Agricultura

Seca: para superar a falta de chuva…

Começa em maio e se estende até outubro. A temperatura e a luminosidade caem. As chuvas saem de cena. O pasto que sobra fica amarelado e a sobra que fica perde o valor nutricional. O teor de fibra sobe e, com ele, a preocupação dos pecuaristas. Enquanto a produção de forragem diminui, aumenta a luta contra a seca.

O clima tropical não perdoa e a seca torna-se o gargalo da pecuária de corte. A falta de pasto e a má preparação de alguns pecuaristas em relação a esta época prejudicam a taxa de natalidade e interferem no ganho de peso e, conseqüentemente, na idade do abate dos animais.

Segundo o zootecnista da Tortuga, empresa especializada em nutrição e saúde animal, SP, Marcos Sampaio Baruselli, o manejo correto de pasto é uma atividade importante para suportar a seca. “Para se manejar um pasto corretamente o produtor precisa estar atento a taxa de lotação, pressão de pastejo e capacidade de suporte das pastagens”, explica. O excesso de animais em relação à pastagem disponível causa a escassez de capim e expõe o solo à erosão.

Para o coordenador nacional de Pecuária de Corte da Tortuga, Juliano Sabella, a produção de forragem gira em torno de 80% no período das águas e é preciso ter algumas cartas na manga para enfrentar os meses críticos do ano. “Para se ter e conservar a forragem na seca é necessário estabelecer estratégias como sistema de pastejo diferido, silagem ou feno”, diz. O pastejo diferido, nada mais é, do que um pasto específico utilizado no período de seca. Ele é vedado com o excesso de produção de forragem da época de “vacas gordas”. A produção de silagem ou feno é um outro método eficaz que contribui para o melhoramento da qualidade de vida dos animais.

A silagem pode substituir o pasto nos períodos críticos. Na engorda em confinamento, este alimento volumoso geralmente é misturado a grãos e farelos como o milho ou o sorgo. Para ensilar, é preciso que o teor de umidade de tais grãos gire em torno de 35% de matéria seca. O material muito seco além de não ser tão nutritivo, é mais difícil de ser compactado na fase de ensilagem. Para facilitar a compactação é recomendável que o tamanho do capim seco seja de no máximo 3 cm.

Eu ensilo, tu fenas

A ensilagem é um processo que requer alguns cuidados. O silo deve ser carregado em 2 a 3 dias para que não haja grande perda de matéria seca devido ao excesso de ventilação. Tanto os trabalhadores do campo como os tratores auxiliam a compactar a silagem. A compactação torna-se necessária, pois elimina o ar e diminui a porosidade da forrageira. A vedação é o próximo passo a ser dado a fim de proteger o silo e oferecer maior qualidade à silagem.

A coloração deve ser clara e, a textura, consistente. O sabor precisa estar atrelado a um odor que aguce a fome dos animais. A rançosidade deve ser mínima e, a aceitabilidade animal, máxima. Uma boa silagem requer tais características.

O feno também pode ser utilizado como forragem para o gado. A alfafa e a soja perene são algumas das leguminosas que podem ser facilmente “fenadas”. A melhor época para se produzir o feno é de outubro a março devido ao alto teor nutritivo das forrageiras. O corte, a desidratação e o armazenamento solto ou enfardado são as etapas do processo de fenação. A coloração verde, os caules macios e não tão grossos e a ausência de mofo evitam que o feno seja de má qualidade.

Outra fonte alternativa de fácil manejo e alta produção é a cana de açúcar. Se antes ela precisava ser colhida, picada e servida na hora, agora o processo é outro. Com o uso de inoculantes há a possibilidade de ensilagem deste material. A cana de açúcar é um alimento complementar que auxilia a dieta dos bovinos, entretanto, é pobre em proteína. Portanto, normalmente, junta-se outros ingredientes como o milho em forma de fubá para aumentar o valor nutricional da ração.

Gasolina bovina

Um cocho com bons alimentos e um sistema de confinamento adequado auxiliam a engorda do rebanho em períodos em que o pasto está carente de nutrientes. De acordo com Sabella, tanto a silagem quanto o feno, a cana de açúcar e o milho não possuem todas as proteínas necessárias aos animais. “No cocho, é preciso oferecer aos animais uma suplementação mineral durante a época das águas. Já em tempo de seca, deve-se pegar o suplemento mineral e adicionar proteína”, conta. Surge, então, a suplementação protéica ou complementar que consiste em preencher os requisitos básicos para se conseguir sucesso na fase de engorda. Para Marcos Baruselli, a inserção de proteínas e minerais na dieta dos animais aumenta o consumo dos pastos. “Desta forma, o boi consegue mais peso durante o período da seca”, conclui. Baruselli ainda faz um alerta em relação às condições para a suplementação protéica. “Ela só deve ser ministrada quando as pastagens estiverem deficientes”, afirma.

A suplementação alimentar é composta de farelos de soja, uréia, sulfato de amônio, mistura mineral e sal comum. Todavia, ela apenas mantém o peso dos animais sendo necessário um outro tipo de complementação. A mistura de grãos de milho ou sorgo, por exemplo, garante a energia, enquanto, os farelos de soja ou algodão funcionam como geradores de proteína. Tais procedimentos previnem o aparecimento do “gado-sanfona” que emagrece na seca e engorda no início do novo ciclo.

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