No Estado de Goiás, na região sudoeste, em áreas de girassol após a colheita da safrinha 2001 a 2005, a incidência da doença no capítulo e na haste foi alta (15 a 90%), nas chapadas dos cerrados com altitude superior a 800 m e com climas frios.
Devido à condição de fungo polífago, durante à safras 2002/03 e 2003/04 o número de campos de soja com esta doença aumento mas a perda de produtividade não foi considerável. Nas safras 2004/05 e 2005/06, as condições para mofo branco no sudoeste Goiano foram ideais observando-se muitos campos de soja afetados e com perdas de rendimento de grão até 20%.
Os incrementos da incidência e severidade do fungo são motivo de preocupação por produzir corpos reprodutivos de resistência que podem contaminar facilmente áreas não infectadas, porque as estruturas sobrevivem no solo por muitos anos e não se possui material genético resistente a esta doença.
Hospedeiros
o fungo tem como hospedeiras plantas de mais de 75 famílias, 278 gêneros e 408 espécies dentro das quais incluem alfafa, feijões, trevos, ervilha, batata, fumo, hortelã, soja, girassol, tomate, canola; Milho e sorgo não são plantas hospedeiras. Canola, girassóis e tomates são plantas altamente suscetíveis.
Algumas ervas daninhas se reportam como hospedeiros : dente-de-leão, hortelã, funcho de cachorro, alface espinhoso, margarida, entre outras.
Na soja, os sintomas ocorrem geralmente no terço médio das plantas, atingindo haste principal, pecíolos, folhas e vagens; caracteriza-se pela presença de lesões encharcadas nos órgãos afetados, de coloração parda e consistência mole, com micélio branco de aspecto cotonoso, cobrindo porções dos tecidos. Normalmente as lesões ocorrem a uns 10 a 20 cm sob a superfície do solo e progridem para cima e para baixo no caule desenvolvendo os signos do patogeno durante tempo úmido e em época chuvosa; a maioria das infecções ocorrem em inicio da floração ou depois da polinização das flores, uma vez o caule e os galhos são invadidos pelo fungo a planta murcha e morrem.
O fungo sobrevive no solo principalmente como scleródio ou como micélio em resíduos de plantas infectadas, os sclerodios podem sobreviver até 11 anos e são altamente resistentes a substâncias químicas, calor seco até 600C e congelamento.
Durante o tempo chuvoso e fresco, os scleródios germinam baixo a superfície do solo por médio de minúsculos cogumelos e na presença de um hospedeiro suscetível pode produzir micélio que penetra diretamente nos tecidos da base da planta ou formar apotécios, que emergem na superfície do solo liberando os ascósporos. Em condições de alta umidade relativa, acima de 70%, e temperatura ao redor de 20ºC, os apotécios liberam ascósporos durante várias semanas, que são responsáveis pela infecção da parte aérea das plantas. O fungo invade os tecidos e provoca o seu apodrecimento.
O micélio desenvolve-se sobre um substrato formado por tecidos mortos ou senescentes. A temperatura ótima para o desenvolvimento do micélio situa-se entre 18ºC e 25ºC. Assim, cabe salientar que a ocorrência de epidemias de mofo branco na cultura da soja se deu em virtude do favorecimento climática que ocorreu durante a safra, ou seja, excesso de precipitação aliado a temperaturas amenas (abaixo de 20ºC) e altitude por cima de 800 metros. A liberação de esporos e a infecção da planta acontece mais cedo, quando as linhas de semeaduras fecham rápido devido a espaçamento estreito entre linhas e temperaturas baixas e tempo úmido.
Manejo da doença
O controle da podridão branca é dificultado devido à permanência de escleródios viáveis por um longo tempo no solo, aliado ao fato de que os ascosporos que produzem a infecção aérea podem ser provenientes de escleródios existentes a longas distâncias, à falta de controle químico eficaz e à alta suscetibilidade dos hospedeiros cultivados. Assim, o controle mais efetivo baseia-se num programa integrado de medidas, que incluem diversas práticas culturais e administrativas.
Uma medida administrativa para evitar que sclerodios de campos infectados contaminem campos novos, é a não utilização de maquinaria como colheitadeiras, plantadeiras e tratores que usadas em áreas contaminadas por mopho branco seja soja, girasois ou outros hospedeiros suscetíveis ao menos que se realize a limpeza destes equipamentos.
Outra recomendação para prevenir a infecção do fungo em campo, é a utilização de sementes de soja livres de scleródios e só se obtêm, mediante o uso de sementes certificadas, de procedência conhecida e certificado fitossanitário de origem.
É fundamental para evitar a introdução do patógeno na área, o tratamento de sementes de soja com fungicidas do grupo dos benzimidazóis associados a produtos de contato deve ser adotado como medida de segurança para reduzir a possibilidade de transmissão do fungo por meio de micélio dormente.
A rotação de culturas é fundamental para o manejo da doença. Em áreas onde ocorreram epidemias recentes, deve-se evitar o cultivo em sucessão com soja, girassol, canola, ervilha, feijão, alfafa, fumo, tomate e batata, entre outras culturas, devido à suscetibilidade a S. sclerotiorum, retornando com esses hospedeiros na mesma área somente após, pelo menos, quatro anos. A intercalação com culturas resistentes a esse fungo, como as gramíneas (milho, aveia branca ou trigo), serve para dar tempo para a degradação natural dos escleródios por meio de seus inimigos naturais.
Não existem cultivares com imunidade para mopho branco e nenhuma fonte foi identificada para resistência; porém, dentro das cultivares existem diferencias na reação delas a suscetibilidade para a doença. Evite semear cultivares altamente suscetíveis em campos que foram afetados pela doença.
Distâncias estreitas entre sulcos em campos infectados por mopho branco, permitem em cultivares de soja com folhas largas e de crescimento rápido, um fechamento cedo de linhas e abundante biomassa provocando ambiente ideal para o desenvolvimento do fungo. É conveniente escolher menores densidades de semeadura e espaçamentos maiores, de modo a permitir uma adequada aeração das plantas e diminuir as chances de contato de plantas doentes com plantas adjacentes.
Espaçamentos maiores a 58 cm entre fileiras podem diminuir até um 50% a incidência do fungo comparado com espaçamentos menores a 50 cm; para tomar esta decisão há que conhecer o arquétipo da cultivar, ciclo a maturação, tipo de ramificação e crescimento do caule entre outras características.
Deve-se evitar adubações excesivas de nitrogênio, o que pode tornar os tecidos mais suscetíveis ao fungo. Os sclerodios e resíduos de micélio contaminados podem ser colocados baixos a superfície do solo mediante aradas profundas que não permitam contacto nenhum com o hospedeiro suscetível e não tenham as condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento; recomenda-se plantio de gramíneas depois desta prática para que os sclerodios que ficaram ainda na superfície germinem sem presencia de plantas suscetíveis.
Ervas daninhas
No Sudoeste de Goiás e em outras áreas onde a incidência e severidade da doença foram detectadas tanto em soja como em outras culturas, se faz necessário um inventário de ervas daninhas suscetíveis para instituir medidas de controle adequadas. Algumas espécies de ervas daninhas podem mostrar uma pequena severidade permitindo ao fungo persistência até encontrar de novo uma cultura suscetível.
Economicamente, é inviável o controle químico total desta doença, embora a aplicação do fungicida pentachloronitrobenzene (PCNB) pode reduzir a germinação dos sclerodios.
O tratamento de sementes com fungicidas é feito para controlar as infecções no momento da germinação, más o fungicida não terá efeito sob o sclerodio transmitido pela semente.
Os fungicidas aplicados na parte foliares da planta têm ajudado dentro das medidas de controle de mofo branco quando são aplicados em estado desenvolvimento da soja R1 para R2 más esta prática tera que ser avaliada desde o ponto vista retorno ao investimento.