Na ausência de cultivares resistentes, a aplicação de fungicidas é a única medida atualmente disponível para prevenir sério colapso na produção de soja.
Mas qual a forma de aplicação mais eficaz?
No Brasil, onde a doença tem se expandido rapidamente, muitas lavouras de soja são pulverizadas por aeronaves. Recentes ensaios conduzidos pelo Professor Dr. Ulisses Antuniassi e sua equipe da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP – Botucatu) em conjunto com a Fundação Mato Grosso (FMT), a mais importante associação de plantadores de soja, comparou diferentes técnicas de aplicação de fungicidas e sua eficácia no controle da Ferrugem da Soja.
A primeira série de ensaios comparou a aplicação terrestre – efetuada com pulverizadores terrestres de grande porte e grande comprimento de barras – usando volume de aplicação de 120 litros/hectare (em torno de 13 galões americanos por acre), usando bicos de jato cônico vazio e bicos leque, com a aplicação aérea de 30 litros/ha (em torno de 3.3 galões americanos por acre), usando bicos de jato cônico vazio. Ao mesmo tempo eles também compararam estas aplicações consideradas “convencionais” com a aplicação aérea usando atomizadores rotativos aplicando 5 – 12 l/ha ( 0.5 – 1.4 galões/acre). Neste caso, a mistura de óleo vegetal (óleo de soja) foi empregada como adjuvante para reduzir a evaporação das gotas e aumentar a retenção e absorção de fungicidas na superfície das plantas. Duas aplicações de fungicida foram feitas, sendo a primeira uma combinação de strobilurina + triazol e a segunda com uma aplicação apenas de triazol (myclobutanil). Não houve diferença significativa entre as diferentes técnicas de aplicação. Apesar das grandes diferenças de volume de aplicação, todos proporcionaram excelente controle da ferrugem, quando comparados com a área testemunha.
No Estado de Mato Grosso, novos ensaios foram realizados mediante a cooperação UNESP e FMT, para testar diferentes técnicas de aplicação aérea. Além de outros equipamentos, os atomizadores rotativos Micronair AU 5000 foram testados a 10 litros/ha (com 10% de óleo vegetal – algodão – adicionado na calda) e 20 litros/ha (sem adição de óleo). Novamente excelentes resultados foram obtidos com uma média de 96% e 88,9% de redução da Ferrugem, respectivamente.
Embora não significativa estatisticamente, a adição de óleo parece ter melhorado ligeiramente o controle da doença. Três aplicações de fungicidas foram feitas, sendo que os ensaios consistiram na terceira aplicação. A primeira aplicação foi efetuada com myclobutanil, a segunda com tebucanozole, ambas executadas em toda área do ensaio. O intervalo entre a primeira e segunda aplicação foi de 14 dias. O intervalo entre a segunda e terceira aplicação (ensaio) foi de 24 dias. Como comumente é feito no Brasil, os fungicidas preventivos (protetores), são aplicados no estágio vegetativo final (V5) antes do florescimento, de forma a proteger as folhas inferiores, seguidos pela aplicação de fungicidas sistêmicos durante a fase reprodutiva (R1-R5) da cultura.
Tecnologia de aplicação
Boa penetração e cobertura nas pulverizações são importantes (mesmo com fungicidas sistêmicos), portanto a seleção do diâmetro de gota e volume de aplicação apropriado são importantes, embora ainda a aplicação no momento correto seja o mais decisivo.
Os equipamentos terrestres são sujeitos a condições de solo e planta que lhes tolhem o deslocamento sobre a área a ser tratada e, portanto, uma vez estabelecido o início da infecção, a rapidez da aplicação aérea pode ser vital para sustentar a proteção da lavoura à doença. Equipamentos terrestres também causam danos diretos às plantas, o que pode reduzir a colheita (perdas estimadas entre 3 a 5%), particularmente quando o solo está molhado. Eles podem, ainda, disseminar a doença, transportando os esporos de uma área afetada para uma área ainda sadia. Muitos plantadores não têm equipamentos em número suficiente para conter o avanço da doença causada por um fungo tão agressivo. Tipicamente 2 ou até 3 aplicações de fungicidas podem ser necessárias durante o ciclo da cultura.. A aplicação aérea pode ser, portanto, a única opção para muitos produtores e a demanda pelos serviços de aplicação aérea poderá às vezes exceder a capacidade do setor, se medidas de planejamento global não forem adotadas.Assim como é crítico que as aplicações sejam feitas no momento exatamente adequado, a alta produtividade das aplicações e boa uniformidade de deposição são essenciais. Assim, a busca do aumento da produtividade das aplicações, mediante reduções de volume de aplicação, é estratégia-chave.
Os atomizadores rotativos oferecem o benefício do aumento do controle sobre o tamanho das gotas, assegurando boa cobertura e penetração ao longo das plantas de soja, com volumes mais baixos para aumentar a produtividade do operador. Como os resultados do Brasil têm demonstrado, volumes de aplicação tão baixos como 1-3 galões/acre(10 a 30 litros / hectare) podem tornar-se regra para as aplicações aéreas no controle de doenças. Selecionando a combinação adequada de fungicida, adjuvantes, tamanho de gota, volume de aplicação e largura de faixa para aumentar a eficiência e produtividade da aplicação aérea e ainda efetuando a aplicação no momento adequado, poderemos oferecer a melhor solução para aumentar o controle da doença.