Pesquisa afirma que, com o uso de soja transgênica, agricultores economizaram cerca de US$ 1,4 milhão em 10 anos.
Os agricultores brasileiros que cultivam soja ou algodão transgênicos comemoram os resultados do estudo “Lavouras GM: os primeiros dez anos – impactos sociais, econômicos e ambientais globais”, publicado recentemente pelos economistas Graham Brookes e Peter Barfoot, da consultoria inglesa PG Economics.
No Brasil, o estudo revela um ganho de US$ 1,37 milhão com a adoção da soja transgênica. Reunindo 12 países que adotaram o cultivo dos diversos OGMs, incluindo a soja, o ganho chegou a US$ 27 bilhões no período analisado, de 1996 a 2005. Só no ano de 2005, a renda acumulada foi de US$ 5 bilhões.
Para o agricultor e presidente do Clube Amigos da Terra da região de Tupanciretã (RS), Almir Rebelo, “o ganho no Brasil começou há 10 anos quando adotamos a biotecnologia e passamos a economizar cerca de 30% ao ano em agroquímicos”, diz. Desde então, segundo ele, o custo desse insumo caiu de US$ 66 para US$22 por hectare.
Além dos ganhos econômicos, o levantamento dos economistas ingleses mostrou que o uso da biotecnologia nas lavouras beneficiou o meio ambiente. Desde 1996, houve uma redução global de 15,3% no volume de utilização de agroquímicos, o que representou 224 mil toneladas a menos de poluentes na atmosfera. De acordo com Rebelo, esta redução também foi significativa no Brasil. De 3,06 kg por hectare, o uso de agroquímicos nas lavouras brasileiras de soja caiu para 1,44 kg/ha com a adoção da soja transgênica. “Com a substituição dos herbicidas de classes toxicológicas altas pelos menos tóxicos, também houve um benefício extraordinário ao meio ambiente, contribuindo com a flora e a fauna locais”, diz.
Segundo ele, os benefícios para o meio ambiente já eram visíveis na primeira safra de OGM´s, entre 1997 e 1998, quando também o consumo de combustíveis sofreu uma redução em 70% com relação à fase anterior, quando se plantava soja convencional. “Com a entrada dos transgênicos reduzimos a aplicação de agrotóxicos e isto levou a uma menor circulação de veículos nas lavouras. Assim foi possível proteger o solo e evitar a erosão”, explica.
Para o representante dos produtores rurais, as melhorias agregadas ao plantio das lavouras são patentes. “Hoje nossos campos têm melhor aproveitamento. Sofremos menos com as estiagens, o maquinário é otimizado, e, ainda, conseguimos baixar os custos de produção com a redução do uso de agroquímicos”.
“Além disso, ao fim do processo, colhemos produtos em melhores condições, sem impurezas e ervas daninhas”, diz Rebelo. E acrescenta: “o próximo passo da biotecnologia agrícola será ela alcançar o consumidor final, beneficiando-o diretamente com alimentos mais saudáveis e enriquecidos. Isso já está acontecendo em outros países onde o plantio de transgênicos começou antes do Brasil”.
Lavouras GM: os primeiros dez anos – impactos sociais, econômicos e ambientais globais” é um dos primeiros trabalhos a quantificar os impactos ambientais e econômicos da biotecnologia na primeira década de sua adoção na agricultura.