A cebola, botanicamente conhecida como Allium cepa L., é o principal condimento utilizado pelos brasileiros e, de modo geral, pela maioria dos povos. Originária do centro da Ásia, essa planta atingiu a Pérsia, de onde se irradiou para a África e por todo o continente europeu. Do Velho Mundo, foi trazida para as Américas, pelos primeiros colonizadores.
No Brasil, era cultivada, de início, apenas nos Estados sulinos, especialmente no Rio Grande do Sul. Aos poucos, foi interessando a outras regiões, sendo, atualmente, cultivada desde o Nordeste até o extremo sul do país.
É planta anual, para produção de bulbos, e bienal, para produção de sementes. O bulbo é tunicado, concêntrico, formado pela bainha das folhas, que se tornam carnosas e bem suculentas, sobrepondo-se umas às outras e recobertas, exteriormente, por escamas secas, de coloração amarela, roxa ou branca, segundo a variedade.
Na parte central do bulbo, no primeiro ano, forma-se um órgão intumescido e fusiforme, que representa o escapo floral em estado embrionário e que se desenvolve no segundo ano, atingindo a altura de 1,30 m, tendo no ápice uma inflorescência globulosa, a umbela que é formada por um número variável de flores: de 50 a 2000.
A cebola contém 87,5% de água e apresenta a seguinte composição por 100 gramas de material fresco: 49 calorias, 1,4 mg de proteína, 32 mg de cálcio, 20 U.l. de vitamina A, 12 mg de ácido ascórbico, 0,12 mg de vitamina G, 0,03 mg de vitamina Bi e 0,1 mg de niacina.
Sementes
Para esse fim, as cebolas são colhidas bem maduras, e, depois da cura, rigorosamente selecionadas, isto é, são colhidos bulbos arredondados e não perfilhados. Apenas bulbos perfeitos, firmes e com as características da variedade, serão reservados. Aqueles de segunda, cujo diâmetro transversal varia de 40 a 55 mm, quando bem escolhidos, dão ótimos resultados.
O trabalho de restiar é o comum, sendo as tranças amarradas em grupos de quatro e dependuradas em travessas de madeira roliça, distanciadas em 1 m, até a cobertura do galpão, ficando cada série á distância de 1 m, da seguinte.
Nesses varais, elas se mantêm relativamente perfeitas até meados de abril ou princípios de maio, época de plantio. As podres vão sendo retiradas, através de inspeções freqüentes. Os galpões precisam ser amplos, secos e bem ventilados.
Pode-se também dispensar o restiamento, sendo os bulbos armazenados em estrados ou tabuleiros, em galpões bem ventilados, com duas camadas de bulbos, no máximo, a fim de favorecer sua conservação.
A gleba de terra escolhida para plantio dos bulbos deve ser bem isolada de outras culturas de cebola, porque essa planta se cruza com facilidade. Uma distância mínima de 2 Km assegura o isolamento do campo.
Não será exagero recomendar que o campo de produção de semente seja distanciada do campo de produção de muda, porque neles sempre aparece certa porcentagem de hastes florais prematuras que iriam comprometer o valor das sementes colhidas.
As baixadas férteis e enxutas, em geral, não dão boa produção de sementes, apresentando, ainda, a desvantagem de serem muito sujeitas a ataque de moléstias. Por isso, terras de meia encosta com possibilidade de irrigação por infiltração, são as mais recomendáveis.
O preparo da terra é idêntico ao usado na obtenção de bulbos, variando só a distância de plantação. O espaçamento a ser empregado deverá ser o seguinte: para duas linhas distanciadas de 0,80 m, deixar um caminho de 1,50 m, afim de facilitar os tratos culturais, principalmente as pulverizações. O espaçamento entre as plantas será 0,10 m.
Para terra de mediana fertilidade, dependendo de sua análise, a adubação poderá ser a seguinte, por metro de sulco:
– Esterco curtido de curral 5 quilos
– Superfosfato (20% P2O5) 100 gramas
– Cloreto de potássio (60% K2O) 20 gramas
– Nitrocálcio (20% N)40 gramas
Tais adubos serão aplicados nos sulcos, 8 a 10 dias antes do plantio dos bulbos, á exceção do Nitrocálcio, que será aplicado em cobertura aos 30 e 45 dias após o plantio, metade da dose em cada aplicação.
O Nitrocálcio poderá ser substituído por sulfato de amônio (20% N) ou por salitre do Chile (15,5% N), levando-se em conta o teor em N.
Três meses após, quando já estão desprovidas de folhas, convêm chegar terra às plantas, a fim de aumentar-lhes a estabilidade, pois as hastes florais chegam a alcançar mais de 1 m de altura.
O plantio dos bulbos deverá ser efetuado de fins de abril a princípios de maio. Cerca de 6 meses depois do plantio dos bulbos, dá-se o início das colheitas, que se prolongam por 40 ou 50 dias.
A média de produção é de quatro a cinco inflorescência por pé, chamadas cachopa, no Rio Grande do Sul, e em S.Paulo, sendo umbela o nome certo.
Numa cultura normal, considera-se boa uma produção de sementes equivalente a 10% do peso dos bulbos plantados.
Efetua-se a colheita quando cerca de 40% dos bulbos estão se abrindo. Nesse ponto, a umbela de desprende com facilidade, bastando puxá-la com a mão. São, então, colhidas em sacos e depois espalhadas em galpões ventilados, em camadas de 7 a 8 cm, devendo ser revolvidas uma vez por dia.
No caso de pequenas quantidades, estando secas, são postas em sacos e cuidadosamente batidas com pau roliço. Para facilitar um revolvimento perfeito e evitar que se rompam, os sacos não devem levar mais de um terço da sua capacidade.
As sementes que caírem dos frutos durante a secagem das umbelas, serão peneiradas, assim como as que foram batidas no saco.
Para grandes quantidades de sementes, existem máquinas que efetuam o beneficiamento completo.
Germinação-índice
É imprescindível conhecer o valor germinativo das sementes, tanto colhidas como compradas. Para tanto, faz-se o seguinte:
– Em um recipiente ou caixa de madeira com altura máxima de 5cm, coloca-se areia bem limpa, até a metade;
– Sobre a areia coloca-se um pedaço de mata-borrão, com cem sementes tiradas ao acaso do saco em que estavam guardadas; convém desinfetá-las, para evitar o desenvolvimento de bolores, que inutilizariam a experiência;
– Encharca-se o conjunto com água limpa, mas de modo que não fique água acumulada no fundo do recipiente;
– Cobre-se o recipiente com um pedaço de vidro, deixando-se pequena abertura para entrada de ar, ou com um pano esticado;
– Toda manhã, efetua-se nova irrigação, tendo o cuidado de não tocar ou movimentar as sementes.
Quatro ou cinco dias após, começa a germinação. Vai-se, então, diariamente, retirando e contando as sementes germinadas, até o décimo dia. Pela contagem total das germinações fica-se conhecendo a porcentagem de germinação das sementes; considera-se boa uma germinação acima de 70 %.
Plantio
A cebola, para produzir bem, durante seu crescimento prefere temperaturas amenas e, por ocasião da formação dos bulbos, temperatura mais elevada. Chuvas bem distribuídas, durante toda a fase de desenvolvimento, e um período seco, depois que os bulbos já estão formados.
Essa é a razão de a cultura, no início, ter-se concentrado na zona sul do Estado, onde chove mais no inverno e menos no verão, como no Rio Grande do Sul.
Além disso, na primavera e no verão, no Estado gaúcho, os dias são longos e quentes, formando um conjunto de fatores favoráveis à boa formação dos bulbos.
Pelo exposto, fácil é deduzir que a cebola só pode ser cultivada, economicamente, em São Paulo, num período restrito, que vai de março a meados de outubro. As semeações de fevereiro, época chuvosa e muito quente, são perigosas, sendo comum à perda das sementes, pelo excesso de umidade, ou a inutilização das plantinhas, logo após o nascimento, pela manifestação de moléstias.
As plantas originárias da semeação desse mês apresentam hastes muito grossas, que não tombam com o amadurecimento do bulbo, dificultando, assim, não só a colheita como, também, a operação de restiamento. Há, ainda, duas outras desvantagens: os bulbos mostram-se recobertos por películas muito espessas, que lhes dão um mau aspecto externo, e as plantas ficam com acentuada tendência de emitir pendão floral, comprometendo o aspecto interno dos bulbos.
A experimentação tem demonstrado que, tanto no Planalto Paulista como em regiões mais altas, a produção decresce nas semeações de abril, sendo muito reduzida em maio.
Semeando tarde, a planta se desenvolve pouco, apresentando bulbos pequenos, além dos chamados charutos – cebolas compridas, como o alho-porro. Quanto mais tarde a cebola for semeada, mais curto será o ciclo. Com a semeação em princípios de março, a planta terá desenvolvimento normal, evitando-se o perigo das chuvas de verão, porque a colheita será nos dias da primavera.
Se a fase de máximo desenvolvimento dos bulbos coincidir com forte calor e chuvas demoradas, o prejuízo é certo, pois a planta entrará, desde logo, no segundo ciclo, emitindo folhas e raízes novas. Dessa forma, as cebolas não amadurecem porque, para tanto, são indispensáveis a morte das raízes, e o murchamento da parte aérea.
Se forçarmos a colheita, prejudicaremos a qualidade do produto, pela falta de uma cura perfeita, com perda das características das cebolas amadurecidas em condições normais: cor brilhante e aspecto quebradiço das películas exteriores. Nesse caso, todavia, a fim de evitar danos totais, é aconselhável apressar a colheita, mesmo com a queda do valor comercial do produto, que deve ser de consumo imediato.
Como as plantas colhidas assim possuem hastes muito grossas, o trabalho de restiamento é facilitado com o destalo: corte longitudinal das hastes, com um canivete, e retirada da parte central. Com um pau roliço, dá-se uma pancada na haste, colocada sobre um tronco de madeira: as folhas centrais se destacam com facilidade, dando bons resultados.
São recursos de emergência, empregados por muitos cultivadores, visando evitar prejuízo maior. Colhem bulbos ainda verdes, para chegar mais cedo ao mercado, no intuito de alcançar preços mais altos para o produto.
Canteiro de Semeação
A escolha do local e o preparo dos canteiros de semeação são essenciais: nesse ponto, qualquer negligência aparentemente sem importância poderá concorrer para malogro do empreendimento, logo no início dos trabalhos da cultura. O canteiro de semeação precisa situar-se o mais próximo possível do local escolhido para a plantação definitiva, e não distante de fonte de água, para facilitar as irrigações. O lugar deve ser pouco íngreme, bem batido de sol e longe de árvores frondosas. Evitar as terras encharcadas, ou mesmo úmidas, para fugir à manifestação da mela, moléstia comum em canteiros mal cuidados. No seu preparo, toda precaução é pouca, visto que ele irá receber sementes pequenas e delicadas.
O terreno escolhido será todo revirado a enxadão e destorroado à enxada, para, em seguida, serem construídos os canteiros, seguindo as linhas de nível do terreno. Se a área for grande, haverá vantagem no emprego do arado e da grade.
Quando o terreno apresentar certa declividade, é conveniente a construção de uma valeta na parte superior da série de canteiros, no intuito de evitar as enxurradas. Os canteiros muito largos têm a desvantagem de obrigar o operário a demasiado esforço para atingir-lhes o centro, sem pisá-los. O ideal é 1,20 m, com a largura útil de um metro, sobrando 10 cm de cada lado, para os bordos.
Convém que sejam pouco mais altos do que o terreno, para evitar enxurradas e facilitar o escoamento do excesso de umidade, não além de 10 cm, porém, nos terrenos comuns; caso contrário, ficaria sujeitos a ressecamento. Só é recomendável maior altura, nos terrenos úmidos ou em época chuvosa, quando convém incliná-los, ligeiramente, para evitar empoçamento de água da chuva.
O comprimento do canteiro pode variar muito; os muito longos, contudo, dificultam a passagem de uma série para outra. Um bom comprimento é 10m. A direção deve ser sempre perpendicular ao declive do terreno.
Os canteiros serão separados por caminhos de 50 cm de largura. A separação de duas séries de canteiros precisa ter a largura mínima de um metro, para facilitar a passagem de pessoas e de veículos pequenos. Preparada a terra, espalham-se, por metro quadrado de canteiro e pela superfície, 15 quilos de esterco de curral fino e bem curtido, 150 gramas de superfosfato simples e 30 gramas de cloreto de potássio, incorporando-os à terra por meio de uma enxada. Com um ancinho, nivela-se perfeitamente a superfície.
Os canteiros devem ter a superfície horizontal com o objetivo de impedir o escoamento rápido da água de chuva ou de irrigação do canteiro, irrigando-o fortemente, a seguir. Não semear logo depois do preparo do canteiro, a fim de dar tempo a que a terra se assente e os adubos fiquem bem incorporados a ela. Decorridos oito dias efetuam-se a semeação, quando se deve tratar as sementes com um desinfetante.
Um método prático para realizar esse tratamento consiste em colocar um pouco de desinfetante junto com as sementes em um saco de papel, agitando fortemente e peneirando sobre um papel: o excesso de desinfetante é guardado.
Semear o mais uniforme possível, em pequenos sulcos transversais ao comprimento dos canteiros, com 1 a 1,5cm de profundidade e distanciados de 10 cm. É conveniente misturar um pouco de areia às sementes, para auxiliar a semeadura. Sendo a areia clara e as sementes pretas, o operário sabe, com precisão, onde elas caem. Se for bastante prático, pode dispensar a areia. Cada metro quadrado de canteiro levará mais de cinco gramas de sementes, evitando-se, assim, que as mudas nasçam amontoadas e raquíticas.
As vantagens que a semeação em linha apresenta, sobre o sistema a lanço, também recomendável, são estas: germinação mais uniforme, insolação mais perfeita e arejamento mais adequado, possibilitando, ainda, as capinas e escarificações, o que seria quase impossível no sistema a lanço. Haverá, em conseqüência, produção de mudas mais fortes, com menor perigo de manifestação de pragas e moléstias.
Um sistema prático para a semeação consiste em colocar, sobre o canteiro de semeação, um marcador de linhas confeccionado da seguinte maneira: tomam-se três tábuas de 1,50m de comprimento, unidas por sarrafos do lado de cima, no sentido transversal ao comprimento delas. Na parte das tábuas que irá assentar sobre os canteiros, serão colocados, distantes entre si de 10 cm, sarrafinhos de seção trapezoidal, com estas dimensões: base maior (que será colocada junto às tábuas) = 2 cm; base menor (que formará o sulco de semeação em profundidade) = 0,5cm, e altura (que dará a profundidade do sulco) = 1cm. O marcador é colocado na cabeceira de um dos canteiros e calcado com o peso de um homem. Para facilitar-lhe o manejo, pode-se colocar, em sua parte superior, duas alças, uma de cada lado no sentido do comprimento das tábuas.
Ficarão, portanto, demarcadas, quinze linhas para semeação, distantes entre si de 10 cm. A seguir, o marcador é mudado para frente, e outras linhas ficarão demarcadas. Assim, a operação de marcação das linhas torna-se simples, perfeita e rápida. As sementes são, então, cobertas, com terra do próprio canteiro, e a superfície deste, com uma leve camada de capim seco sem sementes ou palha de arroz.
Irrigar, de manhã e à tarde, até alguns dias após a germinação, e, daí em diante, só à tarde. Retirar a cobertura, de uma só vez, a qualquer hora, se o dia estiver nublado, ou à tarde, se houver sol, logo que a germinação tenha início, o que se dará entre 5 e 7 dias após a semeação.
Não abusar das irrigações nas vésperas da transplantação, convindo mesmo suspendê-la dias antes, para que as plantinhas se acostumem à vida que terão no campo. Entretanto, deve-se irrigar copiosamente, pouco antes do arrancamento das mudas, visando facilitá-lo.
Se, por quaisquer circunstâncias, as mudas não apresentarem um aspecto muito satisfatório, haverá vantagem no emprego de uma solução nutritiva, que poderá ser obtida com a dissolução de um grama de Salitre do Chile e um grama de Superfosfato, por litro de água. Irrigam-se os canteiros com cinco litros por metro quadrado dessa solução, e, em seguida, com água, a fim de lavar bem as folhas.
Um grama de sementes de cebola possui cerca de trezentas sementes. Para plantar um hectare, são necessários 900g de sementes, com 80% de germinação. Não será demais, no entanto, o emprego de um quilo de sementes por hectare, a fim de possibilitar boa seleção das mudas, por ocasião do transplante.
Em condições normais, elas estarão prontas para serem transplantadas de 40 até 80 dias depois da semeação. Antes dos 40 dias, terão hastes muito finas, não suportando a transplantação. Depois dos 80, já um tanto engrossado, em início de formação de bulbos, sofrerá maior choque com o transplante, o que acarretará queda de produção por área.
As mudas de 40 dias somente poderão ser empregadas nas pequenas culturas, onde os cuidados dispensados às plantas podem ser maiores, pois com essa idade, as hastes são muito finas, não passando em geral, de 3mm, sendo, também, reduzido o número de raízes, que não vão além de dez.
Dos 50 aos 80 dias, as mudas poderão ser utilizadas nas culturas extensivas, pelo fato de serem mais fortes e mais desenvolvidas, facilitando o manuseio.
A idade das mudas, dentro dos limites citados, não tem grande influência na produção. À medida que vão sendo plantadas com mais idades, as colheitas vão se tornando mais tardias, o que tem grande importância econômica – as cebolas enviadas mais cedo ao mercado alcançam sempre preços melhores.
É fácil compreender que nem todas as mudas da mesma idade apresentam hastes com diâmetro igual. São consideradas mudas de primeira as de hastes com diâmetro superior a 5mm; de segunda, entre 4 e 5mm; e, de terceira, entre 3 e 4mm. São tidas como refugo aquelas cujas hastes apresenta menor diâmetro. Por ocasião do plantio, não se devem cortar as pontas das folhas e nem as raízes, deixando-as, como é costume, com 3 a 5 cm, apenas.
Tal operação, além do consumo de mão-de-obra, prejudica a produção.
As mudas arrancadas dos canteiros não oferecem dificuldades de plantio, mesmo com raízes não cortadas.
Transplantação
A passagem das mudas de cebola, dos canteiros de semeação para o lugar definitivo, constitui ponto de suma importância na sua cultura. O lavrador não deve ter pressa na transplantação das mudas, porém esperar, calmamente, uma boa chuva, já que a operação deve ser efetuada com terra úmida, no intuito de evitar falhas. Como se disse, a experimentação tem demonstrado que a produção de bulbos mantém-se praticamente a mesma, quando são empregadas mudas de 50 até 80 dias de idade. De modo geral, entre cinqüenta e sessenta dias, elas atingem o melhor tamanho para transplante.
Os canteiros de semeadura devem ser copiosamente irrigados por ocasião do arrancamento das mudas, o que muito facilitará o trabalho.
São três os métodos na transplantação das mudas:
– sulcos abertos e cobertos à enxada;
– sulcos abertos com sulcador e cobertos à enxada;
– sulcos abertos e cobertos com sulcador.
Em qualquer dos casos, os sulcos não devem ter mais de 6 cm de profundidade, para que as mudas não fiquem muito enterradas. No primeiro método, um operário vai abrindo o sulco, enquanto outro vai colocando as mudas, em distância e posição certas, o que se consegue com algumas horas de prática. Ao mesmo tempo em que um operário abre um sulco, outro vai atirando terra no sulco aberto ao lado, já com as mudas.
No sistema misto, um operário abre os sulcos com o sulcador, outros distribuem as mudas nos sulcos abertos, as quais são enterradas por outra turma, à enxada. Convém, que o sulcador não se distancie muito dos plantadores, para a terra não secar. É esse o método mais usado entre nós. Em geral, 8 homens plantam um alqueire de linhas durante o dia, necessitando, cada homem, de dois distribuidores de mudas.
No último sistema, tanto o trabalho de abertura dos sulcos como o de cobertura das mudas colocadas no seu interior, são feitos com o emprego de sulcador. Para tanto, o sulcador abre um sulco onde são dispostas as mudas; na volta, o sulcador atira terra nos sulcos, já com as mudas. O novo sulco aberto não é usado. Efetua-se novo sulcamento, cobrindo-se ao mesmo tempo o anterior, não utilizado; nova distribuição de mudas no último sulco, e assim sucessivamente.
Como é fácil compreender, as mudas não ficam em posição vertical, como se verifica ao serem plantadas à mão, e sim inclinadas, porém, dentro de poucos dias, erguem-se.
Espaçamento
Em geral, é de 40cm a distância das linhas de plantação, quando as capinas e escarificações são feitas à enxada. Essa distância é elevada para 50cm quando os tratos culturais são efetuados com o uso do Planet.
Quanto ao espaçamento dentro da linha, pode variar de 10 a 30 cm. Experiências têm mostrado que a produção para uma mesma área aumenta com a diminuição de espaçamento. Por outro lado, o tamanho do bulbo também é atingido, de forma marcante, pela distância de plantação: menor distância, bulbo menor.
Além de as plantações demasiadamente apertadas darem origem a bulbos reduzidos, de baixo valor comercial, ainda apresentam a desvantagem de dificultar a capina entre as plantas e facilitar a disseminação do fungo causador da moléstia conhecida por queima das folhas, que se caracteriza pelo secamento das extremidades das folhas das plantas. Com um espaçamento médio de 15 a 20cm, a produção será satisfatória e, os bulbos, de bom tamanho, alcançam preço compensador no mercado.
Em São Paulo, já é comum o aparecimento, em maio, junho e julho, de réstias de cebola recém-colhida, embora a época normal da colheita seja setembro-outubro. São bulbos resultantes da plantação de bulbinhos colhidos no ano anterior. O interesse dos lavradores por esse método de plantio de cebola vem aumentado de ano para ano, concorrendo, conseqüentemente, para diminuir a necessidade de o mercado paulista importar bulbos, no período de entressafra de outras regiões.
Dentre as variedades que se prestam para a formação de bulbinhos, destacam-se Baia Bojuda e Periforme. Entretanto, algumas linhagens dessas variedades produzem bulbinhos que, na formação dos bulbos, dão grande porcentagem de charutos, produtos sem valor comercial.
Para conseguir bulbos fora de época, é necessário cuidar primeiramente da obtenção de bulbinhos.
Tal semeação é realizada em canteiros comuns, de 1,20 m de largura, convenientemente adubados e em sulcos transversais distanciados de 15 cm.
Dependendo do poder germinativo das sementes, usa-se de 0,3 a 0,6 grama por metro de sulco. Existem máquinas manuais que, bem reguladas, efetuam o serviço de semeação com rapidez e segurança. No caso de empregá-las, o sulco de semeação será no sentido do comprimento do canteiro.
A melhor época de semeação é a que vai de princípios de junho a meados de julho, com a colheita dos bulbinhos em outubro-novembro, quando as chuvas, menos freqüentes, permitem sua cura perfeita. Uma vez colhidos e submetidos cura ao sol, mas protegidos pelas folhas e depois em galpões arejados, armazenam-se em depósitos bem ventilados até a época do plantio.
Para o armazenamento, colocam-se os bulbinhos em estrados ou tabuleiros, que são empilhados uns sobre os outros. A camada de bulbinhos em cada tabuleiro não deve exceder de 6 a 8 cm, para obter maior aeração e evitar o seu apodrecimento.
Bulbinhos com diâmetro transversal entre 15 e 25mm são os melhores; entretanto, podem-se empregá-los com menor diâmetro, pois estes apodrecem menos no período de armazenamento, porém, apresentam mais falhas no campo de plantação e dão origem a bulbos de tamanho um tanto reduzido. Os de maior diâmetro, ou seja, acima de 35 mm, são comerciáveis, têm peso mais elevado, pelo que não se recomenda seu plantio, e apresentam o inconveniente de originar bulbos perfilhados e defeituosos.
Os bulbinhos que forem apodrecendo durante o armazenamento deverão ser eliminados. Na véspera da plantação, corta-se a haste rente ao bulbinho. A distância de plantio é igual à adotada rio sistema de mudas originárias de sementes: 40×15 cm, e os tratos culturais também são os mesmos, subindo de importância, porém, nesse caso, as irrigações periódicas.
A melhor época de plantação de bulbinhos coincide com aquela recomendada na semeação de cebola para cultura normal: fins de fevereiro e meados de março. O ciclo será muito curto, as plantas terão bom tombamento e o produto obtido, boa apresentação. Para ser plantado, não é necessário que o bulbinho esteja com início de brotação. O plantio de março será colhido em junho, quando o produto alcança ótimo preço no mercado. Além de produzirem bulbos, os bulbinhos também se prestam para conserva.
Tratos
Os tratos culturais, muito limitados, resumem-se a duas ou, no máximo, três capinas, quando o terreno é muito praguejado, e a escarificações quando necessárias. As enxadas empregadas devem ser estreitas e não muito afiadas, podendo-se utilizar aquelas já bastante gastas.
Quando o terreno é bem solto, poderá ser usado o sistema dos espanhóis que consiste num arco de barril, cujas extremidades são solidamente amarradas-na ponta de um cabo de enxada. Fica o aparelho com o tamanho e o formato aproximados de uma enxadinha, com a grande vantagem de não ferir os bulbos nem romper as raízes situadas mais à flor da terra.
Em terra leve e bem trabalhada, o emprego do cultivador manual Planet Júnior é bem econômico para capinar e escarificar a terra entre linhas, não deixar crescer muito o mato, pois, a máquina funcionará mal.
Nas grandes culturas, pode-se mesmo usar cultivador maior, tipo Planet, puxado por um só animal: nesse caso, as linhas de plantação devem ser espaçadas de 50 cm.
As escarificações são efetuadas quando a superfície da terra se torna dura, depois de algumas irrigações ou de dias de chuva. A capina entre as plantas tem que ser feita à enxada, cuidadosamente, a fim de não estragar as folhas e as hastes, ou ferir os bulbos em formação. Pode se usar herbicidas para eliminar o mato.
As plantas que emitem hastes florais não formam bulbos, e, se o fazem, são de má qualidade, não resistindo ao armazenamento; em conseqüência, não são aceitos nos mercados, ou alcançam preço bastante reduzido.
Diversos fatores determinam o maior ou menor aparecimento de hastes florais, predominando, sem dúvida, o fator genético. Existem variedades que apresentam esse defeito em maior escala.
O desenvolvimento da planta também tem bastante influência, pois aquelas muito desenvolvidas têm mais tendência a apresentar essa anomalia do que as menores. Quanto à temperatura, nota-se que mais alta porcentagem de hastes florais ocorre após temperatura elevada, no outono, e baixa, na primavera. Um outono quente concorre para grande desenvolvimento da planta, e a combinação de planta bem desenvolvida e primavera fria fornece condições propícias à emissão das hastes florais.
Essas hastes têm maior probabilidade de surgir em solos pesados do que em leves, e em baixadas úmidas do que em encostas. Evita-se, em parte, esse mal, cortando as hastes à unha, logo que surgem.
Irrigação
Como a cebola, no Estado de São Paulo, é cultura de inverno, época em que as chuvas são escassas, será vantajoso, para suprir a falta de água, o uso de irrigações, seja por infiltração, seja por aspersão.
O gasto de água, na irrigação por infiltração, que é a mais eficiente, é de 15 a 20 litros por metro quadrado, ao passo que, na irrigação por aspersão, não vai além de 4 a 5 litros, dependendo da quantidade e da freqüência das irrigações, como é natural, do tipo de solo e da sua porcentagem de umidade. Será de toda conveniência manter teor de umidade no solo durante todo o crescimento da planta, até o bulbo atingir o máximo desenvolvimento, quando devem ser suspensas as irrigações.
Tanto a deficiência de umidade como a umidade excessiva traz prejuízos às plantas, denunciados pelo amarelecimento das folhas. A carência de água concorre para o decréscimo de produção e retarda o amarelecimento do bulbo. A umidade excessiva favorece o engrossamento das hastes, o que dificulta o restiamento, tornando ainda os bulbos aquosos e de pouca duração.
Na irrigação por infiltração, a água é levada para a parte superior da cultura, com o emprego de bomba ou por um canal adutor, de onde partem os canais distribuidores de primeira ordem, a pleno declive, e dos quais saem os canais de irrigação, entre as linhas de plantação.
Para construção das linhas de plantação, pode-se empregar um nível sobre um trapézio de madeira, o nível de borracha ou, então, a própria água. Para isso, faz-se um sulco com uma enxada, partindo do canal a pleno declive, e com a inclinação bem próxima à linha de nível do terreno, o que se consegue observando o deslocamento da água no trecho do sulco já construído.
Em seguida, constroem-se linhas de plantação paralelas ao sulco cujo declive foi determinado pela água, até certo limite. Depois, rasga-se novo sulco, com auxilio da própria água, como o primeiro, construindo as novas linhas de plantação paralelas ao novo sulco, e assim por diante.
Os canais de irrigação devem ter um declive suave, não além de 0,25%; Maior inclinação provoca erosão, isto é, o arrastamento de partículas terrosas, prejudicando ainda a própria irrigação, devido à má distribuição de água ao longo das linhas de plantação.
Esses canais não devem passar de 8 a 10 m de comprimento, isto porque, quando muito extensos, exigem aplainamento perfeito e bastante dispendioso. Outro sistema de irrigação por infiltração, muito usado pelos lavradores paulistas, com ótimo resultado, consiste em construir canais, com pouco declive, partindo do canal a pleno declive. Deles, saem os canais de irrigação propriamente ditos, entre as linhas de plantação, voltando em direção ao canal a pleno declive, com queda mínima, aproximada, tanto quanto possível, da horizontal; irão, pois, formar ângulo agudo com o canal de onde partem.
As linhas de plantação, nesse caso, não devem passar de 4 a 5 m de comprimento. A fim de evitar arrastamento de partículas terrosas do interior do canal distribuidor a pleno declive, formando valetas, convém colocar capim seco ou palha de arroz, transversalmente ao comprimento do canal, prendendo as pontas com terra e colocando leve camada, na terra no centro, visando assentar o capim.
Para interceptar a água no canal em declive, dirigindo-a para os canais entre as linhas de plantio, pode-se usar um saco com areia. Esses canais podem ser construídos com a aiveca do próprio cultivador. Pode-se economizar 50% do trabalho, sem grandes desvantagens, alternando as linhas de irrigação.
Para irrigação por aspersão, constroem-se, dentro da cultura, pequenos regos em declive, espaçados de 15 cm, com os percursos interrompidos por pequenos tanques, de onde será atirada água às plantas. Para as culturas maiores, há vantagem no emprego de bombas especiais, canos leves providos de junções rápidas e aspersores giratórios.
Colheita
Uma vez completo o primeiro ciclo de plantio, o bulbo atinge o máximo desenvolvimento, as raízes morrem, as folhas murcham e a haste tomba. Em certos casos, tais como terreno úmido ou muito rico em nitrogênio, a planta não tomba, pelo fato de a haste, também conhecida por pescoço, tornar-se demasiadamente grossa. Com um pouco de prática, o operário fica logo conhecendo a planta madura, pelo empalidecimento da coloração das folhas, ou, então, batendo com a mão na planta, que cai para o lado.
A colheita, em geral, é efetuada em três vezes, pois nem todas as plantas completam o primeiro ciclo de uma vez. As plantas colhidas são colocadas lado a lado, para secar, ficando os bulbos resguardados, pelas folhas, dos raios diretos do sol.
Se o tempo estiver firme, não se deve apressar o recolhimento das plantas arrancadas, mas deixá-las no campo até à tarde do dia seguinte. Se não houver ameaça de chuva, convém mantê-las aí por mais um dia. A permanência exagerada das plantas no campo, depois de colhidas, traz desvantagens: pode acarretar a queima ou o murchamento dos bulbos, comprometendo, assim, tanto o valor comercial do produto como o seu armazenamento.
No Rio Grande do Sul, toda a cure se processa no campo, onde as cebolas ficam cerca de 5 dias, protegidas pelas folhas, No Estado de São Paulo, seria abuso o emprego desse processo, já que as chuvas aqui são constantes no período de colheita – de meados de setembro a princípios de novembro -intensificando-se o trabalho em outubro.
Em condições normais, um hectare de terra produz de 10.000 a 12.000 quilos de cebola vendáveis. Um homem colhe e transporta mais ou menos 750 quilos de bulbos por dia. A colheita, o amontoamento das plantas no campo e o transporte para os galpões devem ser feitos com todo o cuidado, porque os bulbos feridos ou amassados são de fácil conservação. A cura se completa, em ranchos espaçosos e bem ventilados. Com mais dois ou três dias em tais ranchos as folhas tornam-se secas, os talos murchos, e os bulbos, enxutos, ficando a planta em condições de ser restiada.
Depois de convenientemente curadas, as cebolas são reunidas em réstias. É costume corrente começar cada réstia com os bulbos maiores, decrescendo de tamanho em direção à ponta, prática essa que não é das melhores. Seria conveniente que cada réstia tivesse bulbos de um só tamanho, o que viria a facilitar, em muito, a comercialização do produto.
De conformidade com lei federal em vigor, e segundo o diâmetro transversal, a cebola é assim classificada:
– de primeira: acima de 55 mm;
– de segunda: entre 40.55 mm;
– de terceira: entre 25.40 mm.
É chamado “tipo conserva” aquelas com diâmetro inferior a 25 mm. G claro que réstias com maiores bulbos terão menor número, para não ficarem muito compridas. Esse critério vem sendo adotado, há muitos anos, com ótimos resultados, no Rio Grande do Sul. O restiamento é operação das mais simples: fazem-me as réstias com tábua seca e umidecida por ocasião do emprego. Para cada réstia, são usadas doze tábuas. Um homem faz, mais ou menos, cem réstias por dia.
No restiamento, além da seleção por tipo, o operário vai pondo de lado as plantas com bulbos feridos, destalados, murchos ou imaturos, que são de pouca duração e mais sujeitos ao ataque dos agentes causadores de podridão e que iriam comprometer os demais bulbos.
Armazenamento
A questão do armazenamento cresce de importância, sabendo-se que o preço da cebola cai logo após a colheita, para elevar-se novamente depois, à medida que os meses vão passando, até ao início da nova safra. Colheita de bulbos bem maduros cura perfeita e restiamento cuidadoso: eis a base de um bom armazenamento.
É de suma importância assegurar um arejamento perfeito nos depósitos, que devem ser amplo, fresco e seco. A umidade, relativa ideal para um bom armazenamento deve variar entre 70. 75ºC.
As réstias são amarradas aos pares e dependuradas em travessas de madeira roliça ou bambu, distanciadas de um metro, até a cobertura do galpão, ficando cada série um metro da seguinte.
Por meio de inspeções freqüentes, retiram-se as cebolas estragadas e brotadas, à medida que surgirem. Depois de cada inspeção, varrer muito bem o piso do depósito, não deixando restos apodrecidos de cebola, fonte de multiplicação de fungos e bactérias produtores de podridão.
As cebolas de ciclo longo duram mais que as de ciclo curto; as brancas, menos que as coloridas. As câmaras frigoríficas com temperatura regulada de 2 a 4ºC, os bulbos permanecem em boas condições, por longo tempo.
Embalagem e Transporte
Para os transportes comuns, dentro do Estado, as réstias de cebola são cuidadosamente colocadas em cammhões, formando diversas camadas. Os lavradores mais caprichosos entregam as cebolas, para o mercado, em sacos de aniagem de malha larga, cuja propriedade é de quarenta e cinco quilos. Tais sacos fornecem bom arejamento para o produto, além de torná-lo mais atrativo. Para transporte a longa distância, são empregadas caixas de madeira, de diversos formatos.
Pragas e Moléstias
As pragas mais importantes são a tripse e a lagarta-rosca, a primeira é um inseto muito pequeno, de 1 mm de comprimento, corpo delgado e longo, de cor amarelo-pardo, muito ágil, conhecido pelo tripse – Thrips tabaci Liderman. Vive nas partes invaginastes da base das folhas e se alimenta da seiva e dos grãos de clorofila.
As plantas atacadas apresentam, nas folhas, manchas acinzentadas que tomam, mais tarde, uma tonalidade prateada. Um exame dessas manchas revela a destruição dos tecidos externos. É comum, também, o aparecimento, na superfície das folhas, de pontos negros, produzidos pelo excremento dos insetos.
Quando a população de insetos é muita elevada, o que ocorre, comumente, nos períodos quentes e secos, os bulbos não se desenvolvem normalmente, as folhas se tornam amareladas e com pontas secas e retorcidas.
A Lagarta-rosca (Agrotis ypsiíon) é a larva de uma mariposa, e assim chamada por se enrolar quando tocada. É cor de terra, mede cerca de 3 cm de comprimento e 0,5 cm de diâmetro, e corta as plantas rente ao colo. Denunciam sua presença pelo aparecimento de pés caídos, pela manhã, podados junto ao chão.
Entre nós felizmente, poucas moléstias atacam a cebola, citaremos as principais:
Mela – Conhecida assim no Brasil, nos Estados Unidos como damping off, é bastante comum nos canteiros de semeação. Seu sintoma principal é o apodrecimento da base da planta, rente à superfície, bem como das raízes, tendo como conseqüência o tombamento da planta, desprendendo-se do solo a parte aérea.
Essa moléstia não é causada por um único fungo, mas por um grupo de fungos, que se aproveitam do estado de fraqueza das plantas nascidas em canteiros mal localizados, ou com semeação muito densa.
Não há um tratamento específico para o seu controle. Com o objetivo de evitar, em parte, a manifestação do mal, deve-se seguir a orientação dada para a construção dos canteiros de semeação. Convém frisar, entretanto, que local úmido e mal ensolarado, assim como aglomeração de mudas’ nos canteiros, concorre para manifestação da mela.
Seu aparecimento se manifesta sob a forma de reboleiras, neste caso, deve-se suspender as regas diárias, a fim de que o fungo encontre condições adversas ao seu desenvolvimento, pois a falta de umidade interrompe sua proliferação. É conveniente efetuar uma rega com fungicidas indicados por técnico
Podridão branca – Manifesta-se em qualquer fase da vida da planta, ficando os próprios bulbos, depois de colhidos, sujeitos ao seu ataque.
Como a cultura da cebola atravessa a estação fria do ano, essa moléstia sobe de importância, porque o fungo causador – Sclierotium cepivorum Berk encontra, entre 18 e 24ºC, a temperatura ideal para seu desenvolvimento.
As plantas atacadas apresentam folhas amareladas e murchas, as raízes apodrecem e se destacam do bulbo, ao ser a planta arrancada, ficando na terra a coroa de raízes.
De início, as partes afetadas se recobrem de um bolor branco, com aspecto de algodão, de onde surgiu o nome podridão branca. Esse revestimento constitui o micélio do parasita, formando, depois, corpúsculos brancos, quando novos e, mais tarde, pretos e arredondados, com um quarto a meio milímetro de diâmetro, assemelhando-se à semente de agrião, o que justifica o nome podridão preta, que alguns lavradores lhe dão.
Esses corpúsculos, chamados escleródios, são os órgãos de resistência do fungo, e podem permanecer na terra por vários anos, voltando à atividade logo que as condições do meio lhes sejam propícias.
É moléstia de difícil controle, sendo todas as recomendações de ordem preventiva: escolha de terra não contaminada; uso de mudas livres da doença; rotação de cultura; destruição das plantas atacadas e eliminação dos restos da cultura.
Queima das folhas – Muito comum nos cebolais de São Paulo, é causada por um fungo denominado Alternaria porri. As folhas atacadas apresentam manchas pequenas, deprimidas, irregulares, esbranquiçadas e de centro arroxeado. Decorridas duas a três semanas do aparecimento dos primeiros sintomas que são manchas escuras formadas pelos esporos, aparecem sobre a lesão órgãos de multiplicação dos fungos. As partes atacadas absorvem umidade, apodrecendo aos poucos. As folhas murcham, tombam e se tornam secas nas pontas.
É comum, nas sementeiras, encontrarem-se mudas com as pontas das folhas queimadas pala moléstia. Os bulbos também podem ser atacados pelo fungo, que lhes causa apodrecimento, a começar pelo pescoço. As plantas enfraquecidas sejam pelas más condições do meio, seja pelo ataque da praga tripse, são as mais sujeitas à contaminação.
O controle dessa moléstia é efetuado por meio de pulverizações preventivas com fungicidas, dissolvido à razão de 200 gramas por 100 litros de água ou conforme orientação técnica.
Como é comum o aparecimento de tripse nas partes invaginantes (talos/hastes) das folhas, convém misturar o fungicida com um dos inseticidas recomendados para o controle dessa praga, de tal forma que obtém-se uma calda de ação dupla: fungicida e inseticida.
O fungo ataca as flores, as folhas e, especialmente, as hastes florais, ocasionando lesões claras que, depois, tomam uma tonalidade róseo-arroxeada. Com as lesões, bastante graves, as hastes florais ficam enfraquecidas, tombando.
A manifestação da moléstia, na inflorescência, se manifesta pela morte das flores e chochamento dos frutos em formação, ocasionando o que os gaúchos chamam de careca da cebola. O controle é feito com pulverizações preventivas, recomendando-se a eliminação das partas atacadas, antes da pulverização.
Obs: O fungo Alternaria porri, muitas vezes, é confundido com o míldio – Peronospora destructor, de características semelhantes às suas.
Convém notar que o mais importante, para o controle dessa moléstia, é o emprego de bulbos sadios e de terra nova de meia encosta, porque as baixadas são muito sujeito ao ataque do fungo.