O salto tecnológico da suinocultura brasileira nas últimas décadas pode ser traduzido em exportações e na qualidade da carne com níveis mínimos de gordura e excelente qualidade de proteína magra. O Brasil hoje detém tecnologia para produzir a melhor carne suína com o melhor custo de produção, graças aos avanços da pesquisa de veterinários especialistas em suínos.
Para se ter uma idéia da evolução tecnológica basta observar que em 1970 o plantel era de 31,5 milhões de cabeças e a produção havia sido de 705 mil toneladas. Em 2005, com 32,9 milhões de cabeças, a produção aumentou para 2,707 milhões de toneladas. Portanto, em 35 anos o crescimento do plantel foi de apenas 4,4% enquanto a produção aumentou 283%.
Estes números exemplificam claramente a evolução tecnológica do setor nesse período, graças a um forte trabalho dos técnicos e criadores nas áreas de genética, nutrição e manejo.
Mas o melhor exemplo dos avanços da tecnologia à serviço da saúde humana é que na metade do século 20, o suíno apresentava 40% a 45% de carne magra na carcaça e espessuras de toucinho de 5 a 6 cm. Hoje além da maior quantidade de carne magra, a espessura de toucinho não ultrapassa 1 cm. O suíno light, por exemplo tem 31% menos gordura do que outras linhagens, 14% menos calorias e taxa de colesterol 10% menor do que há 30 anos, afirmam estudos científicos publicados em revistas médicas.
Proteína magra e de qualidade
A crescente preocupação com a saúde e bem-estar na última década impulsionou a indústria e grupos pesquisadores a investir em suínos com menor teor de gordura, colesterol e calorias. A Embrapa, em parceria com cooperativas, foi pioneira em 1996 ao lançar no mercado o macho suíno Embrapa MS58 (mínimo de 58% de carne magra na carcaça), obtido por meio do melhoramento genético e cruzamentos entre diferentes raças.
Tendo em vista o grande sucesso comercial, as parceiras decidiram avançar seu programa e desenvolveram o macho Embrapa MS60 (mínimo de 60% de carne magra na carcaça). O novo animal foi lançado oficialmente ao mercado em agosto de 2000. Em 2004, o suíno light foi responsável por 8% de todos os suínos abatidos no país com inspeção federal: cerca de 1,78 milhão de cabeças.
Crescimento de até 20% nas próximas décadas
Dados mundiais mostram que o Brasil tem tudo para ocupar um posto mais avançado na produção de carnes no mercado internacional. Segundo as perspectivas da FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e alimentação , de 2000 a 2030, o mundo terá que aumentar a produção per capita de carne em 20 %. O maior crescimento ficará com a carne de aves (40,4%) e o menor com a carne bovina (12,7%).
O Peixe, que hoje é a proteína animal mais consumida no mundo, deverá aumentar a produção em quase 19%, enquanto que a carne suína, deverá crescer 20% . Hoje a carne suína é a carne mais consumida no mundo na atualidade (15,9 kg por pessoa), quando comparada com a de aves (12,6 kg) e a de bovinos (9,4 kg). Essa concentração de consumo acontece principalmente na Europa e América do Norte. ( Brasil : cerca de 12,5Kg).
A boa notícia é que as regiões de menor consumo e menor poder aquisitivo, África, América Latina e Ásia, com grande concentração populacional, são um excelente mercado no futuro, representando uma expectativa positiva para o mercado de suínos. Mas estudos apontam que para atingir esses mercados, os paises exportadores terão que produzir uma carne com baixo custo, justamente o melhor diferencial para a produção brasileira que já tem excelente qualidade sanitária.
Especialistas prevêem que países com alto custo de produção não serão competitivos nestes mercados. A Europa, por exemplo, que produz um quilo de suíno vivo por 1,50 a 1,70 dólares, terá muita dificuldade de poder atender a esse crescimento da população, segundo análise de especialistas.
Vantagem para o Brasil, que é um país competitivo para atender estes mercados, pois produz por um dos menores custos do mundo. As previsões são de que a produção animal crescerá em países com clima favorável e com terras disponíveis, bons recursos humanos e tecnologia de produção, que produzam com qualidade e segurança alimentar, que respeitem o meio ambiente e produzam com preços competitivos.
Números da suinocultura
A suinocultura tem crescido nos últimos 10 anos numa proporção de 2,78% ao ano. Este crescimento, porém, foi muito mais acentuado nos paises em desenvolvimento, com a média de 4,45% de aumento ao ano, contra o aumento de apenas 0,83% ano nos paises desenvolvidos.
Os quatro maiores produtores mundiais são a China, com 50 milhões de toneladas, a União Européia (com 25 países atuais), com 21 milhões, os EUA próximo a 10 milhões e o Brasil com 2,7 milhões de toneladas . Esses 4 maiores produtores mundiais de carne suína detêm juntos cerca de 80 % da produção mundial.
Quarto maior produtor mundial de carne suína, em 2006, a produção brasileira de carne suína chegou a 2,83 milhões de T, com um abate próximo a 36 milhões de cabeças. O Brasil tem atualmente um plantel de 32,9 milhões de cabeças e estima-se que 700 mil pessoas dependam diretamente da cadeia produtiva da suinocultura brasileira. O valor da cadeia produtiva da suinocultura é estimado em U$ 1,8 bilhões.
Segundo a ABIPECS em 2006, o rebanho brasileiro chegou a 2,427 milhões de matrizes, sendo que são consideradas tecnificadas 1,513 milhões. É uma suinocultura que caminha fortemente para o sistema de integração: hoje, 70% dos suínos produzidos são sob a forma integrada e 30% sob a forma de produtores independentes.
A região Sul detém 57,5% da produção do país. É a região onde predomina o sistema de integração e o forte parque industrial das Agroindústrias. A região Sudoeste, onde predomina o suinocultor Independente, tem uma participação de 17,6% e a região Centro Oeste, continuando sua expansão, tem uma participação de 14,5% na produção nacional.
Hoje cerca de 65 % da carne suína consumida no Brasil é sob a forma industrializada e apenas 35% sob a forma “in natura”. Como 65% da carne suína é comercializada sob a forma de embutidos, que custam mais caro que a carne “in natura” e são consumidos por pessoas de melhores salários, a queda no poder aquisitivo afeta diretamente o seu consumo.