Os números atuais do agronegócio brasileiro e também os registrados no resto do mundo são hoje suficientes para gerar uma onda de otimismo geral. Mas não é somente os resultados imediatos e as perspectivas de curto prazo que animam. Quando se faz uma projeção para os próximos dez anos os números mostram-se igualmente promissores, ratificando a crença de um período longo e próspero para nações com vocação como a nossa.
Os resultados das projeções para 16 importantes produtos da economia agrícola mundial, indicam que o maior aumento de produção deverá ocorrer no Etanol. A sua produção deve passar de 18,9 bilhões de litros para 41,6 bilhões em 2017/18. Entre os produtos agrícolas os maiores acréscimos projetados estão no algodão, milho e trigo. Mas são também elevados os acréscimos de produção em feijão, mandioca, açúcar e soja.
O café aponta para uma redução da produção em 2017/18, mas esse comportamento pode estar associado às dificuldades de projetar os dados dessa atividade, pois o café é uma lavoura que apresenta a chamada bianualidade (um ano de boa produção e outro de menor produção). A produção de milho deverá atingir 64,1 milhões de toneladas em 2017/18. Esse valor, como se observa, é 30,9% superior ao obtido em 2006/07. A soja deverá alcançar uma produção de 75,4 milhões de toneladas nos próximos 12 anos.
As carnes e o leite mostram projeções bastante animadoras para a produção. O maior crescimento da produção é esperado para a carne de frango, de 46,8 % em relação à produção de 2006/07. Por volta de 2012/2013 a produção de carne de frango deverá ser maior que a de carne bovina. Em 2017/18 são esperadas produções de 14,4 milhões de carne de frango e 13,9 milhões de toneladas de carne bovina. O leite deverá ter um acréscimo de 24 % em relação à produção atual.
As projeções de exportação mostram acentuado dinamismo dos seguintes produtos nos próximos anos: algodão, milho, soja, açúcar e etanol. Esses produtos deverão liderar o crescimento das exportações nos próximos anos. Embora haja diversos fatores definindo esse crescimento, dois são mais decisivos: a pressão dos biocombustíveis e os preços favoráveis no horizonte estudado.
As projeções revelam acréscimos de 60,6% nas exportações de milhos o que corresponderia a passar de 7 milhões e 500 mil meio de toneladas exportadas em 2006/07 para 12 milhões em 2017/18. Expressivos também são os acréscimos em relação ao açúcar: 59,9% e ao etanol: 222,9%
As carnes bovina, de frango e suína apresentam projeções elevadas de crescimento em relação às exportações. Os maiores acréscimos estão projetados para as carnes, bovina e suína, de 97% e de 94,7%, respectivamente.
As projeções de área mostram que o aumento da produtividade será o fator decisivo para os aumentos de produção nos próximos 12 anos. O aumento total projetado de área das principais lavouras é de 17,6 %. O aumento de área com as oito principais lavouras deverá corresponder à passagem de 53 milhões de hectares atuais para 62,2 milhões de hectares em 2017/18.
Algumas lavouras deverão ter redução de área nos próximos anos, e isso se deve a mudanças nos sistemas de produção e redução da atratividade financeira dos produtos. Esse é o caso de arroz, feijão e café. Esses produtos apresentaram variações negativas de área.
A liderança na ocupação de novas áreas deve ocorrer na cana de açúcar, com aumento esperado de 66,6%. Em 2017/18 a área necessária para a produção de açúcar e álcool será de 10,3 milhões de hectares. Representa um acréscimo de 4,1 milhões de hectares em relação à área atual, que é de 6,2 milhões de hectares. Há alguns produtos, como o milho, que poderão ter acréscimos muito maiores aos projetados neste estudo. A área projetada do milho para 2017/18 é de 14,5 milhões de hectares. Porém esse número poderá atingir 19,2 milhões de hectares de área plantada. Outro resultado, que pode ser mostrado, é sobre a produção de grãos especificamente.
Atualmente a produção de Arroz, Feijão, Milho, Soja e Trigo é de 127 milhões de toneladas. Em 2017/18, essa quantidade poderá atingir 161,5 milhões de toneladas, mas há um potencial de produção que poderá atingir 227,3 milhões de toneladas nos próximos 12 anos.
As carnes têm projeção estimada de 32,1 milhões de toneladas em 2017/18, mas há potencial de produção de 38,8 milhões de toneladas, superior em 45,5 % ao que se produziu em 2006/07.
SOJA
Na safra 2016/17, a produção mundial de soja alcançará 279,7 milhões de toneladas (+23,3% sobre a safra 2006/2007). A produção tornar-se-á mais concentrada: em 2016/17, os três maiores produtores (Argentina, Brasil e Estados Unidos) representarão 83% da produção mundial. O complexo oleaginoso (soja, mamona, palma, etc.) experimentará o maior crescimento entre os vários setores agropecuários até o ano de 2010, notadamente por países com baixos custos de produção, como Brasil e Argentina.
Em 2016/17, o Brasil será o maior exportador mundial de soja em grão. Segundo o Fapri (Food and Agricultural Policy Research Institute), já no ano de 2008/09, as exportações brasileiras de soja serão maiores do que as dos Estados Unidos. A participação dos Estados Unidos no mercado mundial cairá de 47,4% em 2006/07 para 29,4% em 2016/17 e a participação do Brasil passará de 40% para 59,4%, nesse período. O quadro abaixo mostra o volume de exportações mundiais de soja nos períodos
No Brasil as projeções para a produção de soja até 2017/2018 mostram uma produção de 75,3 milhões de toneladas. O consumo de soja em grão deverá atingir 39 milhões de toneladas, representando 52% da produção. As exportações para aquele período serão 40% superiores às exportações de 2006/2007.
ETANOL
A produção de etanol no Brasil tem como fonte a cana de açúcar, que é produzida nas regiões Centro-Sul, Norte e Nordeste. O etanol é considerado pelos especialistas como o álcool etílico de biomassa, para uso combustível ou industrial, inclusive na produção de bebidas industrializadas, excluindo, entretanto, o álcool contido em bebidas originais como cachaça, rum, vodka, whisky, bourbon, conhaque e outras. Neste sentido, a produção de etanol é composta pelo álcool anidro e álcool hidratado. Brasil e Estados Unidos são atualmente os maiores produtores de etanol. Os Estados Unidos extraiam esse produto do milho, enquanto o Brasil a fonte é a cana de açucar.
As projeções do etanol, referentes a produção, consumo e exportação retem grande dinamismo desse produto devido especialmente ao crescimento do consumo interno e as exportações de etanol. A produção de etanol projetada para 2018 é de 41,6 bilhões de litros, mais que o dobro da produção de 2007. O consumo interno para 2018 está projetado em 30,3 bilhões de litros e as exportações em 11,3 bilhões.
AÇÚCAR
A produção global de açúcar atingirá 177 milhões de toneladas em 2017, representando um crescimento anual de 1,38%. O consumo mundial deverá crescer a uma taxa de 1,68% ao ano.
O Brasil será um país-chave na determinação do futuro dos preços mundiais do açúcar, permanecendo como líder em produtividade e em exportação (55,6% do total).
O Brasil continuará ocupando a posição de produtor com maior competitividade, apresentando um aumento da produção de 12,5 milhões de toneladas nos próximos 12 anos, atingindo um montante de 43,2 milhões de toneladas em 2017/18.
A produção brasileira de açúcar deve crescer a uma taxa média anual média de 2,9% no período 2006/2007 a 2017/2018. Para as exportações, a projeção para 2017/2018 indica um volume de 31,27 milhões de toneladas.
MILHO
Para o ano de 2007/08, a área plantada com milho no mundo continuará com tendência de crescimento, atingindo 153,7 milhões de hectares. A produção mundial aumentará de 752 toneladas em 2007/08, para 850 milhões de toneladas em 2016/17. Projeta-se um aumento do comércio mundial de milho de 77 milhões em 2007/08 para 97 milhões de toneladas em 2016/17. Os Estados Unidos aumentarão sua participação no mercado mundial dos atuais 60% (2007/08) para 70% (2016/17).
No Brasil, em 2017/2018 a produção deverá situar-se em 64,1 milhões de toneladas e um consumo de 48,6 milhões. Esses resultados indicam que o País poderá atender seu quadro de suprimentos de modo a garantir o abastecimento do mercado interno e obter excedente para exportação, previsto em 12 milhões de toneladas em 2017/18. Porém as exportações de milho poderão superar esse valor e situar-se entre 15 e 20 milhões de toneladas.
TRIGO
Estima-se uma produção mundial de trigo de 636 milhões de toneladas em 2007/08 e de 678 milhões em 2016/17 (+6,6%) – com um consumo humano de 562 milhões de toneladas e um consumo animal de 114 milhões de toneladas.
Estima-se, também, um comércio internacional de trigo de 90 milhões de toneladas em 2007/08, atingindo 109 milhões de toneladas em 2016/17. Observar-se-á um decréscimo da participação dos Estados Unidos de 24,5% para 23,8%, no mesmo período. A Argentina terá uma exportação líquida de 11,5 milhões de toneladas em 2016/17. A Ásia terá uma importação líquida de trigo em 2016/17, sendo o Japão o principal importador, com 5 milhões de toneladas em 20016/17.
O Brasil deverá apresentar uma produção crescente até 2017/18. O consumo interno deverá crescer, em média, 1,63% ao ano, alcançando a cifra de 13,3 milhões de toneladas em 2017/18. O abastecimento interno exigirá importações de 8,7 milhões de toneladas em 2017/2018.
ARROZ
A produção mundial de arroz deverá atingir 445 milhões de toneladas em 2016/2017. Em relação a 2006/07 haverá um acréscimo na produção de 27 milhões de toneladas. A produção mundial entre 2006/2007 e 2016/2017 deve crescer a uma taxa anual de 0,71%, pouco inferior ao consumo, cuja taxa estimada é de 0,76% ao ano. As exportações totalizam 30 milhões de toneladas em 2016/2017, sendo que mais de 30% desse total deve ser suprido pela Tailândia. Outros 30% deverão ser fornecidos por Vietnam e Índia.
Além desses exportadores tradicionais, os Estados Unidos deverão abastecer 8% do mercado mundial em 2016/2017. Os maiores importadores de arroz serão a Nigéria (2,4 milhões de ton.), Indonésia (1,7 milhões de ton.) e Arábia Saudita (1,5 milhão de ton.)
O Brasil apresentará um aumento de produtividade e uma moderada queda no consumo per capita de arroz ao longo do período projetado. O País permanecerá na posição de pequeno importador líquido.
A produção projetada para 2017/2018 é de 13,1 milhões de toneladas de arroz, com importação entre 1 e 2 milhões de toneladas e consumo de 14,7 milhões de toneladas.
CARNES
A produção mundial de carnes (bovina, suína, frango e ovelha), deve atingir 304,3 milhões de toneladas em 2016. Em relação a 2007, esse valor representa um acréscimo de 43,5 milhões de toneladas de carnes. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Food and Agriculture Organization (FAO) permanece nos próximos anos a superioridade da carne suína em termos de quantidade produzida. Em 2016, a quantidade produzida de carne bovina deverá atingir 76 milhões de toneladas, a carne suína deve atingir 129 milhões de toneladas e a carne de frango, 98 milhões de toneladas. A carne de frango apresenta a maior variação da produção, no período 2007 a 2016, chegando a 18,3%, enquanto a carne bovina alcança 14,6% e a carne suína 16,7% ao ano.
As exportações de carne bovina em 2016, segundo o Fapri, são lideradas por Brasil, Austrália, Argentina e Índia. Esses países concentrarão 84,5% das exportações mundiais de carne bovina. O Brasil será o maior exportador mundial em 2016, com volume exportado de 2,85 milhões de toneladas. Ainda segundo essa instituição, as exportações de carne suína em 2016 serão lideradas por Canadá, União Européia-25 e Brasil.
O volume total exportado será de 4,7 milhões de toneladas. As projeções para o Brasil representam a passagem de exportações de 557 mil toneladas em 2007 para 1,06 milhões em 2016. Quanto às exportações mundiais de carne de frango, os maiores exportadores em 2016 serão, segundo o Fapri, o Brasil, 2,96 milhões de toneladas, os Estados Unidos, 3,19 milhões de toneladas e a Tailândia com 497 mil toneladas.
As projeções para o Brasil mostram que esse setor deve apresentar intenso dinamismo nos próximos anos. As maiores taxas de crescimento da produção no período 2007/08 a 2017/18 são para a carne de frango, que deve crescer a 3,3% ao ano, e a de bovinos, cujo crescimento projetado para esse período é de 2,5% ao ano. Por último, a produção de carne suína tem um crescimento projetado de 1,86% ao ano.
As projeções do consumo mostram que a preferência dos consumidores brasileiros é pela carne de frango, cujo crescimento projetado é de 3,3% ao ano no período 2007/08 a 2017/18. A carne bovina assume o segundo lugar no aumento do consumo. Num nível mais baixo de crescimento, situa-se a projeção do consumo de carne suína.No Brasil, a mudança de hábito foi constatada na última Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF. A pesquisa constatou que, em 30 anos, o brasileiro diversificou sua alimentação, reduzindo o consumo de gêneros tradicionais como arroz, feijão, batata, pão e açúcar e aumentando, por exemplo, o consumo per capita de iogurte.
Quanto às exportações, as projeções indicam elevadas taxas de crescimento para os três tipos de carnes analisados. As estimativas projetam um quadro favorável para as exportações, o que mostra uma coerência em relação a resultados anteriormente apresentados neste trabalho no que se refere às potencialidades do País nesse setor e também às mudanças nos padrões de consumo apontados. Nesse sentido, as taxas de crescimento das exportações, obtidas para as carnes no período 2007/08 a 2017/18, são as seguintes: bovina, 6,18% ao ano; suína, 4,85% ao ano; e de frango, 3,49% ao ano.
FEIJÃO
Representa um típico produto de consumo doméstico e de enorme importância na alimentação e na geração de renda dos pequenos produtores no Brasil. O feijão tem uma taxa anual projetada de aumento da produção de 1,2% e consumo ao redor de 1,15% ao ano, para o período 2007/2008 a 2017/2018. Pelas duas últimas Pesquisas de Orçamentos Familiares, nota-se que, nos últimos oito anos, o consumo de feijão teve uma queda pequena, de 10,2 Kg/per capita/ano para 9,2 Kg/per capita/ano.
CAFÉ
As projeções realizadas pela AGE mostram que a produção de café deverá aumentar a uma taxa anual de 0,61% entre 2007/08 e 2017/18. isso deve resultar numa produção de 39,1 milhões de sacas de café em 2017/18. O consumo interno deverá crescer mais do que o consumo mundial, pois a taxa prevista é de 2,82% ao ano no período 2007/08 e 2017/18.
A área plantada de café deverá sofrer redução nos próximos anos. Deve passar de 2,3 milhões de hectares em 2006/07 para 2,14 milhões de hectares nos próximos 12 anos. Portanto, espera-se uma queda na área plantada de café da ordem de 0,98% ao ano. As exportações deverão crescer nos próximos anos a uma taxa de 0,72% ao ano. O volume exportado deve atingir 29,1 milhões de sacas em 2017/18
LEITE
De acordo com as projeções da AGE, a produção de leite deverá crescer a uma taxa anual de 1,92% no período 2007/08 a 2017/18. A produção projetada para o final do período da projeção é de 33,1 bilhões de litros. Essa quantidade produzida representará um acréscimo de 6,41 bilhões de litros em relação a 2006/07. O consumo crescerá a uma taxa anual de 1,84% no período das projeções, atingindo 32,4 bilhões de litros em 2017/2018. Em seu limite superior o consumo de leite poderá atingir 37,1 bilhões de litros no final da projeção.