Negócios

Bons ventos para o setor

Desempenho satisfatório deve-se à base de comparação muito baixa, em face da crise do setor. Endividamento do produtor rural recomenda cautela aos fabricantes de implementos.

Apesar do segmento de máquinas e implementos agrícolas apresentar crescimento de 33,9% no faturamento nominal, no período de janeiro a maio de 2007 contra o mesmo período do ano passado, o cenário ainda é de pequena recuperação, sobretudo no mercado interno. A avaliação foi divulgada pelo presidente da Abimaq, Newton de Mello, com base nos indicadores da entidade.

Na ocasião, o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Derci Alcântara, era homenageado por sua contribuição a esse segmento de bens de capital, com a presença de empresários, políticos e personalidades, com destaque para os presidentes da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Francisco Matturro, da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho da Silva, da Abag, Carlos Lovatelli, do sistema Agrishow, Sérgio Magalhães, e do deputado Duarte Nogueira.

O desempenho positivo resulta de ligeira reação nos grãos e da expansão da cultura dos três “c”, ou seja, cana-de-açúcar, café e cítricos. “Embora expressivo, o aumento se dá com uma base de comparação muito baixa”, explica Mello. O empresário refere-se ao fraco desempenho de 2006 e 2005, quando o segmento fechou esses dois anos com faturamento pouco superior a R$ 4 bilhões, ao passo que em 2004 o montante chegava a R$ 7 bilhões. Os dados mensais também refletem a crise vivenciada pelo setor, ao apontar um faturamento de R$ 832 milhões em junho de 2004, que, após sofrer queda gradativa, desceu para R$ 293 milhões, em janeiro de 2006, voltando a recuperar-se e atingindo em maio de 2007 um total de R$ 517,72 milhões.

O pequeno aumento do número de empregados, de 9,5%, também é um reflexo de uma recuperação modesta, no entender de Newton de Mello. “Em maio deste ano o setor empregava 38.243 empregados, contra 34.933 em maio de 2006. Ao passo que o setor já chegou a empregar 45.375, em agosto de 2004”, compara.

Comércio exterior

Superavitário, o segmento de máquinas e implementos agrícolas exportou US$ 245,073 milhões, com crescimento de 14%, no comparativo de janeiro a maio deste ano contra 2006, enquanto importou US$ 76,010 milhões, com aumento de 147,8%.

As máquinas agrícolas são exportadas sobretudo para a América do Norte e Latina, sendo que o maior volume é de componentes para mercado norte-americano, e de máquinas de preparo do solo para os latinos.

O expressivo aumento das importações pode ser explicado pelo câmbio, que torna mais atraente a compra em dólar, sobretudo de peças e partes de máquinas, segundo Newton de Mello.

As perspectivas são de cautela. “Os empresários do segmento estão endividados e com as despesas absorvidas por insumos como fertilizantes, que aumentaram 43%. A continuar o mesmo patamar do dólar, o cenário é negativo para os grãos, enquanto a cana, que vai bem, sofre restrições dos países importadores, além do problema cambial”, conclui o presidente da Abimaq, Newton de Mello.

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