Aumento da procura por etanol nos EUA aponta cenário favorável aos produtores brasileiros.
O crescimento da demanda por etanol no mercado norte-americano deve provocar um novo ciclo promissor no agronegócio.
O cenário traçado durante o Fórum Mundial de Agricultura, promovido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em Washington, aponta para um incremento do comércio de milho e soja. “As perspectivas para o Brasil são extremamente animadoras”, diz o coordenador da área de fibras e oleaginosas da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Sávio Pereira.
O forte aumento da procura por etanol nos EUA deve beneficiar o agronegócio brasileiro, prevê Pereira, que participou do evento. Segundo ele, a tendência é que os agricultores norte-americanos expandam significativamente a produção de milho, ocupando áreas hoje destinadas à soja. Com isso, acrescenta, abrem-se duas oportunidades para o Brasil: ampliar as exportações da oleaginosa e as de milho para outros mercados. “Os Estados Unidos devem exportar menos soja e milho”.
De acordo com Pereira, o uso de milho para a produção de etanol nos EUA neste ano é estimado em 54 milhões de toneladas. Os números apresentados durante o Fórum Mundial de Agricultura indicam que o mercado norte-americano deve destinar cerca de 81 milhões de toneladas do produto para fabricação de álcool combustível em 2008. Ao mesmo tempo, informa, o estoque de milho naquele país deve cair para 5% do volume da safra. “Historicamente, o estoque deles sempre se manteve na média de 12%. O novo percentual reflete o crescimento da demanda por milho destinado ao etanol”.
Esse cenário, avalia Pereira, vai incentivar o produtor brasileiro a aumentar a área plantada com as duas culturas. O último
levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), destaca, projeta uma safra recorde de 127,7 milhões de
toneladas de grãos em 2006/07, com redução de 3,5% na extensão das lavouras. “Ou seja, o crescimento deve-se basicamente aos ganhos de produtividade. Diante do novo quadro da agricultura norte-americana, a expectativa é que o Brasil expanda a área cultivada na temporada 2007/08.”
Cotações
As projeções para as cotações de milho e soja também são animadores, diz Pereira. Hoje, o produtor norte-americano recebe, em média, US$ 126 por tonelada de milho. A previsão é que em 2007/08 a tonelada do cereal chegue a US$ 142. Já o preço médio da tonelada de soja nos EUA, que atualmente é de US$ 228, deve subir para US$ 261 em 2007/08. A se confirmar esse cenário, assinala, isso também terá reflexos no mercado brasileiro.
“Pela primeira vez, nesses dez anos que participo do Fórum Mundial de Agricultura, vi fazerem previsões de preços de grãos com base em perspectivas futuras. Antes, elas sempre eram feitas a partir de fatos já ocorridos, como uma seca, por exemplo”, observa Pereira.
O técnico do ministério ressalta que a atual produção brasileira de milho já deve ter um excelente resultado, graças ao bom desempenho da safra de verão no Paraná. “A produtividade média do cereal no Paraná cresceu 25%, saltando de 5.120 quilos para 6.380 quilos por hectares.”
A produção brasileira de milho (1ª e 2ª safras) deve chegar a 48,8 milhões de toneladas em 2006/07, com aumento de 14,7% em comparação à passada, de 42,5 milhões de toneladas. Só a safrinha de milho deve totalizar 13 milhões de toneladas, segunda as dados da Conab.
Neste ano, as exportações de milho devem alcançar 6,5 milhões de toneladas, calcula a estatal. Em 2008, acredita Pereira, esse volume pode crescer mais, se não houver nenhuma adversidade climática.