Agricultura

Milho: qualidade garantida na semente

O tratamento de sementes na lavoura de milho proporciona menor incidência do ataque das chamadas pragas do solo, que atacam a lavoura no início da germinação e afetam de forma significativa a produtividade. O milho é uma cultura que tem um alto valor agregado na semente, então essa semente que é plantada precisa realmente nascer e produzir.

Pra isso o controle de pragas, principalmente na fase inicial de germinação é fundamental para garantir que todas essas sementes que foram colocadas no chão virem realmente plantas e produzam. Cláudio de Oliveira, gerente de desenvolvimento de projeto da BASF explica que, uma série de pragas acabam atacando a lavoura do milho na fase inicial de germinação. Para isso existem produtos para o tratamento de sementes contra essas praga.

“O milho era uma cultura que não tinha um histórico de controle de doenças, então, os ganhos que o tratamento de sementes tem proporcionado para a cultura do milho vem sendo bastante expressivos”, conta, lembrando que, hoje, os principais inimigos das lavouras de milho são justamente as pragas iniciais, as pragas de solo e principalmente, a lagarta do cartucho, que é uma praga que causa bastante dano.

Na verdade, vários insetos atacam as sementes, raízes e plântulas (plantas jovens) do milho após a semeadura. O tipo de ataque reduz o número de plantas na área cultivada e o potencial produtivo da lavoura. Esses insetos são de hábito subterrâneo ou superficiais e a maioria das vezes passam despercebidos pelo agricultor, dificultando o emprego de medidas para o seu controle. A importância desses insetos variam de acordo com o local, ano e sistema de cultivo.

De acordo com Nicésio Filadelfo Janssen de Almeida Pinto, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, no solo os fungos encontram condições ideais para atacar as sementes de milho, principalmente, quando a semeadura é realizada em condições sub-ótimas, isto é, em solo frio e úmido, onde há impedimento da germinação ou a velocidade de emergência é reduzida, propiciando uma maior exposição ao ataque dos fungos. Todos os tratamentos fungicidas em sementes propiciam incremento significativo na emergência das plântulas de milho. Desta forma, o tratamento de sementes de milho visa, principalmente, a proteção contra os fungos do solo.

O êxito de qualquer cultivo depende, fundamentalmente, da qualidade da implantação da cultura. Medidas de proteção das sementes e plântulas recém-emergidas atuam como uma prevenção contra o ataque de pragas iniciais, que geralmente são de difícil visualização no campo e comprometem a produtividade final.

A utilização de híbridos de alto potencial produtivo, juntamente com o plantio de sementes tratadas com inseticidas, tem se mostrado uma excelente opção adotada pelos produtores como solução para o controle de insetos, além de reduzir a necessidade de pulverização nos estádios iniciais da cultura.

Para a cultura do milho existem diversos tipos de inseticidas cada um com diferentes princípios ativos, têm diferentes indicações e podem auxiliar no controle das pragas iniciais.

Segundo a Engenheira agrônoma Bréscia Terra, existem dois grupos de inseticidas utilizados no tratamento de sementes: os neonicotinóides e os carbamatos. Os primeiros controlam asa pragas sugadoras como o percevejo-barriga-verde e cigarrinhas. Esses insetos ao sugar as plântulas de milho, injetam toxinas e, dependendo da quantidade e profundidade das picadas, provocam danos, tornando as plantas deformadas, pequenas, com perfilhamento excessivo, podendo causar até a morte. Como resultado pode haver redução de produtividade como conseqüência da redução da população final e um aumento no número de plantas sem espigas.

Os carbamatos controlam, principalmente, as lagartas, como a lagarta-elasmo e lagarta-do-cartucho. Dentre os danos causados por essas pragas, ressaltam-se os danos provocados às sementes e raízes, que podem prejudicar a germinação e ocasionar a morte das plantas pela destruição do ponto de crescimento, causando o chamado “coração morto”.

A escolha do inseticida

O principal é a identificação das pragas alvo, principalmente a freqüência e intensidade. É muito importante que o produtor conheça o inseto que queira controlar, deve-se levar em consideração o histórico da área, o tipo de manejo (plantio direto, cultivo mínimo etc), a pressão de insetos, o histórico da área e a cultura anterior utilizada na rotação. Algumas coberturas podem multiplicar e alojar determinados tipos de pragas, como por exemplo, a lagarta-da-aveia, e percevejos e cigarrinhas na ervilhaca e pastagens. Deve-se levar em consideração também o espectro de controle, o modo de ação e a margem de fitossanidade em relação à semente, pois alguns produtos podem causar diminuição na germinação e vigor quando as sementes são submetidas a um longo espaço de tempo entre o tratamento e o plantio. É importante também observar a compatibilidade com outros produtos utilizados no tratamento.

Sob alta pressão de insetos, normalmente, apenas o tratamento de sementes não é suficiente para o controle, necessitando-se de pulverizações complementares com outros inseticidas de princípios ativos e mecanismos de ação diferentes para se evitar o aparecimento de resistência. Além disso, devem ser utilizadas práticas de manejo auxiliares que reduzam a pressão de insetos, como por exemplo, a rotação de culturas e a dessecação antecipara da cobertura anterior.

Não podemos esquecer que a semente é um ser vivo e, que muitas vezes, é a via mais fácil e cômoda de se aplicar produtos de proteção, fertilizantes, inoculantes, dentre outros. Problemas de germinação e redução da população de plantas são, muitas vezes, causadas por excesso de produtos na semente. Não há uma regra. Deve-se usar o bom senso e estudar as possibilidades de aplicação alternativa de produtos através do adubo no plantio, via foliar.

Os inseticidas do grupo dos carbamatos usados para ao tratamento de sementes podem alterar a qualidade das sementes em questão de dias. Por isso, recomenda-se o tratamento apenas na quantidade suficiente para o plantio imediato, ou, no máximo, um ou dois dias antes da semeadura, uma vez que sempre há o risco de ocorrerem outros imprevistos, como chuvas constantes e problemas com a plantadeira.

Semente industrial

Existem vários benefícios ao se adquirir as sementes já tratadas pela empresa produtora de sementes. Um deles é a garantia de qualidade, já que o tratamento industrial das sementes é feitode forma mais uniforme, com doses mais precisas do ingrediente ativo por semente e com a redução dos danos mecânicos da sementes.

Outra vantagem é a eliminação do custo operacional. O tratamento industrial é realizado com qualidade e não impõe gastos extras para o produtor. Isso, além da redução de riscos na propriedade, uma vez que não há o manuseio do produto e exposição do tratador, além da eliminação da necessidade de maquinas para ao tratamento, e preocupações com descarte de embalagens.

Portanto, para as pragas iniciais da cultura do milho, tem-se buscado alternativas ao uso de inseticidas via pulverização. Uma dessas alternativas é o tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos. Apesar de ser considerado um método preventivo, ainda assim tem sido mais eficaz do que as pulverizações convencionais.

O custo do tratamento de semente equivale aproximadamente a 100 kg de grãos, ou 2% da produção, para tetos de produtividade ao redor de 5.000 kg/ha, o que é sem dúvida bem inferior ao custo dos outros insumos como semente, herbicida e fertilizantes. Em termos percentuais, o custo de controle equivale a 0,5% de plantas atacadas. A probabilidade de ocorrer danos iguais ou superiores a esse valor é alta no Brasil, considerando as pragas iniciais do milho, o que tem sido evidenciado através dos resultados de pesquisa obtidos como tratamento de sementes ao longo dos anos.

As vantagens do uso do tratamento de semente são: a eficiência, o baixo custo do produto e da mão-de-obra para efetuar o tratamento, e a seletividade do processo, por ser uma aplicação localizada. Além disso, dispensa o trabalho de monitoramento e não utiliza água, essenciais e imitantes quando se faz pulverizações. O inseticida tanto atua diretamente sobre as pragas matando-as por ingestão e contato como também pode atuar por repelência.

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