, afirma o diretor da Revista Rural, Flávio Albim, confessando-se surpreso com a reação do mercado.
“Estávamos acostumados com um mercado mais histérico, que reagia de forma intempestiva ao menor sinal de crise. Desta vez, ele está dando sinais de amadurecimento. Até agora, mais de dois meses após o estouro da crise, nenhum projeto já em andamento foi suspenso e os negócios continuam acontecendo normalmente, com prospecções e volume de vendas normal para esta época do ano”, avalia Albim.
Ele reconhece, porém, que o novo cenário poderá impor algumas medidas restritivas num prazo mais curto, diminuindo as ações de marketing e investimentos das empresas ligadas ao agronegócio. “De qualquer forma, com essa reação lenta do mercado, estamos tendo tempo para nos adequarmos a nova realidade e nos prepararmos para possíveis dificuldades futuras”.
A resposta dos leitores, como sempre, atendeu de forma positiva as expectativas. “Assim como em 2006, este ano a revista não ofereceu nenhum prêmio ou brinde para os participantes da pesquisa. Mesmo assim, conseguimos manter o mesmo índice de adesões, de 85%. Isso facilitou significativamente nosso trabalho, permitiu que obtivéssemos a amostragem desejada e reduziu significativamente o tempo de realização do trabalho”, afirma o diretor da revista, lembrando que, mais uma vez, o Top List foi deixado sob os cuidados da RW Tele-serviços, empresa que também auxilia a revista na elaboração do Top of Mind, no meio do ano.
Foram realizadas abordagens em todas as regiões do país, sendo 39% no Sudeste (incluindo São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo), 28% no Centro-Oeste (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins), 14% no Nordeste (Bahia, Ceará, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte), 15% no Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) e 4% no Norte (Pará, Amazonas, Rondônia e Acre) do país, respeitando os mesmos percentuais de circulação da revista impressa.
Resultados
Um dos pontos mais significativos a se destacar na pesquisa deste ano, de acordo com Albim, é que quase todas as marcas que venceram na edição passada apresentaram crescimento este ano, comparadas com a performance de 2007. Poucas foram as empresas que mantiveram a ponta com desempenho inferior. Os principais destaques ficaram por conta da Matsuda, Gerdau, Purina, Tortuga, CRV Lagoa, Ciosin e Banco do Brasil. Todos eles obtiveram percentuais acima dos 50%, ou seja, mais da metade dos produtores confirmaram sua preferência por estas marcas. Já a Agroceres, Bayer e Manah, embora não tenham atingido marca superior aos 50%, chegaram bem perto disso, e apresentaram domínio super expressivo em suas categorias. Em nenhuma delas, o segundo colocado alcançou marca superior aos 10%.
Com a estréia de algumas categorias e a saída de outras, o Top List deste ano manteve o mesmo número de itens para responder. Poucas foram, na edição 2008, as empresas que conseguiram vencer em mais de uma categoria. A honraria ficou restrita a Coimma (vencedora em Troncos e Balanças), a Honda (roçadeiras e motobombas), Merial (carrapaticida e anti mosca dos chifres, com o produto TopLine), DeLaval (ordenhadeiras e tanque de resfriamento) e a Pfizer, a única a ganhar em três categorias (vermífugo – com o produto Dectomax -, vacinas reprodutivas – com produto Cattle Master -, e vacinas). Embora, tecnicamente, não tenham vencido em duas categorias, a Monsanto (com Agroceres em sementes e Roundup em herbicidas) e Intervet Schering (com Ciosin em estimulador de cio e Coopers em vacinas para aftosa) também merecem igual deferência.
A categoria estreante “vacinas para aftosa” trouxe um resultado interessante. Depois de já ter indicado esta tendência no Top of Mind deste ano, a categoria trouxe também a Coopers como vencedora, marca que havia sido retirada do mercado há poucos anos e que acaba de ter sua volta anunciada pela Intervet-Schering, pela força e confiança conquistada junto aos pecuaristas. A partir de agora, a empresa volta a utilizar a marca no mercado e a trabalhar de forma bastante agressiva na divulgação da Oleovac, a vacina da Coopers para a febre aftosa.
Outras duas categorias estreantes trouxeram resultados similares aos obtidos no Top of Mind deste ano. Em colhedora de cana, a Case reinou absoluta, com números, inclusive, superiores aos da pesquisa do meio do ano, atingindo 21%. Já em vacinas reprodutivas, a Cattle Master foi a grande vencedora, com 13%. Vale ressaltar que, além dela, outro produto da Pfizer apareceu entre os cinco primeiros nesta categoria: Fortress.
Top List x Top of Mind
Embora em muitas categorias, o Top List aponte vencedores e apresente números bem semelhantes aos do Top of Mind, é sempre importante lembrar as diferenças entre as duas pesquisas realizadas pela Revista Rural. Co-existindo há sete anos, a pesquisa Top of Mind Rural e o Top List, divulgadas com um intervalo de seis meses entre elas, ainda causam certa confusão em boa parte dos profissionais de marketing. Por essa razão, Flávio Albim faz questão de ressaltar suas significativas diferenças: “Ao contrário do Top of Mind, onde o que vale é a força dos nomes de marcas e produtos junto ao público, o Top List Rural é uma espécie de eleição, onde o leitor da revista escolhe seus produtos e marcas preferidos. No Top of Mind a resposta é imediata, pois vale o que vier primeiro a cabeça do entrevistado. No Top List, a resposta é por escrito, por formulário preenchido na revista ou no site.
O leitor pode pensar antes de responder ou pesquisar e confirmar nomes junto a seus funcionários ou fornecedores para dizer exatamente os produtos que utiliza e aprova. Deste modo, não há na pesquisa do Top List entrevistas por telefone ou por abordagem direta em eventos. No Top of Mind quem responde é o entrevistado, já no Top List ele é tratado como eleitor, não como entrevistado, e participa espontaneamente”.