Pecuária

Ovinos: parceiros antigos do homem

Animais de significativa importância na pecuária de diversos países, os ovinos vem ganhando cada vez mais espaço nas propriedades brasileiras.

O temperamento sociável dos carneiros, associado à sua indiscutível utilidade econômica, fez da domesticação da espécie uma das mais antigas da história da civilização, acreditando-se que tenha ocorrido a mais de 4.000 anos a.C., na Ásia Central. Ao longo do tempo, foram ocorrendo adaptações em função do clima, solo, disponibilidade de água, alimento e utilização econômica, de tal forma que hoje se estima que existam mais de 1.400 raças de ovinos em todo o mundo. Estas raças estão classificadas de acordo com as funções econômicas que desempenham, constituindo o segundo maior rebanho do mundo (o primeiro é o bovino).

A seleção para lã foi obtida durante o processo de domesticação: os ovinos primitivos apresentavam pelagem formada por dois tipos de fibras, uma de pêlos longos, grossos e ásperos e outra com pelos finos, curtos e crespos. Com a evidencia da utilidade da lã sobre o pêlo, foi sendo realizada progressivamente a seleção para sua obtenção. No Brasil, os primeiros ovinos chegaram em 1556, trazidos pelos colonizadores.

Austrália, China, Nova Zelândia, Índia, Espanha, Reino Unido, Argentina, Uruguai e Brasil são países que possuem grandes contingentes de ovinos. No Brasil, estima-se que existam 18 milhões de ovinos de 18 raças diferentes e as maiores criações estão no Rio Grande do Sul e na região Nordeste. Em São Paulo, o rebanho é de cerca de 250 mil animais, ocupando áreas usadas no passado para a produção de café, como é o caso da região de São Manuel.

As condições básicas para a criação, além da escolha cuidadosa da raça, são o clima, solo, pastagens, aguadas, condições de mercado, não esquecendo também a boa capacidade técnico-administrativa do criador e habilitação dos empregados.

O clima mais propício para a criação é o temperado frio em latitudes de 250 a 400 Norte e Sul; a baixa latitude pode ser compensada pela altitude. A temperatura adequada está entre 22 e 25ºC, com umidade relativa entre 55% a 70% (em altas temperaturas) e 65% a 91% (em baixas temperaturas). A precipitação pluviométrica anual deve estar entre 4900 e 1400 mm.

As características do solo são importantes para a escolha da raça a ser criada. Raças mistas são mais exigentes e devem ser criadas em planícies e vales férteis, com solo permeável. Solos pobres, com baixo valor nutritivo, podem ser utilizados para a criação de raças mais leves, produtoras de lã. O solo precisa ser corrigido, drenado e deve haver bastante sombra nas áreas de pastagem, pois a radiação solar direta causa efeitos nocivos ao conforto térmico do animal.

Alimentação e pastagens

A ideal é a pastagem rasteira, abundante e de boa qualidade. Em boas pastagens, com manejo rotativo, podem ser mantidos 10 animais por hectare; em pastos mais pobres, de uso continuo, a capacidade é de 3 cabeças por hectare. Consomem também as plantas infestantes do pasto, inclusive a que não é consumida pelos bovinos. Na época de escassez de pasto, é necessário complementar a alimentação com forrageiras de inverno, como a aveia e o centeio, alimentos concentrados e mistura mineral. Para a formação de piquetes utilizar gramíneas rasteiras, de hábito prostrado e decumbente, se possível consorciadas com leguminosas. As gramíneas mais utilizadas são o capim Transvala, Pangola, Pensacola, Setária, Coast-Cross, grama Seda, Missioneira, Batatais e Brachiaria humidícula.

Os ovinos ingerem 3 a 4 litros de água no inverno e de 5 a 6 litros no verão. É interessante que a propriedade possua aguadas sem poluição, com fundo pedregoso ou arenoso. Brejos e baixadas pantanosas são indesejáveis, e na falta de cursos de água naturais devem ser construídos bebedouros de acordo com o tamanho do rebanho.

A nomenclatura “intensiva” e “extensiva” não se aplica à criação de ovinos. O que se considera é que existem as criações menores, desde as domésticas até as de tamanho médio, e aquelas de larga escala com sólida infra-estrutura de manejo, estas são, consideradas criações extensivas. Recentemente tem sido incentivados o sistema de confinamento, com a criação em cabanhas e fornecimento de ração balanceada. Nesse sistema, semelhante ao que ocorre no confinamento de bovinos, o custo é maior mas permite a produção de animais precoces e livres de verminoses, com abate entre 60 e 120 dias, com peso médio entre 30 e 35 kg.

Criações Domésticas

Uma criação pode começar com lotes pequenos, de 7 a 10 ovelhas e um macho, utilizando os animais para capinar pomares ou para acompanhar outras criações (como bovinos e eqüinos) e culturas (café, citrus). Para o pasto, com até 10 animais em um hectare, sem baixadas úmidas e com árvores para sombreamento, é suficiente para um ano (Capim Pangola, Quiquio, CoastCross, Seda). Se não tiver pasto suficiente, forneça alimentação no cocho. Os piquetes devem ser de arame liso com 1,24 m de altura, com espaçamento menor na parte inferior, e ter unia fonte de água (natural ou bebedouro) e cocho de sal mineral. O melhor é dividir uma área de até dois hectares em quatro piquetes e fazer rodízio a cada 10 dias (1 mês de descanso/piquete).

A partir de 30 animais, a criação já pode ser considerada comercial e a escolha da raça depende das proximidades do mercado para lã, carne ou leite e derivados. Utilizar 1 carneiro com idade acima de um ano e meio para cada 30 ovelhas. Nesse tipo de criação, além da alimentação mencionada para a criação doméstica, é recomendável um reforço diário à base de grãos, especialmente para ovelhas que pariram gêmeos. Na época da seca, complementar com fenos, silagens ou ração. Adicionar farelo de soja com uréia pecuária ao cocho de sal mineral (fonte de proteína suplementar). Se a criação for para corte, o desmame dos cordeiros deve ocorrer aos 3 meses; para leite, aos 10 dias, fornecendo leite de vaca com (250 ml/dia com 1 colher de sopa de óleo de soja por litro).

Em criações de porte médio, recomenda-se que a criação seja mista (lã e cordeiros para o abate), com uni rebanho de 100 a 150 cabeças e algumas das raças recomendadas são a Corriedale, Ideal e Romney Marsh A escolha de bons machos reprodutores é fundamental para o sucesso da criação, que devera contar com boa infra-estrutura (cercas, divisões para separar os animais de acordo com sexo e idade, pastagens, abrigos, aguadas etc.). E possível fazer consorciamento com gado, alternando os rebanhos bovino e ovino, mas deixando pastar somente bovinos adultos para evitar contaminação exagerada dos piquetes com verminoses comuns às duas espécies.

Para grandes extensões de terra, são criações que comportam de 200 a 1000 cabeças, calculando 3 cabeças por hectare; são utilizadas principalmente as raças Merino, Ideal, Corriedale, Romney Marsh, para as regiões mais úmidas (Sudeste); e as deslanada e Somalis, em regiões mais quentes e secas (Nordeste).

Infra-estrutura

De acordo com o tamanho do rebanho será necessário formar bons pastos, que devem ser suficientes para poder dispensar suplementação; recomenda-se fazer uma análise do solo para correção de deficiências (calagem). O pasto deverá ser preferencialmente em terras altas, divididos em piquetes para fêmeas gestantes e recém-paridas, borregos e borregas, reprodutores, cordeiros de 2 a 6 meses, capões e ovelhas solteiras. Se não houver aguada natural no local de pastagem, providenciar bebedouro~ higiênicos, que deverão ser mantidos sempre limpos. Se não existirem abrigos naturais, como árvores de boa copa ou bosques, construir abrigo rústico de sapé, com capacidade compatível com o tamanho do rebanho; sob o abrigo, providenciar cocho para sal mineral.

As cercas entre piquetes deverão ser construídas com mourões a cada 10 m, intercalados com 4 ou 5 balancins; formada com seis a sete fios de arame liso, e recomenda-se que o primeiro, de baixo parass cima, esteja a 10 cm do solo e a seguir o espaçamento entre eles seja, consecutivamente: 18, 22 e 28 cm para os demais, numa altura total de 1,24 m. Quando em consórcio com bovinos, recomenda-se o espaçamento 10, 15, 20, 25, 30 e 30 cm, com altura total de 1, 30m. Se necessário, construir uni aprisco (cabanha) para proteção, próximo às pastagens, em terreno seco e ensolarado.

A construção poderá ser rústica, com piso ripado (1,5 cm de espaçamento), elevado a 1 metro do solo, pé direito de 2,5 m para uma boa aeração e com paredes de 1,50 m de altura. A área recomendada por cabeça e de 1,5 m2. A cabanha é recomendada quando a criação for para produção de matrizes e reprodutores e deve ter divisões internas (boxes) medindo 2 x 2m a 2 x 3m cada um, com comedouro e bebedouro. É imprescindível a construção de um curral de manejo, dividido em mangueiras e bretes, para os trabalhos de vacinação, marcação, descola, vermifugação etc., de acordo com o tamanho do rebanho (recomenda-se 1 m2/cabeça). Para contenção, seringa em área coberta, com tronco de 90cm de altura x 50cm de largura no alto e 30cm em baixo; pedilúvio de 10 cm, e banheira anti-sárnica profunda, para imersão, com curral para escoamento contíguo para evitar desperdício do produto. Todo o corredor lateral da seringa deve ter piso à 50cm do solo, para facilitar os trabalhos. Para rebanhos grandes, é necessário um galpão de tosquia.

O pasto é o principal alimento dos ovinos e quando este é de boa qualidade a suplementação pode ser mínima É preferível fornecer pastagens mistas, formadas por gramíneas e leguminosas. Devido ao sistema de criação adotado (extensivo larga escala), deve-se providenciar piquetes para as diversas categorias: ovelhas de cria e seus cordeiros; ovelhas velhas e falhadas, capões, borregos (as), ovelhas terço final da gestação, etc. As ovelhas de cria são separadas, segundo a qualidade de suas lãs ou por seu grau de sangue. Quando o plantel possui “pedigree” destinar piquetes de melhor qualidade e de fácil vigilância.

Os carneiros reprodutores, fora da época de monta, são postos em boxes separados ou outras construções. Utilizar a construção de abrigos nos piquetes para a proteção dos animais contra chuvas e ventos fortes. É indispensável a construção de banheiro sarnífugo para o combate da sarna. Deve possuir escorredouro, currais e bretes para separação e mangas de contenção. As mangas e os bretes devem ser aparelhados de modo a permitirem a aplicação de vacinas, vermifugações e demais tratamentos e operações que se fazem no rebanho.

A construção de um galpão apropriado para a tosquia ou tosa, é necessário, devendo o mesmo ser feito nas proximidades dos currais e bretes, para evitar movimentação e despesas ao criador. Nas grandes propriedades deve-se prever a construção de bretes giratórios, destinados à inseminação artificial.

Considerando que os requerimentos nutricionais dos animais e as disponibilidades dos pastos variarem consideravelmente durante o ano, um bom esquema de manejo é aquele que é adequado aos períodos de maior necessidade alimentar dos animais (prenhez, lactação, crescimento) com os períodos de maior disponibilidade de pastos, todavia, isto depende das condições climáticas que varia muito a cada ano. Entretanto, o emprego de normas adequadas permite melhorar os principais parâmetros que caracterizam uma produção deficiente:

– alta mortalidade dos cordeiros nascidos em relação ao número de ovelhas acasaladas;
– pouco desenvolvimento dos animais na fase de crescimento;
– baixa quantidade de lã produzida por animal e
– alta porcentagem de lã de categoria inferior.

Ao programar suas atividades, o produtor deve ter claros os seguintes aspectos que incidem diretamente na sua produção:
– o momento de acasalar, sinalar e desmamar os cordeiros;
– o momento de tosquiar;
– o momento de dosificar, vacinar, banhar os animais e
– quando selecionar os animais.

Tem-se observado que a falta de conhecimento sobre alimentação, entre a maioria dos criadores, é um dos fatores que mais contribui para a baixa produtividade das diferentes espécies e pelo manejo inadequado dos rebanhos em diferentes épocas e em determinadas circunstâncias.

Os nutrientes reconhecidos como essenciais são, geralmente, classificados de acordo com as propriedades químicas, físicas e biológicas em 6 grupos: água, hidratos de carbono, proteínas, gorduras, minerais e vitaminas.

– Água: auxilia na dissolução ou suspensão de outros nutrientes; responsável pela conservação da forma do corpo e é vital no controle da temperatura corporal. Ela representa ao redor de 70% da composição do corpo do cordeiro, O ovino consome 1 -6 l/d.
– Hidratos de carbono ou glicídios: os açúcares, o amido e a celulose são hidratos de carbono que apresentam quase a mesma composição química, mas difere no processo de digestão pelo organismo animal. O hidrato de carbono não contém N, que é o elemento característico das proteínas, por isso, são encontrados como E.N.N. (açúcares, amido, hemicelulose) a outra parte dos hidratos de carbono são chamados de fibra bruta (celulose e outros glicídios). O valor destas duas frações para os ovinos se apresenta sob dois aspectos: 1º- a parte fibrosa dá volume à ração, fator importante na alimentação dos herbívoros; 2º- a fração dos hidratos de carbono solúveis funciona como fonte de energia de utilização imediata.
– Proteínas: são formadas nas plantas pelo nitrogênio, fosfatos e outros sais obtidos do solo e combinadas com o carbono, oxigênio e hidrogênio. As proteínas que o ovino consome são quase exclusivamente de origem vegetal. As folhas e as sementes das plantas são fontes ricas em proteínas. A qualidade da proteína, nos ruminantes é sintetizada desde que receba materiais necessários, os diferentes aminoácidos, que são por sua vez formadores de proteínas. A principal função das proteínas é construir ou reparar os tecidos, que constituem os músculos, pele, órgãos internos, parte do tecido ósseo e nervoso. A lã é constituída por um composto protéico, a queratina. Os ovinos necessitam da proteína para o crescimento, reprodução, crescimento de 11, além da reposição de tecidos e fluidos do organismo.
– Gorduras: possuem os mesmos elementos químicos que os hidratos de carbono, porém, com menor proporção de oxigênio. Nos vegetais, pastos, fenos e silagens, o termo gordura, não diz respeito a gordura, propriamente dita, mas também outras substâncias esteróis, ceras, fosfolipídios, clorofilas, carotenos e outros pigmentos vegetais. Nas sementes, porém, o seu conteúdo em gordura, representa gordura verdadeira. A função da gordura é destinada a produção de calor e energia.
– Minerais: são indispensáveis para o animal e aumentam grandemente o valor da forragem. Os elementos minerais mais importantes geralmente contidos nos alimentos são; cálcio, fósforo, potássio, magnésio, sódio, ferro, cobre, enxofre, iodo, zinco, cloro e cobalto. Destinam-se, no organismo animal a atender às seguintes finalidades:
– formar os ossos e dar-lhes a necessária rigidez;
– constituir uma parte dos músculos, células do sangue e lã;
– integrar as substâncias solúveis que compõem a parte líquida do corpo;
– estimular a absorção dos alimentos e preservar de decomposição os princípios orgânicos consumidos;
– tonificar todos os sistemas do organismo animal, reforçando a resistência as doenças.

A quantidade de minerais contidos nas plantas forrageiras será diretamente proporcional ao teor desses alimentos contidos no solo.
– Vitaminas: importante para perfeito estado de saúde dos animais.

Vitamina “A” – sintetizada pelo animal à partir do caroteno das plantas: deficiência; cegueira noturna, perda de apetite, aborto, natimorto, infecções respiratórias é importante na reprodução; fonte;- forragens verdes, principalmente fenos;
Vitamina “K” – anti-hemorrágica, função: garantir a saúde dos vasos capilares. Os ruminantes a sintetizam no rúmen;
Vitamina “D” – regula a assimilação do Ca e P, evitando o raquitismo. É sintetizada pela presença do sol;
Vitamina “E” – importante na reprodução, está presente na maioria das forragens. A doença muscular branca em cordeiros é resultante de uma deficiência de vitamina E.
Vitamina “C” – é sintetizada pela maioria dos animais, sua inclusão é necessária para os cordeiros recém-nascidos.
Vitamina “B” – é sintetizado pelo rúmen do animaL O complexo B estimula o apetite, protege contra distúrbios nervosos e gastrointestinais e é essencial para a reprodução e lactação.

Pastagens, Fenos e silagens, palhadas e concentrados

Planejamento na forma de pastagens e preparo de alimentos complementares (rações e concentrados); cuidados especiais com a sanidade do rebanho (vacinas, vermifugação e banhos sanitários), acompanhamento da cobertura, gestação e parto dos animais (assim como a sua desmama) e os preparativos para a tosquia e abate são os principais itens de manejo na ovinocultura.

Os ovinos possuem a capacidade de aproveitar alimentos fibrosos e grosseiros como capins, ramos e palhas. Isto se deve à constituição do aparelho digestivo – características dos ruminantes quando apresentam o estômago muito desenvolvido e dividido em retículo, rúmen, omaso e abomaso.

A capacidade de digestão e o aproveitamento de forragem, dependerão da eficiência de seu desempenho e da qualidade nutricional das forragens ou outros materiais fibrosos oferecidos como parte maior da dieta. Pesquisas realizadas em várias espécies ruminantes mostram que o ideal é o fornecimento mínimo de 50 a 70% da MS da dieta na forma de volumoso.

Portanto, a alimentação dos ovinos deve ser feita basicamente à pasto, havendo necessidade de suplementação somente em situações especiais. O fornecimento excessivo de concentrado, também pode favorecer a ocorrência de problemas fisiopatológicos nos animais, tais como, timpanismo, cetose, enterotoxemia e diarréias.

Hábito de pastejo

Os ovinos pastejam de preferência gramíneas, realizando corte uniforme e baixo nos vegetais, a medida que andam pela pastagem, já as raças deslanadas tendem a apresentar um comportamento semelhante ao dos caprinos, ingerindo uma quantia considerável de ramos e folhas fazendo um pastejo mais seletivo e menos uniforme. Outro aspecto importante do comportamento dos ovinos em pastagem é o fato de evitarem pasto alto (acima de sua altura). Nessa situação, o plantel tende a permanecer na periferia do posto, penetrando na pastagem somente após o rebaixamento do mesmo, através do pastejo ou pisoteio por bovinos ou roçadeiras.

Se for considerado o hábito de pastejo do ovino, de pastejo baixo, ou seja, colhe as forragens bem próximas ao solo, as forrageiras mais indicadas são; Pangola (Digitaria decumbens c. v. Pangola) , Estrela Africana (Cynodon plectastachyns), Pensacola (Paspalum notatum), Coast-Cross (Cynodon dactdon), e Quiquio (Penninsetun Clandestinum). Outras forrageiras podem ser utilizadas, desde que manejadas baixas, como; Capim de Rhodes (Chlorys Gayanus), Andropogon (Andropogon Gayanus) e algumas variedades de Panicum (Centauro, Tanzânia). Estas forrageiras são muito bem aceitas pelos ovinos e apresentam bom valor nutricional. Em regiões de clima ameno, pode-se fazer uso de forrageiras de inverno como a Aveia Preta (Avena Strígosa) ou o Azevém (Lolium Multzflorum), quando são anuais.

A escolha das forrageiras utilizadas nos pastos se baseará nas características de clima e solo da região onde se localiza a propriedade, sendo interessante utilizar mais de uma espécie, este método garantirá maior variedade de nutrientes oferecidos, além de representar uma garantia adicional quanto á diminuição da ocorrência de pragas, doenças, intempéries climáticas, já que diversas forrageiras se comportam de maneira diferente diante das condições ambientais. O consórcio gramínea/leguminosa em pastagem para ovinos é um procedimento aconselhável, não só no âmbito da nutrição (eleva o nível de proteína da dieta) como também melhora a produtividade da pastagem, devido à capacidade das leguminosas, em fixar N atmosférico pelas bactérias (Rhizobium) que vivem em simbiose com suas raízes.

Sem uma boa alimentação, é inútil pensar-se em raças especializadas. Esta é necessária para a economia e o aperfeiçoamento de um rebanho, pois é sabido que as raças especializadas são conseguidas em boa parte, com os cuidados com a alimentação.

Os ovinos preferem pastos rasteiros, vegetais baixos, forragens finas, macias, leguminosas, arbustos. Preferem lugares altos, descampados, secos e permeáveis. Fogem às umidades das baixadas, os campos de carrapichos. Escolhem campos abrigados dos fortes ventos por eucaliptos e outros arvoredos que lhes servem de proteção.

Os ovinos produziram mais, recebendo boa alimentação. Daí ser necessário cultivar forrageiras de alto valor nutritivo. As pastagens devem ser racionalmente divididas, e o emprego de arame liso. Algumas forrageiras recomendadas:
– Capim de Rhodes: muito utilizado na formação de pastagens; é bem aceito pelos ovinos tem bom valor nutritivo.
– Trevo Branco: ótimo para a formação de pastagem, consorciado com outras forrageiras. Prefere solos argilosos, mas adapta-se a qualquer qualidade de terreno.
– Grama Bermuda: a sua utilização para ovinos é grande, capim de crescimento rápido, boa cobertura do terreno, resistente ao pisoteio e a seca, muito rústica. Boa palatabilidade e valor nutricional.
– Capim Quiquio: forma densos gramados, de folhas estreitas, colmos finos, enraíza com facilidade, resiste ao pisoteio, ao fogo e ao frio.
– Aveia Perene: gramínea muito precoce, produtiva, resistente ao frio, adapta-se a diversos tipos de solos, não muito exigentes. E utilizada como forragem de inverno, podendo ser pastejo direto ou cortada para feno ou forragem verde.
– Azevém: gramínea não exigente em solo, vegeta bem em locais de boa umidade (sem água estagnada). É bem aceita tanto no pastejo como fenada. Pode ser consorciada com frevo, alfafa.
– Setária Anceps: resistente á seca, pouca exigência em solos, tolerante á geada (menor teor de oxalato), usada para pastejo ou fenação.
– Centrozema pubescen; leguminosa, trepadeira, pouca resistência ao frio, geada, vegeta bem tanto em solos pobres como férteis, resistente à seca. Usada principalmente para pastoreio.

Lotação e Manejo dos pastos: um dos aspectos mais importantes no manejo das pastagens é a determinação da carga animal que permanecerá no pasto. Considera-se a produtividade da forrageira utilizada em MS e o consumo médio diário de um animal adulto 3% PV em MS. A lotação pode ser estimada de 8 a 10 an./ha., sendo que este número poderá ser maior ou menor, conforme as condições ambientais.

Aguadas: permanentes correntes; na ausência há necessidade de construção de bebedouros.

Tranqüilidade: não é necessário recolhe-las à noite em abrigos, podendo ficar solta no campo. Deve ter abrigos para os ovinos se protegerem das grandes chuvas e ventos fortes (pode-se empregar bosques de eucaliptos). Evitar presença de cães, que são inimigos naturais.

Manejo dos cordeiros

Aleitamento artificial para cordeiros fracos: (nascidos de partos múltiplos) com o fornecimento de colostro nos primeiros dias, leite de ovelha até o 300 dia e após leite de vaca (fazer adaptação prévia) e óleo de soja (01 colher sopa/500 ml de leite) até o desmame (média de 02 meses); desmame tardio de 03 a 04 meses. Fornecer a partir do 7º dia feno e ração à vontade de boa qualidade. Os cordeiros poderão ser confinados a partir do 2º mês de idade (evitando-se a exposição à verminose). Para a engorda mais rápida, pode-se oferecer ração 150 g/an./dia, sal mineral e água devem ser fornecidos à vontade. Aborto é muito freqüente nas ovelhas, sendo as causas mais comuns as pancadas, os apertões nas porteiras.

Para um bom aleitamento é preciso que as ovelhas sejam bem alimentadas, tenha bom pasto e suplementação com ração, aveia, alfafa, silagem. Nem sempre a ovelha aceita com facilidade o seu cordeiro, sendo forçoso habituá-la com a sua presença, o que se consegue colocando a cria em pequeno curral, obrigando a mãe a deixá-lo mamar, até que fique acostumada a isso. Esse fato é freqüente na raça Merina, que requer maior vigilância que as outras.

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