Pecuária

Cavalo campolina: bonito e funcional!

Seja no dia a dia da fazenda, no lazer de crianças e adultos aos finais de semana ou até mesmo em provas de equitação, o Campolina se mostra um animal de excelente performance.

O criador Joel Garcia, dono da fazenda Chaparral, localizada no pé da Serra do Macacu, região de Nova Friburgo, RJ, há 36 anos, vem apostando no sucesso da raça dentro do mercado brasileiro, como um animal versátil para atender diferentes necessidades. Por se tratar de um cavalo originalmente Marchador o Campolina proporciona um andar extremamente macio, explica Garcia, que mantém um dos melhores planteis de seleção do estado atualmente. Para ele, o grande diferencial que este animal traz é a comodidade aliada à resistência e docilidade, características naturais dos indivíduos da raça.

A diversidade de pelagens é outro atributo bastante admirado no cavalo Campolina. Hoje já tem criador especializado na seleção de linhagens específicas como é o caso do Haras do Barulho de propriedade do empresário Cláudio Cunha que se dedica à produção de cavalos da linhagem Pampa, originária dos estados da região Sul. O criador conta que a primeira experiência com a raça Campolina aconteceu, há cerca de 20 anos, quando por intermédio de um vizinho ele adquiriu seus primeiros potros. Sua paixão pelo cavalo de pelagem Pampa, nasceu, ainda durante a infância, nas fazendas do Paraná, região onde foi criado.

O trabalho de seleção foi iniciado com três éguas compradas de um importante criatório da época junto com sêmen do garanhão Ivanhoé, de propriedade da fazenda Chaparral, animal de tordilho que nas palavras do próprio criador trazia consigo um excelente pedigree. Em 1995 começaram a nascer os primeiros animais frutos da seleção, e logo essa progênie começou a ganhar premiações importantes no ranking da associação. Esse fato motivou sobremaneira o criador e sua família a trabalhar de forma mais intensiva o projeto de seleção do Haras do Barulho. Em 1997 eles adquiriram de forma definitiva o garanhão que passou a servir de base genética para a futuras gerações do criatório.

A tropa do Haras do Barulho está formada por 120 animais divididos em potros de 1 e 2 anos além de matrizes que são trabalhadas no sistema de Transferência de Embriões TE, com cruzamentos direcionados. A idéia é formar uma tropa de animais mais voltados para cavalgada, explica Cunha.

Na opinião do criador o cavalo pampa Campolina é ideal para o executivo urbano que gosta de equitação, mais que procura um animal dócil onde ele possa colocara seus filhos junto com um animal belo e altivo, características que diferenciam está que é uma das mais charmosas atividade de laser. “O publico urbano não está acostumado a manejar um animal de grande porte como é o cavalo”, destaca. “O Campolina tem uma característica muito peculiar de agregar nessa relação homem x animal, proporcionando, por exemplo, que uma pessoa sem nenhum conhecimento em equitação possa cavalgar tranqüilamente.

Outra história bastante interessante é a do criador José Luiz Affonso Fuser proprietário do Haras 3F, que há 20 anos trabalha no melhoramento genético do Campolina, procurando direcionar sua seleção de acordo com as exigências do mercado. A Tropa de 70 animais e direcionada para produzir um animal que possa atender tanto as necessidades do peão como o patrão, brinca o criador que já tem um trabalho voltado a produção de mulas e burros a partir da genética Campolina. “No interior é muito grande comum pela mula de patrão”, diz.

De acordo com o criador que administra um projeto de criação no Mato Grosso, existe um mito entre os peões de fazenda de que cavalo marchador não é bom para lida porque cansa mais rápido. “Isso não verdade”, afirma o criador para quem o problema está no mal uso que os peões fazem do animal. “É comum os peões usarem os cavalos para todo os afazeres do dia a dia, desde o trabalho na lida com os animais até coisas pessoais. Isso sobrecarrega o animal”, diz. Por conta disso muitos fazendeiros estão dividindo o uso dos cavalos o que está equiparando o desempenho dos animais. A verdade é que, em muitas regiões do País, não existe uma cultura de se possuir um cavalo de serviço. Para ele o grande mercado para o Campolina, hoje, está na região Sudeste, onde existe uma procura por cavalos para uso na no lazer dos finais de semana e também como cavalo de serviço.

O plantel do Rancho dos gaúchos outro importante criatório de seleção do Campolina na Serra do Macacu aposta na tradição do cavalo de sela no Brasil para permanecer ativo no mercado. César Dalsin, um dos irmãos, fala que o que mais chamou atenção da família no Campolina foi a beleza racial que se mostra muito altivo, sem perder a docilidade. O padrão racial segue as orientações da associação que promover inúmeras exposições ranqueadas, onde a seleção é direcionada.

Uma raça com a cara do Brasil

O Cavalo Campolina, tal como se apresenta hoje, se diferencia dos padrões iniciais devido ao trabalho de seleção de criadores pioneiros que, muitas vezes, recorreram mais à intuição que a ciência, para solução de seus problemas ligados ao aprimoramento dos animais. Nisso o papel das associações foi fundamental no sentido de orientara o aperfeiçoamento dos produtos, com o estabelecimento um padrão racial definido.

Cassiano Antônio da Silva Campolina, natural de São Brás do Suaçuí, ex-distrito de Entre Rios de Minas, nasceu em 10 de julho de 1836 foi um desss precursores da raça quando, ainda jovem, revelou gosto pelo cavalo. Certamente influenciado pelas cavalhadas e disputas entre mouros e cristãos, usuais naquela época na cidade de Queluz, SP. Percebeu a existência de um mercado interno para animais de grande porte, em virtude da demanda para as disputas, para a montaria dos dragões da milícia real e para as parelhas de cavalos destinados à tração de trôleis na cidade do Rio de Janeiro.

Em 1870 Antônio Cruz, seu amigo, presenteou-lhe com Medéia égua nacional de bom tipo, cruzada com um cavalo andaluz, presente de D. Pedro II a Mariano Procópio; desta cruza nasceu um potro de boa linhagem, batizado com o nome de MONARCA.Monarca tornou-se garanhão na Fazenda do Tanque e com ele temos o marco inicial na formação da raça hoje denominada Campolina, em homenagem ao seu iniciador.

Após o falecimento, em 1904, do criador Cassiano Campolina, seu trabalho de seleção, que já contava mais de três décadas, poderia ter sido interrompido, não fora o interesse e o entusiasmo pelo Cavalo que conseguira transmitir aos seus amigos. Em testamento, passou para seu particular amigo Joaquim Pacheco de Resende a Fazenda do Tanque e todo seu plantel de eqüídeos. Joaquim Resende deu continuidade às experiências introduzidas por seu pai, conservando as fêmeas de boa linhagem, filhas de P.S.l e usando como garanhões Monarca III e Baiardo da linhagem Monarca, Caruso, Andaluz e Tupi da linhagem Golias todos marchadores. Por volta de 1920, decorridos 50 anos de trabalho, a seleção vinha sendo feita à base de sangue Andaluz, com choques de Anglo Normando, P.S.l e Marchador.

Este reprodutor imprimiu a nova pelagem a 50% do plantel. Tudo que foi feito até aqui levou 70 anos. A raça Campolina vinha sendo formada graças ao interesse dos criadores cada um orientando conforme suas preferências e interpretações. Tornava-se necessário disciplinar e definir um padrão para que todos os criadores convergissem os esforços para o objetivo comum – a raça Campolina.

O consórcio a essa altura, já não satisfazia a necessidade dos criadores, o que os levou em 1951, a fundar a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina, com sede em Belo Horizonte. Esta Associação reformulou os padrões estabelecidos pelo Consórcio, o que foi bem aceito por todos; e consideramos ser esta uma etapa muito importante na formação da raça Campolina. A Associação ainda manteve o registro aberto para machos e fêmeas. Em 1954 faleceu Joaquim Resende, depois de 43 anos de permanente trabalho para a formação do Campolina.

Com o decorrer dos anos cresceu o interesse pela criação do Campolina e com ele o mercado, a nossa Associação conta com a inscrição de centenas de criadores de Minas Gerais, e de outros Estados da Federação e com expressivo número de animais registrados. Mas, nem sempre o produto aproveitado transmitia seus caracteres e tinha que ser eliminado.

O cavalo Campolina é submetido a um padrão por associação oficial idônea, e o registro para machos, a partir de 31.12.66 passou a ser feito em livro fechado. Hoje a raça Campolina está muito evoluída, a sua padronização é marcante, visível aos olhos de todos, que observam nas pistas de exposição os animais apresentados. O mercado é sempre maior, criadores com tradição não conseguem produção bastante para atender a procura.

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