Pragas e doenças são grandes vilões para uma lavoura de soja produtiva. A guerra do agricultor é das mais árduas e todo conhecimento e respaldo técnico são indispensáveis. A variedade de problemas é grande, principalmente em função da multiplicidade de condições ambientais do País. Vale lembrar que a soja é cultiva em todas as regiões brasileiras, o que traz verdades bastante relativas em relação ao combate de pragas e doenças.
Certo é que para uma lavoura bem cuidada, as infestações representam prejuízos discretos, enquanto que para uma menos protegida, podem representar perdas desastrosas dentro da propriedade.
Tanto a Embrapa Soja quanto o Mapa possuem manuais que podem ajudar na identificação e combate das pragas e doenças, com visão mais regionalizada. O uso de inseticidas e de outros manejos também requer meticulosidade, pois sua utilização de forma incorreta pode significar dinheiro jogado no lixo.
A Embrapa Soja sugere como aliado o “Manejo de Pragas”. Trata-se de uma tecnologia que pressupõe inspeções regulares a pontos da lavoura escolhidos como amostras. A observação se volta para o nível de desfolha, tamanho e número de pragas encontradas, sempre relacionando as ocorrências à fase de evolução das plantas. O manual sugere a utilização de um lençol branco com 1 metro de comprimento, estendido entre duas fileiras.
Agitando-se vigorosamente as plantas, observa-se a quantidade de lagartas e insetos que caem sobre o lençol. O procedimento deve ser realizado em vários pontos da lavoura para que, a partir disso se obtenha um retrato da infestação. A partir do volume de incidências e a identificação dos invasores é que se determina a ação pertinente.
Entre as principais pragas está a lagarta da soja. Quando encontradas 40 unidades por lençol batido ou 30% de desfolha no florescimento ou 15% no início das primeiras flores, é hora de intervir. No caso do percevejo, para cada 4 insetos no lençol, com mais de 0,5 cm de comprimento, também é momento de agir. No caso de lavouras produtoras de sementes, já com a ocorrência de duas unidades, medidas de combate devem ser tomadas.
No caso de brocas de axilas, deve-se observar em determinada área ataques nas ponteiras de plantas na faixa de 25 a 30% delas, fase em que a infestação está crítica e pede providências. Outro inseto que vem se tornando um problema é o “tamanduá da soja” ou “bicudo da soja”, que atacam o caule das plantas, desfiando tecidos, ou, quando larvas, broqueam e proporcionam o surgimento de galhas. Neste caso, a rotação de culturas é indicada, sempre associada a outras estratégias de combate, como a utilização de plantas-iscas com veneno. Espécies como milho, o sorgo e o girassol, não são hospedeiras do “tamanduá da soja”.
Prejuízos importantes às lavouras de soja também são responsabilidade dos corós, um grupo de pragas que ataca as raízes da planta. Os sintomas são o amarelecimento das folhas, redução do tamanho e até a morte, ainda mais quando o ataque surge no início do desenvolvimento da plantação. Uma série de medidas, algumas simultâneas, permite que a lavoura conviva com o invasor. A data de plantio pode ser programada para quando a infestação se tornar mais forte, as plantas já estejam em uma fase menos suscetível.
Já o controle químico só é recomendado quando as larvas apresentam, em média, mais de 1 cm. Vale observar que não há inseticidas totalmente eficientes para os coros, mas sabe-se que as larvas mais desenvolvidas se mostram mais sensíveis à ação dos químicos. Outra ação de combate é a aragem da terra nas horas mais quentes do dia, porém pede-se fazê-la de forma profunda.
Por sua vez, as doenças provocadas por vírus, fungos, nematóides e bactérias são numerosas e respondem por perdas anuais estimadas entre 15 e 20%; mas sabe-se que alguns desses males podem trazer a perda de 560 da lavoura. Mais de 40 deles já foram identificados, no Brasil, e o mais recente é a ferrugem asiática. Para cada variedade de soja e condições de ambiente da plantação, um leque de doenças é ameaçador. Um detalhe importante é que a maioria delas é transmitida pelas próprias sementes. Portanto, conhecer sua saúde é uma medida preventiva de suma importância.
Doenças identificadas no Brasil
Fúngicas foliares: crestamento foliar de cercospora (cercospora kikuchii); ferrugem “americana” (phakopsora meibomiae); ferrugem “asiática” (phakopsora pachyrhizi); mancha foliar altenaria (altenaria sp.); mancha foliar ascochyta (ascochyta sojae); macha foliar myrothecium (myrothecium roridum); mancha parda (septoria glycines); mancha “olho de rã” (cercospora sojina); míldio (peronospora manshurica); mancha foliar phyllosticta (phyllosticta sojicola); mancha alvo (corynespora cassiicola); mela ou requeima da soja (rhizoctonia solani e thanatephorus cucumeris); e oídio (erysiphe diffusa).
Fúngicas na haste, vagem e sementes: antracnose (colletotrichum dematium var. truncata); cancro da haste (diaporthe phaseolorum f.sp. meridionalis e phomopsis phaseoli f.sp. meridionalis); mancha púrpura da semente (cercospora kikuchii); seca das haste e da vagem (phomopsis spp.); seca da vagem (fusarium spp.); mancha de levedura (nematospora corily); e podridão branca da haste (sclerotinia sclerotiorum).
Fúngicas radiculares: podridão de carvão (macrophomina phaseolina); podridão parda da haste (phialophora grigata f.sp. sojae); podridão de phitophthora (phitophthora megasperma f. sp. sojae); podridão radicular cylindrocladium (cylindrocladium clavatum); tombamento de sclerotium (sclerotium rolfsii); murcha de sclerotium (sclerotium rolfsii); tombamento de rhizoctonia (rhizoctonia solani); morte em reboleira (rhizoctonia solani); podridão da raiz e da base da haste (rhizoctonia solani); podridão vermelha da raiz ou síndrome da morte súbita (fasarium solani f. sp. glycines); podridão radicular de rosellinia (rosellinia sp.); podridão radicular de corynespora (corynespora cassiicola).
Bacterianas: crestamento bacteriano (pseudomonas savastanoi pv. glycinea); pústula bacteriana (xanthomonas axonopodis pv. glycines); e fogo selvagem (pseudomonas syringae pv. tabaci).
Virais: mosaico comum da soja (VMCS – vírus do mosaico comum da soja); queima do broto (VNBF – vírus da necrose branca do fumo); mosaico amarelo do feijoeiro (VMAF – vírus do mosaico amarelo do feijoeiro); mosaico cálico (VMA – vírus do mosaico da alfafa); e necrose da haste (vírus da necrose da haste da soja – carlavirus).
Por nematóides: nematóides de galhas (meloidogyne incógnita), nematóide de galha (meloidogyne javanica); nematóide de galha (meloidogyne arenaria); nematóide de cisto da soja (heterodera glycines).
Sem etiologia: necrose da base do pecíolo (pulvino).