A Basf, empresa química, está ampliando o projeto de reposição de mata ciliar que visa preservar a água e adequar as propriedades rurais à lei florestal. O Programa, denominado Mata Viva, pretende dar apoio técnico aos produtores para que juntos recuperem as matas ciliares das propriedades.
O Código Florestal, Lei nº 4.777/65, de 15 de setembro de 1965, diz que as matas ciliares (em torno de lagos, nascentes) devem ser preservadas, e quem não cumpre com a regra, deve ser multado. Além do risco de ser autuado, o proprietário pode perder a licença para exportar seu produto e até mesmo ter dificuldades para fazer um financiamento. “Antigamente, a lei florestal não penalizava tanto o agricultor, hoje, além de correr risco de tomar uma multa, ele não recebe o selo verde para exportação”, afirma Geórgia Cunha, Diretora da Fundação Espaço Eco.
“Quando se tem uma área que não tem mata ciliar, ela está sujeita a todas as intempéries da natureza”, afirma Arnaldo Martins de Andrade, engenheiro agrônomo. Além do prejuízo para o produtor, o meio ambiente é muito afetado, porque o desmatamento resulta na erosão do solo, assoreamento do rio, prejudica a biodiversidade animal e vegetal da região, a qualidade e a quantidade da água. Dentre todos os males, a qualidade da água é um dos piores, já que a mata ciliar é uma espécie de filtro dos produtos usados na lavoura. Além disso, as matas servem para manter o curso normal do rio.
Os produtores que já devastaram a vegetação ao redor do rio, nascente ou lago das propriedades deles, devem fazer um trabalho de recuperação no local. Para isso, deve ser realizado um estudo para descobrir quais são as espécies de árvores típicas da região, para plantá-las no local, diminuindo a quantidade de árvores que não irão se desenvolver. Caso não haja estudo prévio, dificilmente a mata será recuperada.
O Projeto Mata Viva teve início na própria fábrica da Basf, em Guaratinguetá. Ao ampliar a empresa, foi adquirida uma região onde havia devastação da mata ciliar. Com isso, o projeto foi instalado e a região foi totalmente recuperada. Atualmente a empresa pretende expandir para o interior de São Paulo com a ajuda da Cooperativa Agropecuária de Orlândia (CAROL).
O lançamento da expansão do programa foi na propriedade de Fernando Martins de Barros, plantador de café e cana-de-açúcar, na cidade de Nuporanga, a 382 quilômetros da capital paulista. “A importância é preservar o fundamental, que é a água”, alerta o produtor.
Pretende-se plantar cerca de 100 mil mudas até o final de 2008 em 165 hectares na região de Orlândia, no interior de São Paulo, Frutal e Campo Florido, em Minas Gerais. “Mas a transformação acontece quando você transfere esse conhecimento, e é isso que nós estamos fazendo”, explica Odilon Ern, diretor da planta de Guaratinguetá. A Basf tornou o projeto em educação para a rede municipal da cidade. O “Programa Semente do Amanhã” se tornou parte da grade escolar de alunos do 1º ao 5º ano da rede municipal, que passaram a ter aulas sobre meio ambiente dentro da empresa.