Feira prova que a caprino-ovinocultura está em alta na pecuária. A 4ª edição da Feinco, a Feira Internacional de Caprinos e Ovinos atingiu números recordes tanto de público como de volume de vendas, consolidando de vez sua importância e o seu sucesso.
Estiveram presentes na feira, entre 13 e 17 de março, 30 mil pessoas. Além de contar ainda com 3,5 mil animais de 20 diferentes raças, entre caprinos e ovinos, 150 expositores e 200 criadores, reunidos em uma área de 22 mil metros quadrados, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
“A Feinco agradou tanto expositores como compradores. Ela contou com uma série de eventos importantes como os leilões, por exemplo”, explica Arnaldo dos Santos Vieira Filho, Presidente da Associação Paulista dos Criadores de Ovinos (ASPACO) e da Câmara Setorial de Caprinos e Ovinos do estado de São Paulo. Leilões estes que movimentaram mais de R$ 4,6 milhões em negócios, superando a marca de R$ 2,6 milhões negociados na feira do ano passado. Ao todo durante o evento foram realizados oito leilões. Só a Agreste Leilões realizou 4 remates.
O sucesso da Feria se explica pelo crescimento do interesse dos produtores nos caprinos e ovinos. “Este setor (do agronegócio) está aquecido: Tanto na parte da genética, como na carne e na produção. Ele está em franco desenvolvimento”, afirma Arnaldo. O Brasil conta hoje com o oitavo maior rebanho do mundo, com mais de 30 milhões de cabeças.
Uma prova do crescimento deste setor da pecuária foi o ingresso de mais de 30 novos investidores, que a partir dos negócios realizados nos leilões durante a feira, adquiriram animais e debutaram na criação de caprinos e ovinos. Entre os estreantes na atividade presentes na 4ª Feira Internacional de Caprinos e Ovinos estavam o ator e criador de bovinos, Tarcísio Meira e o ex-governador do Estado de São Paulo, Orestes Quércia e sua esposa, Alaíde Quércia.
De acordo com Décio Ribeiro dos Santos, diretor do Agrocentro, a empresa que organiza a Feinco, o evento confirmou que a caprino-ovincultura é um excelente negócio, com boas perspectivas para o futuro. “O consumo per capta/ano no Brasil passou de 657g, em 2005, para 810g, em 2006. Porém, hoje ainda não temos carne suficiente para atender a demanda nacional, recorrendo à importação de países vizinhos, como o Uruguai, que fornece cerca de 80% da carne necessária para abastecer o mercado brasileiro. No entanto, temos mercado para todo tipo de corte, frigoríficos, abatedouros ociosos e leilões de elite em todo País. Só precisamos de mais investimentos em toda cadeia produtiva. E a Feinco veio justamente para levantar estas necessidades e impulsionar cada vez mais o desenvolvimento do setor”, explica Décio.
“O momento é excelente para a criação de caprinos e ovinos”, afirma o presidente da Capripaulo (Associação Paulista dos Criadores de Caprinos), Vicente Ribeiro. “Na Feinco, só não negociou animais quem não quis ou quem não tinha animais para negociar. A feira não poderia ter sido melhor pra quem quis fazer negócios”. As oportunidades hoje são tão boas que a feira atraiu investidores do País inteiro além de ter recebido delegações de outros 14 países, como Dinamarca, Equador, Bolívia, Argentina, Estados Unidos e México, nesta que é, segundo os organizadores, a maior feira de caprinos e ovinos da América Latina.
“O comércio e o consumo de carne (de cabra) está se difundindo no mercado brasileiro graças às novas raças que estão sendo criadas aqui, como Savana, Boer ou a Anglo Nubiana. Outra vantagem de se criar cabras é o pouco tempo de espera até o abate. Os animas em cinco meses já estão preparados para o corte”.
A feira contou ainda com a Cozinha Interativa, onde Chefes de diferentes restaurantes e instituições fizeram demonstrações e ensinaram receitas de pratos à base de carne, leite, queijos, iogurtes e outros derivados de ovinos e caprinos. “Este ano a Cozinha Interativa contou com um público mais focado, entre especialistas, donos de restaurantes, estudantes de gastronomia e demais envolvidos na atividade. Tivemos a presença de representantes do Norte ao Sul do País, o que nos permitiu difundir as qualidades dos derivados da caprino-ovinocultura, valorizar o trabalho dos produtores e mostrar a todos os elos da cadeia a importância da produção de qualidade superior”, destaca Robson Leite, economista e presidente da Savana, empresa promotora do espaço em parceria com o Agrocentro.
Uma das conclusões que os organizadores e pecuaristas chegaram é que para o setor produzir mais e melhor e conseguir uma maior rentabilidade da cadeia, é necessário investir em melhorias. De acordo com Vicente Ribeiro, é preciso desenvolver a padronização, produção em escala comercial e seleção de características valorizadas pelo consumidor – qualidade nos produtos, preços adequados, facilidade de consumo e sistemas de produção que promovam o bem-estar animal. Um dos indícios de que este setor tem um enorme potencial é o fato de a demanda ser muito maior do que a oferta. “Está faltando leite e queijo de cabra no mercado, a carne está se difundindo e o consumo está aumentando”, explica.“Temos tudo para crescer, porém é preciso muito trabalho nos próximos dez anos para profissionalizar a atividade e estruturar melhor o mercado produtivo, além de estimular o consumo”, afirma o presidente da Capripaulo.