O milho também é atacado por diversas pragas que podem ocasionar prejuízos à produção. Quanto ao problema de doenças, as variedades e híbridos recomendados, foram selecionados visando também resistência às doenças. Pode-se afirmar, principalmente nas condições do Estado de Paulo, com raras exceções, as doenças não têm aparecido a ponto de causar sérios prejuízos à cultura.
O controle de pragas na cultura de milho ainda é uma prática executada esporadicamente pelos agricultores. Em outras culturas como o algodão, amendoim, citrus, etc, esse fato não ocorre pois os lavradores que a elas se dedicam tem uma preocupação permanente com relação às pragas que as atacam.
Com relação à cultura do milho, tem-se verificado um progresso palpável nas práticas de fertilização, emprego de sementes selecionadas, tratos culturais, etc. Quanto ao controle de pragas, a cultura, praticamente, não sofreu grandes evoluções, motivo pelo qual defrontamos com lavouras muito bem semeadas, adubadas e cultivadas, mas chegando à colheita com produtividade relativamente baixa.
Um dos principais fatores responsáveis pelo baixo rendimento obtido na cultura de milho no nosso meio é a ausência de controle de pragas. Dentre as causas da não adoção dessa prática, pela grande maioria dos lavradores, pode-se citar:
– O milho sendo uma cultura extremamente difundida, sofre uma variação muito grande no grau de tecnificação, de acordo com regiões, grau de instrução e poder aquisitivo dos lavradores, tamanho das culturas e principalmente com a finalidade da produção;
– O produto, via de regra, apresenta uma grande oscilação de preço, com baixas acentuadas durante a safra, concorrendo para que os lavradores sintam-se inseguros no sentido de investir maior soma com a cultura;
– Dificuldade de aplicação de inseticidas, devido ao rápido desenvolvimento das plantas, atingindo porte que torna difícil o tratamento com aplicadores manuais ou mesmo mecanizados, que convencionalmente, são utilizados em outras culturas de porte menos elevado;
– Falta de divulgação, entre os lavradores, da existência de aparelhos adequados para aplicação mais eficiente e correta dos inseticidas;
– Falta de demonstração da viabilidade econômica e vantagens que o tratamento contra as pragas proporciona sobre o rendimento da cultura;
– Falta de conhecimento, por parte dos lavradores, sobre as principais pragas da cultura e os prejuízos que acarretam;
– Falta de um esquema de tratamentos, como os existentes outras culturas, que venha a servir de orientação aos lavradores fornecendo-lhes, também, condições para calcular o custo dos inseticidas e das aplicações. Esse aspecto, talvez, seja um dos importantes, pois, havendo possibilidade de se fazer essa previsão de gastos, os mesmos poderão ser ajustados com maior segurança dentro dos limites econômicos que a cultura permite.
Uma vez apontadas as principais causas e dificuldades que impedem a adoção da prática de controle de pragas na cultura de milho, surge necessidade de encarar o problema com o objetivo de fazer com que os lavradores passem a adotá-la e a mesma se torne rotina, evitando que grandes prejuízos ocorram, principalmente, nos anos que ocorrem ataques mais intensos.
Tem-se verificado que os maiores prejuízos devido às pragas ocorrem na fase inicial de desenvolvimento da cultura, quando as plantas ainda, estão com um porte que permite fazer o tratamento sem maiores dificuldades e empregando-se aparelhamento convencional, tanto manual como mecanizado.
Uma orientação que inicialmente pode ser adotada a fim de diminuir prejuízos e com o objetivo de introduzir paulatinamente essa prática entre os lavradores, é a recomendação de um tratamento até, mais ou menos, dez dias após a germinação. A partir desse tratamento, a cultura deve ficar sob observação principalmente visando detectar o início do ataque da lagarta do “cartucho” (S. Frugiperda), quando o segundo tratamento será efetuado se houver necessidade. Esse segundo tratamento, se necessário, via de regra, poderá ser executado sem grandes dificuldades porque as plantas ainda possuem um tamanho que não impede a operação seja ela executada com aparelhos manuais ou mecânicos. Daí para frente, as plantas com porte já elevado, havendo ataque intenso de lagartas, o único meio mais viável de controle será o polvilhamento e empregando-se polvilhadeira mecanizada com grande capacidade de alcance. Para culturas de pequenas áreas a aplicação pode ser executada com aparelhos manuais, mas com certo desconforto para o operador e expondo-o à ação maléfica do inseticida.
Aparelhos especiais para aplicação de inseticidas na forma ultra concentrada (LVC), podem ser usados e com grande resultado, contornando essa dificuldade de aplicação devido ao porte elevado das plantas já numa fase mais adiantada de seu desenvolvimento.
Como última recomendação, não se pode esquecer a importância do controle cultural, que consiste de uma série de medidas que sendo executadas, concorre de maneira efetiva para a diminuição das infestações podendo reduzi-las a níveis mais baixos. É interessante frisar que o controle cultural implica em operação normal da cultura de milho, mas que devem ser executadas com certo critério, principalmente no que diz respeito à época, sendo, portanto uma medida que não implica em gastos extras.
Medidas que devem ser adotadas
– Colheita em época certa, seguida de destruição dos restos culturais e entorno dos mesmos;
– Preparo do solo bem executado e na época adequada;
– Manutenção da cultura e das áreas adjacentes no limpo, ou seja, isentas de ervas daninhas e outros tipos de vegetação que, normalmente, servem de hospedeiros das pragas.
– Rotação de culturas é uma medida importante não só sob o aspecto de controle cultural das pragas, mas também sob o ponto de vista de fertilidade e conservação do solo.
Quanto ao controle biológico, algumas pragas têm inimigos naturais, que, geralmente também, são insetos, mas, o controle por essa via é praticamente desprezível, o controle biológico, geralmente ocorre por parasitismo mas não pode ser considerado um fator importante. Mais importante são os predadores, especialmente os pássaros.
Principais pragas do solo.
Formigas: causam grandes prejuízos, principalmente, quando as plantas ainda são pequenas. As formigas devem ser combatidas antes da aração e se necessário, far-se-á um repasse depois do solo estar preparado, antes da semeadura. Quanto ao controle da formiga, deve-se consultar o Técnico Agrícola e ele, fornecerá instruções detalhadas, sobre a maneira de aplicar o veneno e quais os que devem ser usados.
Cupins: são insetos subterrâneos e atacam as raízes das plantas e podem ocasionalmente causar sérios danos à cultura. Seu combate é feito através de aplicação de inseticidas aplicados no sulco da semeadura.
Percevejo Castanho: vive sob o solo e ataca as raízes. O seu controle é feito da mesma maneira que dos cupins;
Lagarta Rosca: uma lagarta de hábitos noturnos. Durante o dia ela fica escondida debaixo da terra e à noite sai, atacando o colo das plantas no início do crescimento. Seu combate é feito com inseticidas, aplicados em pulverização;
Lagarta Elasmo: Esta lagarta ataca as plantas no início do crescimento, na parte da planta próxima ou logo abaixo do solo.
Ela constrói galerias no interior do colmo, prejudicando grandemente o desenvolvimento das plantas. Seu combate é feito através de inseticidas. As aplicações podem ser feitas tanto em polvilhamento como em pulverização, procurando sempre atingir o colo das plantas.
Principais pragas da parte aérea
Lagarta dos Milharais: ataca as folhas e posteriormente introduz-se no cartucho, alimentando-se das folhas, atrasando o crescimento das plantas, causando prejuízos consideráveis. É considerada como uma das pragas que mais prejuízos causam à cultura;
Lagarta dos Capinzais: alimenta-se das folhas e tem grande voracidade, destruindo todas as folhas, deixando somente o colmo e causando grandes danos à cultura;
Essas duas lagartas são combatidas com inseticidas em pó ou líquido.
Para a lagarta dos milharais (lagarta do cartucho) deve-se preferir a forma líquida e dirigir o jato do pulverizador para o interior do cartucho das plantas.
Lagarta das Espigas: ataca as espigas desde o início da formação dos grãos e durante a fase do estado leitoso, podendo também atacar as folhas. Além de destruir em parte as espigas, deixa orifícios na palha, por onde penetram fungos e outros microorganismos e água de chuva, concorrendo assim para a deterioração da espiga. Seu controle é difícil, pois a lagarta aloja-se dentro da espiga e fica muito bem protegida. Usa-se para o seu controle inseticidas clorados, misturados com óleos miscíveis, que auxiliam a penetração do inseticida no interior da espiga, através dos cabelos. O jato de pulverização deve ser dirigido diretamente à extremidade da espiga, na região dos cabelos;
Pulgão: o milho ainda é atacado por pulgões que além de sugarem as plantas, são transmissores de doenças viróticas. Seu controle é feito com inseticidas fosforados;
Pragas no armazém
O milho quando armazenado, quer seja em grão ou em palha, é atacado por diversas pragas que podem facilmente comprometer a qualidade do produto bem como provocar grande perda de peso.
As duas principais pragas do milho armazenado são: carunchos e traças. O controle dessas pragas deve ser feito com inseticidas misturados aos grãos na dosagem indicada. Se o milho for armazenado em palha, devemos limpar e desinfetar bem o paiol e depois de cada camada de espigas (com cerca de 20 cm) polvilhar bem o inseticida na dose indicada. A eficiência desse tratamento do milho em palha é discutida e experiências demonstram que o controle não é satisfatório.