A afirmação é do ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, insinuando “uma certa má vontade do mercado internacional em reconhecer tal feito por interesses puramente econômicos”.
O ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, defendeu que é preciso qualificar as informações utilizadas nas negociações internacionais e desvincular o crescimento do agronegócio brasileiro ao trabalho forçado e à degradação ambiental. “O sucesso da agricultura não está vinculado à destruição dos recursos naturais”, destacou. Guedes citou estudo realizado pela Embrapa, indicando que em todo o planeta, o território brasileiro foi o que mais conservou biomas e florestas primárias. “Esta é uma demonstração de que a agricultura brasileira se desenvolve de forma sustentável tanto do ponto de vista ambiental quanto social”.
Segundo o ministro, a pesquisa do Centro de Monitoramento por Satélite da Embrapa envolveu os últimos oito mil anos. A partir de cortes realizados sobre áreas cobertas com florestas originais em todos os continentes foi possível detectar que há 8 mil anos o Brasil mantinha 9,8% das suas florestas naturais e a Europa 7,3%. “Hoje o Brasil mantém 28,5% das florestas originais, ou seja três vezes mais, e a Europa 0,1%, que representa 73 vezes menos florestas nativas”, disse Guedes.
O ministro afirmou ainda que o Brasil não pode aceitar a “pecha” de que a expansão do agronegócio se deve à destruição do meio ambiente. “Não estamos destruindo os recursos naturais. Ao contrário, estamos desenvolvendo tecnologias que permite ao produtor recuperar áreas degradadas, como a integração lavoura-pecuária”. Segundo Guedes, essas informações devem fundamentar as negociações internacionais de forma que a questão ambiental não se transforme em nova barreira aos produtos brasileiros. “É preciso lembrar que já enfrentamos tarifas de até 250% na União Européia e até 800% fora do bloco econômico, sem contar os subsídios e as barreiras sanitárias”.
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, concorda que, juntamente com os subsídios concedidos pelos Estados Unidos e pela União Européia aos produtores, a questão ambiental é uma das ‘guerras’ a serem enfrentadas pelo Brasil nas negociações internacionais. “Somos hoje uma potência e os nossos concorrentes podem adotar medidas protecionistas extremadas para conter essa expansão”, disse. Rebelo afirmou que o Brasil deve ser sereno nas negociações, mas não deve aceitar cobranças voltadas para a preservação ambiental de países que não são neutros. “Estados Unidos e Europa não têm condição moral de dar lição de preservação. Não são cobranças que visem proteção no meio ambiente, mas são armas de proteção comercial”, enfatizou.
Citando a prisão de produtores de soja na Amazônia, o presidente da Câmara dos Deputados revelou que não concorda com a criminalização de quem produz e criticou a atuação de organizações não-governamentais (ONG´s) ambientalistas. “Nós paralisamos uma obra importante no Rio Madeira (afluente do Amazonas) que levaria energia, milhas de hidrovias e irrigação para a agricultura de uma região que precisa se desenvolver. Não se consegue levar o progresso por conta de ações de ONG´s que se interpõem ao Estado brasileiro”.
O deputado Abelardo Lupion, presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara, destacou os desafios da agropecuária brasileira. Ele sugeriu a criação de um seguro cambial que possa dar segurança ao produtor. “Com vontade política é possível lançar o dólar verde, de forma que o agricultor possa honrar contratos para três ou quatro anos sem riscos de perda de renda”, assinalou.
Lupion disse esperar do segundo mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva o investimento em pesquisa agropecuária, com a garantia de recursos para a Embrapa. Também defendeu a liberação comercial de novos produtos geneticamente modificados e citou a ‘insegurança jurídica’ provocada pelas invasões de terras.