O Concurso e Leilão Novilha do Futuro serviu mais uma vez para mensurar o sucesso e a difusão da raça Santa Gertrudis nos pastos brasileiros.
Na sua vigésima terceira edição, o evento foi prestigiado por 9 criadores que expuseram 17 novilhas, todas com prenhes positiva e com uma carga genética de alta qualidade, como explica Carlos Alberto Correia de Lima, criador da raça: “Aqui realmente a gente estabelece padrões, estabelece referenciais importantes que definem a tendência da raça e definem o melhoramento genético que a raça vem conseguindo”.
O concurso é realizado todos os anos em Tietê, na fazenda Pau d´Alho, de propriedade dos criadores Carson e Helen Geld, casal de origem norte-americana, assim como a raça, que é uma das raças sintéticas mais antigas do mundo. As 17 novilhas foram julgadas pelo médico veterinário Marcos Santana, que cita algumas das qualidades da raça: “É uma raça que se adapta a qualquer tipo de pastagem, tipo de clima e é muito boa produtora de carne. As fêmeas da raça Santa Gertrudis, além dessas características são boas mães, têm uma boa habilidade materna. É uma raça ideal para produzir carne aqui no Brasil”, afirma o juiz.
De acordo com Clayton Emerin Marques, juiz do concurso em 2005, o que se procura dentro da raça é um animal com caracterização racial definida. A pelagem deve ser uniforme e variar de cereja ao pinhão. O animal deve apresentar volume de couro, sem excesso, uma pigmentação da mucosa ocular rosa e cascos pretos. Na avaliação de carcaça, busca-se um animal com boa distribuição traseira e dianteira. Ele deve ser comprido, apresentar profundidade e uma ossatura forte, condizente com o corpo.
Uma das principais características da raça é a rusticidade, como afirma Luiz Bannwart Junior, criador há 36 anos, mas que acompanha a raça desde que ela chegou ao Brasil, em 1954: “É uma raça que trabalha bem em qualquer canto do país, suporta bem qualquer tipo de clima, seja ele quente ou frio, portanto do norte ao sul, então é uma raça bem diferente das raças européias”. Marcos Santana faz coro a Bannwart Junior: “A gente pode ver que tem [gado] Santa Gertrudis desde o sul até o Pará. Do norte ao sul, do leste ao oeste”.
O leilão é uma atração à parte e uma ótima oportunidade de fechar bons negócios, como explica o criador Luís Fernando Doneaux Júnior: “Nós trabalhamos hoje com animais do padrão de 3000 reais, mais ou menos, e isso em preços reais. Não existem muitas especulações financeiras e sim [preços] muito mais próximos do mercado comercial; e se os animais forem vendidos com liquidez total, a esse preço, nós estaremos muito contentes” afirma. A novilha Babilônia da Taquari, pertencente a Henricus Joseph Beckers ficou em primeiro lugar no Concurso. Sandi da Angélica e Mara da Pau d´Alho conquistaram o segundo e terceiro lugar, respectivamente, na classificação geral. A quarta e a quinta colocada foram as prenhezes Bali e Vitória da Taquari. Os leilões tiveram 18 lotes vendidos e totalizaram R$ 52.640,00 em vendas. Uma média de R$ 2.925,00 por animal. O maior comprador foi Antônio Roberto Alves Corrêa. O maior vendedor foi Carson Geld e o leiloeiro foi José Eduardo Matuck.
Conhecida por sua rusticidade, precocidade e adaptabilidade, a raça apresenta um bom ganho de peso, possui uma carga genética elevada, é a única raça sintética que possui pedigree e se destaca na produção e no cruzamento industrial, como ressalta o criador Carlos Alberto Correia de Lima: “É a grande raça que pode suprir o rebanho brasileiro de touros no cruzamento industrial, mas acredito firmemente nesse propósito da raça que é produzir touros que vivem em pasto, comendo baquearia e que acompanham as vacas, sem nenhum problema de enfrentar calor ou excesso de frio”. Os criadores garantem satisfação e retorno financeiro com a raça, como demonstra Carlos Alberto: “Estou muito feliz de ser o criador de [gado] Santa Gertrudis. Estou ainda na fase inicial e tenho tido muito apoio da associação, dos demais criadores e dos meus vizinhos. Tenho tido um estímulo muito grande e principalmente apoio. Só tenho coisas boas a dizer sobre a raça”.