Pecuária

Nutrição: dê a comida certa!

Fornecer uma boa dieta é importante para que o ovinocultor obtenha sucesso na atividade. Porém outro fator fundamental é a profissionalização e o engajamento da categoria.

A ovinocultura promete ser a atividade mais promissora da pecuária nos próximos anos. Já hoje em dia, com as imperfeições da cadeia produtiva, os criadores garantem que vale a pena investir nos pequenos ruminantes. Nem mesmo os problemas da falta da mão de obra e de frigoríficos especializados e a desconexão dos elos da produção desanimam os ovinocultores.

A grande maioria aposta no deslanche da atividade a curto prazo. E, para que isso aconteça da melhor forma possível, é importante focar os esforços na melhora do rebanho. E um dos principais fatores a serem levados em consideração para o bom desempenho do rebanho é a sua boa nutrição.

O mais importante quando se fala em nutrição de ovinos é prover a eles uma forragem de qualidade. O criador pode
fornecer aos seus animais capim. E o melhor capim, segundo o coordenador nacional de pequenos ruminantes da Tortuga, Antônio Augusto Coutinho, é aquele que se adapta bem à sua região. “O animal é um ruminante. Ele tem que utilizar o capim como a parte verde da dieta”, explica. Na época da seca pode-se usar, como na criação de bovinos, usar a cana de açúcar com alguma complementação de proteína em sua alimentação. Esses são os primeiros passos.

O segundo passo seria, dentro do manejo realizado na propriedade, usar o suplemento mineral específico para ovinos, e nunca usar um para bovinos, pois os pequenos ruminantes têm uma certa intolerância à alguns nutrientes específicos e determinadas quantidades podem causar intoxicação. “O mineral, quando é formulado para ovinos, ele é desenvolvido para atender àquela categoria animal, dentro daquilo que ele precisa. Então, o mineral específico nunca vai ter mais do que ele necessita para produzir carne ou lã”, explica Coutinho. Ainda segundo o veterinário, a nutrição deve ser realizada de acordo com a categoria do animal. Cada idade e condição tem uma necessidade específica.

O suplemento animal deve ser deixado em um coxo com uma proteção por causa dos ventos e das chuvas. Nos coxos deve ser disponibilizado mineral a vontade para o consumo do animal. No caso do cordeiro, o criador pode fornecer uma ração específica para essa categoria. Essa ração deve ter uma fonte de energia. No caso pode ser milho ou sorgo. É necessário também fornecer ao animal um a fonte de proteínas. Pode ser farelo de soja ou farelo de algodão, ou anda rações comerciais.

Segundo Coutinho, a dieta é a mesma tanto para os animas que se destinarão a produzir carne como àqueles que fornecerão lã. “Hoje, a grande demanda que temos no País, no mercado interno ainda é a carne. E a maior parte a gente importa dos países vizinhos, principalmente do Uruguai. A demanda interna de carne é muito grande”, conta Coutinho. Segundo ele, existe um trabalho muito grande das associações regionais, junto com as câmeras setoriais estaduais e federal quanto a divulgação da qualidade e do marketing do produto. “Os elos da cadeia estão se unindo para que se valorize cada vez mais a carne de ovelhas”, afirma.

Hoje, segundo Coutinho, a ovinocultura está mais bem estruturada. “As associações estão unidas. Estas estão juntas com os criadores. As instituições de pesquisas estão trabalhando junto com as universidades. Estes elos todos estão se unindo, e o Brasil tem área disponível para produzir carne”, enfatiza.

Para o coordenador da Tortuga, com o passar dos anos o mercado vai se tornar profissional e o consumidor vai encontrar a carne de cordeiro no padrão que ele almeja. Ele também acredita que o mercado interno deve ser priorizado. “Precisamos atender ao mercado interno primeiro, para depois pensar, em um segundo momento, em exportar”.

Ainda segundo Coutinho, o maior entrave da ovinocultura é a falta de informação por parte dos criadores. Para ele, é necessário investir, além da informação, em parecerias entre empresas especializadas e institutos de pesquisas e universidades para a realização de trabalhos de extensão rural; o mesmo que é feito na bovinocultura e que rendeu excelentes resultados.

“Veja o caso do Nordeste, que é o grande mercado de ovinos no Brasil. Ali, 70% dos animais não recebem praticamente nenhum tipo de nutrição específica. Muitas vezes nem sal branco esses animais tem, quanto mais nutrição mineral específica.” Para Coutinho, a falta de informação limita uma melhor tecnificação dos rebanhos e uma maior aceitação pelo público. “Falta informação tanto para o criador quanto para o consumidor que também vai consumir o produto final e que teria que saber as qualidades da carne, quais os benefícios de se comer um carne de ovinos; e comer uma carne que tenha um padrão de maciez, de gosto.” A padronização do produto também é um obstáculo que deve ser vencido.

“Tem que ter padrão, e é isso que está se buscando. Atender ao consumidor final e atender ao criador. Estamos trabalhando para que essa informação chegue tanto para o criador, quanto para o criador”, explica.

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