Agricultura

Trigo: plantar trigo irrigado no cerrado é boa opção, mas requer planejamento

Inicialmente, o produtor deve consultar os moinhos da sua região para definir que cultivar de trigo plantar. A escolha da cultivar deve ser baseada, principalmente, nas suas características, como o potencial de produção e a qualidade industrial dos grãos.

Segundo Albrecht, este ano, não há previsão de aumentos significativos nos preços para comercialização. A estagnação dos preços força os produtores a conduzir as lavouras de maneira racional para obter maior produtividade com os menores custos de produção.

“Os moinhos da região do Cerrado dão preferência a trigos classificados como melhoradores, apropriados para a panificação, como as cultivares Embrapa 22 e Embrapa 42”, salienta Albrecht. A cultivar BRS 207, um trigo classificado como brando, também é aceita pelos moinhos, mas para produção de biscoitos e macarrão. “É altamente produtiva, possui maior resistência ao acamamento, mas possui preço menor no mercado”. Segundo o pesquisador, enquanto as melhores produtividades das demais cultivares são em torno de 6,0 toneladas por hectare, a BRS 207 chega a alcançar aproximadamente 7,2 toneladas por hectare.

As novas cultivares de trigo BRS 254 e BRS 264, desenvolvidas pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Trigo, também devem conquistar uma boa aceitação no mercado. As novas cultivares de trigo, além do alto potencial de produtividade, possuem boa qualidade industrial para panificação, característica preferida pelos moinhos na hora da compra. “Em 2006 as sementes das novas cultivares entrarão em oferta pública, e em 2007, teremos uma disponibilidade maior de sementes”, lembra Albrecht.

A BRS 254 é semelhante a Embrapa 22. Tem boa produtividade, possui alta força de glúten e alta estabilidade, duas características exigidas pela indústria moageira que produz farinha para panificação. A BRS 264, a outra cultivar lançada pela Embrapa, é um material com alto potencial de produtividade, podendo chegar a 7,0 toneladas por hectare, e precocidade. “O ciclo total, da emergência à maturação final, é sete dias menor que as demais cultivares recomendadas”, comenta.

A área plantada com trigo irrigado no Cerrado deve ser mantida, em 2006, em torno de 50 mil hectares, apesar da competitividade alcançada pelo trigo importado. O pesquisador lembra que a valorização do Real contribui para que o trigo importado, principalmente o argentino, alcance preços competitivos no mercado nacional. “90% do trigo importado vem da Argentina”. A estimativa é de que os produtores comercializem a próxima safra por um valor entre R$400 e R$430 a tonelada.

Sobre o melhor período de plantio, entre 20 de abril e 30 de maio, o pesquisador alerta os produtores para não antecipar ou retardar o cultivo do trigo. O plantio dentro do período indicado permite a colheita do trigo ainda no período da seca. “A ocorrência de chuvas no período de maturação final do trigo prejudica a qualidade industrial dos grãos”.

O plantio antes de 20 de abril também não é indicado. Plantar muito cedo favorece a ocorrência de doenças do trigo como a Brusone. A doença provoca grandes perdas aos produtores, podendo chegar a 40% da produção, “mas ao plantar no período indicado, a possibilidade da doença ocorrer é menor”, destaca.

Para garantir bons resultados na produção de trigo, o pesquisador sugere que os produtores consultem a publicação “Informações técnicas para o cultivo de trigo na região do Brasil Central”, disponível na Embrapa Cerrados ou no site da Embrapa Trigo.

No Sul, controle da água garante a qualidade do produto

O Norte do Paraná é a região do sul do Brasil com mais condições de produzir um trigo com garantia de qualidade para a indústria. No entanto, muitos agricultores ainda pecam no manejo da cultura e não conseguem combinar o potencial genético das cultivares com o ambiente produtivo, o que pode resultar em perda da qualidade industrial do trigo. E trigo sem qualidade, é trigo sem mercado.

Para orientar técnicos e produtores sobre os aspectos técnicos da cultura do trigo, visando a qualidade final do cereal, o pesquisador Dionísio Brunetta, da Embrapa Soja, apresenta aos produtores dicas para o manejo correto do trigo, detalhando aspectos que vão desde a escolha da cultivar até à secagem e o armazenamento do cereal.

Uma das dicas que mais deve contribuir para o sucesso dos agricultores é quanto a administração da água disponível para a cultura durante a safra. “Geralmente, há escassez de umidade durante a semeadura e excesso no período da colheita. Mas é possível contornar esse fato semeando o trigo no início de abril, quando há mais água disponível, do que o trigo semeado em maio. Lavouras semeadas em maio, principalmente se forem com cultivares de ciclo médio-longo, atingem a maturação somente em meados de setembro, época com alta probabilidade de ocorrência de chuvas prolongadas”, explica o pesquisador.

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