Os números mostram, também, que grande parte dessas perdas ocorre logo nos primeiros meses da vida dos animais, época em que eles ainda estão formando seu sistema imunológico.
Vários especialistas alertam que os cuidados sanitários devem começar com as vacas, ainda prenhes, separando-as, pelo menos, no último mês de gestação, em um pasto maternidade de fácil acesso, boa qualidade de pasto e água e carga-animal adequada. Os cuidados também devem se estender às vacas que abortarem, buscando-se sempre determinar as causas.
Após o nascimento, o cuidado com o bezerro deve ser sistemático para eliminar por completo os riscos de contaminação. De acordo com os técnicos do CNPGC, Embrapa Gado de Corte, de Campo Grande, MS, para isso, é preciso que os bezerros recebam anticorpos maternos, através do colostro, logo nas primeiras horas de vida (no máximo até 6 horas). Normalmente, a natureza providência esse manejo. No entanto, nos casos em que a vaca não produz o colostro ou que, por algum motivo, o bezerro não receba este leite da mãe, é indispensável que seja utilizado o colostro de outra vaca recém-parida.
O colostro, além de fornecer anticorpos, é rico em proteínas, minerais, enzimas e vitaminas e, ligeiramente laxativo, antitóxico e energético. Para a pesquisadora Márcia Cristina de Sena Oliveira, do CPPSE, Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos, SP, o efeito imunológico do colostro é devido ao seu alto valor nutricional que age no sistema de defesa do organismo combatendo agentes infecciosos de natureza variada. Segundo ela, nos bovinos, não há transferência de anticorpos da vaca para o bezerro durante a gestação. Por isso, a necessidade do colostro para evitar as doenças perinatais.
As endoparasitoses é uma síndrome causada por vermes que se localizam no aparelho gastrointestinal e pulmonar dos bovinos. A primeira via de contaminação pode ser a própria placenta da mãe, ainda durante o desenvolvimento fetal. Neste caso, os Ascarídios, conhecidos como lombriga, são os responsáveis pela formação de verdadeiros novelos de vermes obstruindo a passagem do intestino.
Além desses, outros vermes podem ser contraídos através do colostro se não forem tomados os devidos cuidados. Agora, o momento crítico para os bezerros é quando eles entram em contato com o pasto e é a partir daí que deve começar o controle das verminoses. De acordo com pesquisadora do CPPSE, não existe uma fórmula acabada para combater as verminoses. No entanto, um estudo epidemiológico na propriedade ajuda bastante a combater as altas infestações.
Segunda a pesquisadora do CPPSE, para que o criador não tenha maiores perdas por causa dos parasitas que atuam no intestino dos bovinos nesta fase, a melhor maneira é adequar ao seu manejo, o hábito da vermifugação de maneira prática e econômica. Essa primeira aplicação deve ser feita até o 10° dia de nascido. “É necessário verificar se nesse período há evidência de bicheira, berne e carrapato, antes de iniciada a medicação. É que, ocorrendo estes problemas deve-se aplicar uma dosagem de endectocida. Daí em diante, adota-se a aplicação de vermífugo a cada 50 dias até aos 8 meses de idade, podendo ser por via oral ou injetável, de amplo espectro”.