Sustentabilidade

Tartaruga: projeto Tamar – corrida para a preservação

O TAMAR surgiu com o objetivo de proteger as tartarugas marinhas. Com o tempo, porém, percebeu-se que os trabalhos não poderiam ficar restritos às tartarugas, pois uma das chaves para o sucesso desta missão seria o apoio ao desenvolvimento das comunidades costeiras, de forma a oferecer alternativas econômicas que amenizassem a questão social, reduzindo assim a pressão humana sobre as tartarugas marinhas.

As atividades são organizadas a partir de três linhas de ação: Conservação e Pesquisa Aplicada, Educação Ambiental e Desenvolvimento Local Sustentável, onde a principal ferramenta é a criatividade.

Desde o início, tem sido necessário desenvolver técnicas pioneiras de conservação e desenvolvimento comunitário, adequadas às realidades de cada uma das regiões trabalhadas. As atividades estão concentradas em 21 bases, distribuídas em mais de 1100 km de costa.

Assim, sob o abrigo da proteção das tartarugas, promove-se também a conservação dos ecossistemas marinho e costeiro e o desenvolvimento sustentável das comunidades próximas às bases – estratégia de conservação conhecida como “espécie-bandeira” ou “espécie-guarda-chuva”.

Essas atividades envolvem cerca de 1.200 pessoas, a maioria moradores das comunidades, e são essenciais para a proteção das tartarugas marinhas, pois melhoram as condições do seu habitat e reduzem a pressão humana sobre os ecossistemas e as espécies.

O TAMAR tem coletado, ao longo de 25 anos de atuação, dados que subsidiam pesquisas e que são indicadores dos resultados obtidos, sendo que o primeiro deles é o cumprimento da missão de “proteger as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil”.

Abordando a “Conservação” como uma questão biológica que também depende de componentes sociais, culturais e econômicos, o TAMAR tem cumprido sua missão, portanto, graças principalmente ao envolvimento comunitário, através da educação ambiental e da geração de serviços e renda.

A conservação das tartarugas marinhas gera benefícios a todos os que com ela contribuem, sejam membros das comunidades costeiras, da comunidade científica ou da sociedade em geral, reforçando o conceito de que as tartarugas marinhas valem mais vivas do que mortas.

As tartarugas marinhas, porém, continuam ameaçadas de extinção, o que significa que é fundamental dar continuidade ao programa de conservação, com o apoio de todos e para o bem de todos os envolvidos.

Seja contratando os pescadores para atuarem como tartarugueiros, seja organizando grupos de artesanato ou incentivando o desenvolvimento de outras alternativas econômicas, o TAMAR tem demonstrado que a conservação das tartarugas marinhas traz mais benefícios à comunidade do que a caça e a coleta dos ovos.

A parceria entre o TAMAR e as comunidades está tão consolidada que, nas áreas de alimentação, a colaboração dos pescadores tem sido voluntária, sem nenhuma remuneração, baseada na boa vontade e na compreensão dos objetivos do programa de conservação. Os pescadores são responsáveis hoje por mais da metade dos registros de captura incidental.

Mesmo tendo iniciado os trabalhos de conservação das tartarugas marinhas com décadas de atraso em relação a alguns países, o Brasil tem se destacado em meio à comunidade científica como um programa bem-sucedido e tem inspirado a replicação de muitas das suas estratégias de manejo, pesquisa e envolvimento comunitário.

A sistematização dos conhecimentos gerados resultou, até o momento, em mais de 350 artigos científicos, publicados nos principais eventos e reuniões científicas realizados no Brasil e no exterior, além de revistas e periódicos especializados.

Há ainda o Banco de Dados do Projeto TAMAR, com registros reprodutivos, não reprodutivos e relacionados ao Plano TAMAR-PESCA, que vêm sendo disponibilizados à comunidade científica.

A sociedade é outro parceiro fundamental do programa de conservação das tartarugas marinhas no Brasil. Uma prova muito concreta é o fato de um terço do orçamento do TAMAR ser oriundo do Programa de Auto-sustentação, ou seja, da venda dos produtos com a marca TAMAR e do turismo nas bases.

Todos os anos, mais de 1,5 milhão de pessoas visitam as bases e 150 estagiários recebem treinamento e capacitação, tornando-se multiplicadores dos conhecimentos adquiridos. Diariamente, cerca de 1000 pessoas acessam a home page oficial.

Adquirindo produtos, prestando trabalhos voluntários ou obtendo informação e diversão e as compartilhando com amigos e familiares, todas esses visitantes, virtuais ou não, contribuem com o TAMAR, as tartarugas marinhas e as comunidades e são tocados pela mensagem da conservação ambiental. Em troca, têm a certeza de que estão ajudando a construir um mundo mais justo, onde o desenvolvimento humano e o respeito a todas as formas de vida são complementares e não antagônicos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *