Agricultura

Futuro do negócio: para onde vai o milho?

A perspectiva de uso do produto no biocombustível tem provocado uma certa apreensão no setor de grãos para rações no mundo inteiro e no Brasil o assunto já começa a ser discutido.

“O impacto da produção de biocombustíveis será sentida pelos segmentos econômicos ligados à produção animal nos próximos anos, com diminuição da oferta de milho para a produção de ração e provável redução de lucros no comércio de aves”, alertou Bryan Fancher, Ph.D. em Nutrição Animal e vice-presidente de Serviços Técnicos do Grupo Aviagen, durante recente encontro com profissionais brasileiros da área de nutrição.

“Observamos uma tendência de diminuição do fornecimento do milho e outros cereais para a indústria de ração e aumento de sua oferta para a indústria de combustíveis”, diz ele. A projeção se deve a valorização do milho usado como matéria-prima na produção do etanol, tornando-o menos lucrativo para processamento na fabricação de ração, o que leva à conclusão de que a produção de aves será afetada de maneira negativa. Para Bryan, “o milho será um dos grandes motores para a produção de etanol, gerando alta nos preços e volatilidade no mercado”. Algumas companhias americanas já estão trabalhando para produzir um tipo de biocombustível usando gorduras animais (de aves e suínos), mas ainda há muitas dificuldades a serem superadas.

Desde 2004 os Estados Unidos tem incentivado, por meio de políticas e subsídios aprovados pelo Congresso, a produção de biocombustíveis, principalmente do etanol celulósico. Segundo Bryan, esses combustíveis são considerados competitivos economicamente, além de contribuírem para o aumento de empregos, a redução da poluição ambiental e ganho energético dos motores. Uma amostra do potencial de crescimento do setor é o número de biorefinarias instaladas nos EUA: 54 em 2005 e 110 no ano passado, concentradas nas principais regiões produtoras de milho. No ano passado, cerca de 17% da área total de milho cultivada nos Estados Unidos (que é responsável por 41% da produção mundial) já foi direcionada para a fabricação de etanol e a estimativa é que, dentro de dois anos, 35% da produção americana seja consumida por este segmento.

Os dois principais biocombustíveis com perspectiva de grande crescimento são o etanol (fabricado a partir da cana e do milho) e o biodiesel (de soja e canola). As novas tecnologias de extração produzem alguns subprodutos que podem ser usados nas indústrias de ração. Um deles é a glicerina, considerada boa fonte de energia com importante contribuição para a formação da carcaça. Mas Bryan ressalta que as indústrias de ração devem analisar com critério a composição dos subprodutos e, no caso da glicerina, usar no máximo até 5% do total da dieta da ave.

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